"Seguramente 1,5%". Costa garante défice abaixo do previsto em 2022

Agência Lusa , AG
14 dez 2022, 23:02

Chefe do Governo aponta ainda a um crescimento superior ao esperado

O primeiro-ministro revelou que o crescimento económico será no mínimo de 6,7% em 2022, um aumento relativamente às previsões do Governo, que apontavam para 6,5%, e o défice “não ultrapassará seguramente 1,5%, em contraponto com os 1,9% previstos.

Em entrevista à revista Visão que vai para as bancas na quinta-feira, conduzida pelos jornalistas Filipe Luís e Mafalda Anjos, António Costa defendeu o seu balanço económico desde que tomou posse como primeiro-ministro, em 2015, recordando que, nos quatro anos anteriores à sua governação, foram sempre necessários orçamentos retificativos.

Em contraponto, Costa salientou que, desde que é chefe do executivo, só houve um único “orçamento suplementar, para dar resposta à emergência da pandemia” da covid-19 e frisou que, quando as previsões do Governo não se cumpriram, foi porque os resultados “foram sempre para melhor”.

“Neste ano, previmos um crescimento de 6,5% e ele será, pelo menos, de 6,7%. Previmos um défice de 1,9%, mas ele não ultrapassará seguramente 1,5%”, exemplificou.

O primeiro-ministro considerou que, por ter “falta de ideias alternativas” e não se “conseguir confrontar com os resultados”, a oposição “encontra outros argumentos falando de ‘casos’” e repetindo “'ad nauseam' coisas que não têm relevância para ninguém”.

Abordando os casos que têm envolvido membros do Governo, Costa disse que não perde “um segundo” com as polémicas e defendeu que, se “andasse a fazer política para os comentadores” e para a “bolha político-mediática” não teria ganho as eleições.

O chefe do executivo considerou que o caso da revogação de um despacho do ministro Pedro Nuno Santos sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa foi “o único verdadeiramente grave”.

“Felizmente, foi resolvido em 24 horas e ultrapassado”, assinalou.

Nesta entrevista, Costa deixou ainda críticas ao atual líder do PSD, considerando que a tentativa de um referendo sobre a eutanásia foi um “número político que o dr. Montenegro inventou para tentar resolver uma dificuldade interna da direita portuguesa”.

“Não faz nenhum sentido. É um bom exemplo do estado da oposição: não é capaz de apresentar uma alternativa ao Governo, quando discutimos o Orçamento, não é capaz de atacar pelos resultados alcançados na economia ou nas diferentes áreas e, portanto, agarra-se a números políticos”, criticou.

Costa acusou a “direita democrática” de, “em vez de fazer uma barreira clara” ao Chega, se “deixar contaminar” e de ser um “aliado objetivo” do partido liderado por André Ventura, por oposição ao PS, que estabeleceu "um cordão sanitário”.

“O que explica a mudança da liderança da IL? É o facto de Cotrim de Figueiredo não se conseguir adaptar a este novo estilo histriónico que a IL quer ter, de guinchar um bocadinho mais alto do que o Chega. Fica é ridículo. Porque os ‘queques’, quando tentam guinchar, ficam ridículos perante o vozeirão popular que o Ventura consegue fazer”, disse.

Numa questão relacionada com a taxa de execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Costa deixou também críticas ao atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, afirmando que, no caso de projetos no âmbito do PRR, há várias etapas a cumprir entre a projeção e a execução de uma obra.

“Só o engenheiro Carlos Moedas é que quer convencer os portugueses de que em menos de um ano consegue fazer o projeto do plano de drenagem de Lisboa…”, ironizou.

Interrogado se pretende candidatar-se à Presidência da República, António Costa recusou perentoriamente, sublinhando que “cada um tem a vocação que tem, e quem gosta de ser primeiro-ministro e tem vocação para isso dificilmente se adaptará a uma função que é muito distinta”.

“Esse assunto, esqueçam! Nunca, jamais, em tempo algum. E não é jamais, é mesmo nunca!”, afirmou.

Interrogado se estaria interessado num cargo executivo nas instituições europeias, o primeiro-ministro defendeu que já tem esse cargo “por inerência”, enquanto chefe de Governo de um Estado-membro da União Europeia, o que lhe dá um assento no Conselho Europeu.

“Tenho um mandato, aqui, até outubro de 2026. (…) Neste momento, tenho uma grande missão, que me ocupa bastante e me deixa totalmente realizado. Na minha vida, nunca andei a pensar no que ia fazer a seguir”, afirmou.

Questionado se uma saída em 2024 está “totalmente excluída”, Costa respondeu: “Nenhum médico me disse que tinha de sair em 2024, e, como sou otimista, espero de estar de ótima saúde, nessa altura, para continuar”.

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