Um dos maiores aeroportos da Europa lutou pelos seus cidadãos e ganhou. E vai mesmo receber menos voos

7 jul 2023, 17:14
Aeroporto de Schiphol (Peter Dejong/AP)

Decisão visa tornar a cidade mais "calma, limpa e melhor"

O aeroporto de Amesterdão vai receber muito menos voos já a partir do final deste ano, ameaçando a chegada de turistas à cidade dos Países Baixos. Tudo porque o governo neerlandês ganhou um recurso em tribunal, onde deu entrada um processo para diminuir os voos para o aeroporto de Schiphol.

De acordo com o recurso, que foi conhecido esta sexta-feira, a indústria da aviação perdeu na segunda instância, com os juízes a decidirem a favor da causa do governo, que tenta diminuir o tráfego aéreo por causa do impacto ambiental.

Trata-se de uma decisão que vai contra um processo movido pelas companhias aéreas KLM, easyJet, Tui e Delta, levando a uma redução de 8% no tráfego aéreo para aquele aeroporto, um dos mais movimentados da Europa, e que serve como hub de ligação entre várias rotas, incluindo intercontinentais. Com esta medida vai passar a receber 460 mil voos por ano.

Com esta decisão o governo neerlandês espera ver um impacto na comunidade local, nomeadamente na poluição sonora, mas também nas emissões de dióxido de nitrogénio, que são geradas pelos motores de avião. Uma situação para a qual o executivo foi alertado após o retomar das ligações aéreas no pós-pandemia, com a população a ter dificuldade em voltar ao ritmo normal depois de vários meses com uma redução drástica dos voos.

Para cumprir a medida, o aeroporto de Schiphol, cuja maioria da participação é do Estado, está disposto a sacrificar lucros para se tornar “mais calmo, limpo e melhor”. A aplicação da medida deverá passar pela redução de voos noturnos e dos jatos privados, bem como a reversão da construção de uma nova pista.

O principal aeroporto de Amesterdão é considerado o terceiro maior da União Europeia, tendo servido 53 milhões de passageiros em 2022, com ligação a 313 destinos.

O ministro das Infraestruturas dos Países Baixos afirmou que a decisão representa “um importante passo em alcançar um equilíbrio entre a importância económica de um aeroporto internacional e os interesses dos residentes e do ambiente”.

Já a KLM confessou-se “desapontada” pela decisão, assinalando que ainda não é claro quando é que a medida vai entrar mesmo em vigor. A companhia aérea garantiu ainda que podia atingir a redução de emissões e de poluição sonora através de um ajuste nas operações, mas a decisão está tomada.

Por saber está agora qual o impacto desta decisão noutros aeroportos europeus. O governo francês já impôs uma proibição parcial nos voos domésticos, mas espera-se que possam vir aí mais medidas.

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