Em entrevista à CNN Portugal, o antigo membro da direção de Rui Rio deixa críticas violentas à atual direção de Luís Montenegro. E garante que não vai para o Chega
“Sei do descontentamento brutal.” António Maló de Abreu anunciou a saída do PSD e diz que pode não ser o único a deixar o partido liderado por Luís Montenegro.
O antigo vice-presidente da direção de Rui Rio foi bastante crítico da atual liderança social-democrata, mas deixou claro que não tem em vista nenhum objetivo concreto, nem mesmo uma filiação no Chega, depois de ter sido noticiado que podia integrar as listas do partido de André Ventura para as eleições legislativas de 10 de março.
O deputado, que vai cumprir o resto da legislatura como não inscrito, afirmou à CNN Portugal que a sua resposta é “um não rotundo” caso venha a ser convidado pelo Chega.
“A minha posição neste momento é de absoluto não em relação a convites”, afirmou, lembrando mais de 40 anos de militância e a ocupação de vários cargos públicos.
Recorde-se que menos de um dia depois do anúncio de Maló de Abreu, André Ventura afirmou que as listas do Chega para as eleições legislativas vão incluir “atuais e antigos” deputados do PSD. O líder do Chega recusou referir-se a Maló de Abreu em concreto, mas deixou esse recado aos sociais-democratas.
Maló de Abreu confessa que se trata de uma “decisão dolorosa”, mas que até pode vir a significar o fim do percurso político. “Já tenho idade para ter juízo”, brincou, garantindo que não vai marcar presença na convenção do Chega.
“Eu tinha um dever para comigo próprio, para com a minha consciência, e esse dever obrigou-me a tomar duas posições radicais: abandonar o partido porque não concordo em absoluto com a estratégia atual do partido, estou em desacordo absoluto com os dirigentes atuais do partido. São pessoas estimáveis, admito que sim, mas estou em divergência absoluta. Não me revejo neste PSD, em absoluto", reiterou, dizendo que o partido "virou à direita" na saúde.
Questionado sobre as áreas em que menos se revê no partido, Maló de Abreu lembra que é presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, dizendo que as propostas do PSD para a saúde, nomeadamente a não garantia de um Serviço Nacional de Saúde (SNS) bem gerido, não lhe agradam.
"O PSD tem propostas que são, do meu ponto de vista, propostas que abandonam o Estado Social, abandonam o SNS e põem no mesmo patamar a saúde privada, social e o SNS", vincou, brincando com a possibilidade de ser convidado por Pedro Nuno Santos.
Já sobre a formação da Aliança Democrática, que volta a juntar PSD, CDS e PPM, Maló de Abreu entende que esta coligação não passa de uma "máscara" criada pelos partidos. O agora deputado não inscrito vai mesmo mais longe, dizendo que há "falta de direção política, liderança e clarividência".
"O partido neste momento não tem credibilidade junto da sociedade portuguesa", concluiu.