"Não vai alterar o nosso nível de vida". Super-ricos querem pagar mais impostos "num investimento para o nosso futuro democrático comum"

17 jan, 16:14
Davos (AP)

Carta "Proud to Pay More" lembra ainda que "é preciso agir agora"

Mais de 250 multimilionários querem pagar mais impostos e que a elite política reunida no Fórum Económico Mundial em Davos introduza impostos sobre a riqueza para ajudar a pagar melhores serviços públicos um pouco por todo o mundo. A proposta faz parte da carta "Proud to Pay More", que é assinada por vários super-ricos de 17 países.

"O nosso pedido é simples: pedimos-vos que nos tributem a nós, os mais ricos da sociedade. Isto não vai alterar fundamentalmente o nosso nível de vida, nem privar os nossos filhos, nem prejudicar o crescimento económico das nossas nações. Mas transformará a riqueza privada extrema e pouco produtiva num investimento para o nosso futuro democrático comum", lê-se na missiva que os super-ricos querem tentar entregar em Davos.

Assinada por nomes como Abigail Disney, herdeira da Disney, Brian Cox, que deu vida ao bilionário Logan Roy em Succession, o ator e argumentista Simon Pegg, e Valerie Rockefeller, herdeira da fortuna da famosa família norte-americana, a carta lembra ainda que "é preciso agir agora".

"Somos as pessoas que mais beneficiam do status quo. Mas a desigualdade atingiu um ponto de rutura e o seu custo para a nossa estabilidade económica, social e ecológica é grave - e aumenta todos os dias. Em suma, precisamos de agir agora".

De acordo com o The Guardian, uma sondagem feita pela Survation em nome do grupo Patriotic Millionaires, revela que 74% dos inquiridos apoiam o aumento dos impostos sobre a riqueza para ajudar a resolver a crise do custo de vida e a melhorar os serviços públicos. 

O Trades Union Congress diz mesmo que um imposto sobre o património de 1,7% sobre as 140 mil pessoas do Reino Unido - onde as 250 famílias mais ricas têm um património combinado de 748 mil milhões de libras - podia render dez mil milhões de libras para ajudar a pagar os serviços públicos.

Segundo um relatório da Oxfam apresentado em Davos, a fortuna dos cinco homens mais ricos do mundo multiplicou desde 2020 enquanto quase cinco milhões de pessoas ficou mais pobre desde o início da década. A riqueza conjunta dos cinco homens mais ricos passou de 405 mil milhões de dólares para 869 mil milhões, o que representa um aumento de 14 milhões por hora. 

"Estamos a viver numa segunda "Era Dourada". Os bilionários estão a usar a sua riqueza extrema para acumular poder e influência política, minando simultaneamente a democracia e a economia global. Já é mais do que tempo de atuar. Se os nossos representantes eleitos se recusarem a lidar com esta concentração de dinheiro e poder, as consequências serão terríveis", afirmou Brian Cox.

Seguindo os cálculos da Oxfam, seriam precisos 229 anos para erradicar a pobreza a nível global.

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