Banco Montepio conclui reestruturação de pessoal com 650 saídas em três anos

ECO - Parceiro CNN Portugal , Alberto Teixeira
16 out 2023, 15:51
Montepio (Horacio Villalobos/ Getty)

Banco liderado por Pedro Leitão colocou um ponto final ao programa de ajustamento de quadros que iniciou há três anos e no âmbito do qual saíram 650 trabalhadores. Mais de 90 balcões foram encerrados

Há três anos, o ECO noticiou em primeira mão que o Banco Montepio estava a preparar um plano de ajustamento de pessoal de larga escala, prevendo a saída de centenas de trabalhadores. Três anos depois, este processo terminou e as contas (ainda provisórias, mas praticamente fechadas) são estas: saíram 645 trabalhadores no âmbito do plano, dos quais 332 através de rescisões por mútuo acordo, 311 através de reformas antecipadas e dois por suspensão de prestação de trabalho.

Sobre estes números, que foram transmitidos pela administração e pelo departamento de recursos humanos numa reunião com a comissão de trabalhadores que teve lugar no final do mês passado, o banco não quis se pronunciar quando foi contactado esta semana pelo ECO.

Ainda assim, o número de saídas superou a meta mínima que estava prevista – o programa apontava para 600 e 900 saídas –, o que permitiu uma redução da massa salarial dentro das expectativas da comissão executiva liderada por Pedro Leitão, segundo a informação que a administradora Helena Soares de Moura transmitiu à comissão de trabalhadores durante esse encontro.

As contas do banco confirmam uma redução expressiva nos custos com o pessoal da banca comercial de retalho, que foi a área mais afetada pela redução dos quadros, neste período. Até junho deste ano, os encargos com os trabalhadores da área comercial de retalho ascenderam a cerca de 29 milhões de euros, de acordo com o relatório e contas do primeiro semestre, praticamente metade do que o banco gastou com a mesma rubrica nos primeiros seis meses de 2020 (56,7 milhões).

O Banco Montepio chegou ao final de junho com 3.119 trabalhadores, menos 843 trabalhadores do que em junho de 2020, o que representa uma redução de mais de 20% dos quadros no espaço de três anos. Isto significa que houve mais pessoal a sair fora do âmbito do programa de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas.

Segundo adiantou a comissão de trabalhadores liderada por João Figueiredo ao ECO, a comissão executiva não prevê que um plano tão abrangente se repita no futuro, mas “deixou claro que analisará situações pontuais para trabalhadores que pretendam sair por rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas”.

No mesmo período, a rede comercial foi reduzida em 92 agências, com o banco a explorar atualmente uma rede de 243 balcões.

Uma das queixas que a comissão de trabalhadores apresentou à administradora na reunião de setembro teve a ver com o facto de um número significativo de balcões estar atualmente a funcionar com um quadro de trabalhadores reduzido, devido ao programa de saídas que terminou agora. Da administradora obteve a garantia de que estaria para breve a regularização do quadro dos balcões com problemas.

Pedro Leitão, CEO do Banco Montepio.

Apesar de o ajustamento do quadro de pessoal do banco ter terminado, a reestruturação da instituição financeira da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) continua sob a batuta do CEO Pedro Leitão. O banco continua à procura da rota dos lucros sustentáveis. Até junho registou prejuízos de cerca de 50 milhões de euros, quando o resto do setor está a apresentar lucros expressivos à boleia da alta das taxas de juro. A venda do Finibanco Angola pressionou os resultados – sem essa operação, o lucro do Banco Montepio teria sido de 60 milhões.

A alienação da instituição angolana faz parte da estratégia de simplificação da estrutura do banco que também acabou de fechar a venda da licença bancária do BEM à fintech Rauva por 35 milhões de euros, enquanto prossegue a limpeza do balanço com a venda de carteiras de malparado, como deu conta o ECO há duas semanas.

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