Filho de Aung San Suu Kyi alerta para deterioração de saúde da líder deposta

Agência Lusa , AM
20 set 2023, 08:45
Aung San Suu Kyi

Kim Aris disse imaginar que as condições em que a mãe está detida "estão longe de ser ideais" e recordou que as condições nas prisões birmanesas são "horríveis"

O filho da líder birmanesa deposta, Aung San Suu Kyi, detida desde o golpe de Estado de 2021, alertou esta quarta-feira para a deterioração do estado de saúde da mãe, que sofre episódios de tonturas e vómitos.

"Tanto quanto sei, a minha mãe não consegue comer devido a uma doença das gengivas e talvez também devido a problemas com os dentes do siso. Também tem sofrido episódios de vómitos e tonturas e, a certa altura, não conseguia andar", disse Kim Aris em inglês à agência de notícias de Myanmar (antiga Birmânia) Khit Thit.

Nas últimas semanas, surgiram preocupações sobre o estado de saúde de Suu Kyi, de 78 anos, que está a cumprir uma pena de 27 anos de prisão imposta num processo judicial opaco, na sequência do golpe militar de 2021.

Kim Aris disse à BBC, há duas semanas, que a mãe precisava de tratamento médico para problemas de gengivas e que este estava a ser negado pela junta militar no poder.

A viver no Reino Unido, o jovem disse imaginar que as condições em que a mãe está detida "estão longe de ser ideais" e recordou que as condições nas prisões birmanesas são "horríveis".

"O que está a acontecer em Myanmar é horrível, há demasiados detidos a morrer na prisão", afirmou.

A este respeito, Aris denunciou o regime de isolamento a que Suu Kyi está sujeita, ao contrário do que acontecia durante as anteriores prisões domiciliárias, em que podia receber visitas e tinha acesso ao médico pessoal.

"Agora, ninguém pode comunicar com ela. Não lhe é permitido misturar-se com outros presos", lamentou.

Em julho, fontes próximas Suu Kyi disseram que a junta planeava transferir a antiga líder da prisão para detenção domiciliária, mas não se sabe onde se encontra agora.

Suu Kyi, que chegou ao poder em 2016, foi detida no mesmo dia em que os militares, liderados pelo general Min Aung Hlaing, tomaram o poder num golpe de Estado a 01 de fevereiro de 2021. Desde então, foi vista uma única vez durante uma audiência em tribunal.

Nos dois anos seguintes, enfrentou uma série de acusações pelas quais foi condenada a 33 anos de prisão num processo judicial envolto em secretismo, embora a sentença tenha sido reduzida para 27 anos no mês passado.

O golpe de Estado mergulhou Myanmar numa profunda crise política, social e económica e abriu uma espiral de violência que exacerbou a guerra de guerrilha que o país vive há décadas, com novos grupos armados formados após a revolta.

De acordo com os últimos dados da Associação para a Assistência aos Presos Políticos (AAPP), uma organização não-governamental local, 19.238 presos políticos continuam detidos e 4.092 pessoas morreram às mãos das forças armadas desde a revolta.

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