Há cada vez mais acidentes e mortos nas estradas portuguesas

Agência Lusa , IS
28 set 2023, 15:07
Estrada

Segundo a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), os maiores aumentos do número de mortos ocorreram nas estradas regionais

Os acidentes de viação aumentaram 9% e o número de mortos 11,5% no primeiro semestre do ano face ao mesmo período de 2022, tendo-se registado 16.419 desastres e 233 vítimas mortais, indicou esta quinta-feira a Segurança Rodoviária.

A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), que divulgou esta quinta-feira o relatório de sinistralidade a 24 horas e fiscalização rodoviária do primeiro semestre de 2023, diz que, entre janeiro e junho, registaram-se 16.419 acidentes com vítimas, dos quais resultaram 233 mortos, 1.120 feridos graves e 19.092 feridos ligeiros.

O relatório mostra que se verificaram aumentos em todos os principais indicadores em relação ao mesmo período de 2022, registando-se mais 1.358 acidentes (+9), mais 24 vítimas mortais (11,5%), mais 53 feridos graves (+5%) e mais 1.533 feridos ligeiros (+8,7%).

A ANSR precisa que o agravamento da sinistralidade em número de os acidentes e feridos ligeiros foi mais expressivo em janeiro (+19,4% e +22,3%, respetivamente), mas o maior aumento nas vítimas mortais e nos feridos graves deu-se em abril (+76,7% e +28,2%, respetivamente).

No documento, a ANSR faz uma comparação com o ano 2019, uma vez que é o ano de referência para monitorização das metas fixadas pela Comissão Europeia e por Portugal de redução do número de mortos e de feridos graves até 2030, tendo ocorrido menos 246 acidentes (-1,5%) e menos 994 feridos ligeiros (-4,9%), mas registaram-se mais sete mortos (+3,1%) e mais 72 feridos graves (+6,9).

Nos primeiros seis meses do ano, o número de vítimas mortais foi semelhante dentro (116) e fora das localidades (117), mas a maioria dos acidentes verificou-se dentro das localidades, num total de 13.035.

Segundo o relatório, os acidentes dentro das localidades aumentaram 9,5% até junho em relação ao mesmo período de 2022 e as vítimas mortais 27,4%.

Pelo contrário, fora das localidades os acidentes diminuíram 7% e o número de mortos registou uma ligeira descida de 0,8%.

Quanto ao tipo de via, 64% dos acidentes ocorreram em arruamentos, correspondendo a 36,5% das vítimas mortais, mais 30% face ao mesmo período de 2022.

Segundo a ANSR, os maiores aumentos do número de mortos ocorreram nas estradas regionais (+593%) e nos arruamentos (+19,0%), em contraste com menos 23,8% nos itinerários complementares e menos 18,8% nas autoestradas.

Em relação à categoria de veículo interveniente nos acidentes, os automóveis ligeiros corresponderam a 70,9% do total, verificando-se um aumento de 7,9% relativamente ao primeiro semestre de 2022, mas as maiores subidas foram em desastres envolvendo motociclos (mais 19,2% face a 2022) e nos velocípedes (+12,8% face a 2022), bem como no número de mortos.

O relatório avança também que, nos primeiros seis meses do ano, verificou-se um aumento no número de acidentes em 15 dos 18 distritos, com maior expressão em Bragança (+25%), Castelo Branco (+20,9%) e Beja (+20,4%).

No que diz respeito ao número de vítimas mortais, os aumentos ocorreram em 10 distritos, com os maiores aumentos absolutos nos distritos de Porto e Setúbal (+17 e +7, respetivamente).

A ANSR indica ainda que, entre janeiro e junho, considerando a distribuição do número de vítimas mortais pela rede rodoviária e respetivas entidades gestoras, verificou-se que 42% das vítimas mortais correspondeu à Infraestruturas de Portugal, 3,9% à Brisa e 3% à Ascendi.

De acordo com o documento, 50,1% das vítimas mortais decorreram de acidentes nas vias da rede rodoviária nacional e 49,8% às vias sob gestão municipal.

 

Doze pessoas foram atropeladas por dia no primeiro semestre do ano

Doze atropelamentos ocorreram por dia em média no primeiro semestre do ano, dos quais resultaram 32 mortos, mais cinco do que no mesmo período de 2022, indicou hoje a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).

O relatório de sinistralidade a 24 horas (quando as vítimas morrem no local do acidente ou a caminho do hospital) e a fiscalização rodoviária referente ao primeiro semestre do ano refere que se registaram 2.190 atropelamentos, mais 9,9% do que em igual período do ano passado, quando ocorreram 1.992.

“Em comparação com igual período de 2022, verifica-se uma subida de 9,9% nos acidentes por atropelamento, que resultou num crescimento de 18,5% nas respetivas vítimas mortais. Deste modo, o índice de gravidade aumentou de 1,36 em 2022 para 1,46 em 2023”, precisa o documento.

Segundo a ANSR, os feridos graves em consequência dos atropelamentos também aumentaram, passando de 132 no primeiro semestre de 2022 para 160 no mesmo período deste ano (mais 21,2%), o mesmo se passou com os feridos ligeiros, que totalizaram 2.179, mais 182 do que em igual período de 2022 (+9,1%).

Apesar do aumento dos atropelamentos, as colisões representaram, entre janeiro e junho, 53,1% do total de acidentes, 36,9% das vítimas mortais e 45,7% dos feridos graves.

A ANSR indica igualmente que os despistes, apesar de terem correspondido a apenas 33,5% do total de acidentes, concentraram a maior proporção de vítimas mortais (49,4% do total).

“Os acidentes por colisões e despistes aumentaram em relação a 2022 (+9,3% e +8,2%, respetivamente), bem como as vítimas mortais correspondentes (+8,9% e +11,7%). Assim, o índice de gravidade manteve-se nas colisões, com 0,99, e aumentou nos despistes de 2,03 em 2022 para 2,09 em 2023. Globalmente, este indicador aumentou 2,3%”, lê-se no documento.

A ANSR frisa ainda que as vítimas mortais entre janeiro e junho de 2023, comparativamente a igual período de 2022, aumentaram nos peões (+13,8%), de 29 em 2022 para 33 em iguais meses de 2023, e nos condutores (+24,3%), passando de 136 para 169, enquanto os passageiros vítimas mortais diminuíram 29,5%.

Em relação ao número de feridos graves, também se registaram subidas nos peões (+15,3%) e condutores (+10,7%), e, inversamente, redução nos passageiros (-22,7%).

De acordo com a ANSR, 158 peões sofreram ferimentos ligeiros, mais 21 do que em 2022, enquanto os feridos graves condutores totalizaram 169, mais 33.

A Segurança Rodoviária concluiu que 72,5% do total de vítimas mortais até junho deste ano eram condutores, tendo ainda correspondido 14,2% a peões e 13,3% a passageiros.

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