Desigualdade, corrupção, criminalidade e segurança: Portugal acha que está "pior" do que antes do 25 de Abril

19 abr, 12:05
Desfile do 25 de abril (Lusa/José Sena Goulão)

O estudo "Os portugueses e o 25 de Abril" analisa a opinião dos portugueses nos últimos 20 anos.

Metade dos portugueses considera que a situação está “na mesma” ou “pior” do que antes da revolução de 1974 no que concerne às desigualdades sociais e entre regiões, e dois terços acha que a corrupção, a criminalidade e a segurança pioraram. Os dados são de uma sondagem divulgada esta quinta-feira à comunicação social, que analisa a opinião dos inquiridos nos últimos 20 anos.

O estudo "Os portugueses e o 25 de Abril" foi realizado por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-Universidade de Lisboa) e do Iscte-Instituto Universitário de Lisboa, coordenada por Pedro Magalhães, em parceria com a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, o Expresso e a SIC.

Segundo os resultados, a maioria diz que o cenário atual é “melhor” do que aquele que se verificava há mais de 50 anos nas áreas da assistência médica (74%), nível de vida em geral (71%), educação (71%), segurança social (68%), situação económica (62%), proteção do ambiente (60%) e convivência social e civismo (57%).

A figura altera-se, contudo, no campo das desigualdades sociais e desigualdades entre regiões, em que 50% dos inquiridos assinala que a situação está “na mesma” ou “pior” e 66% dizem que estamos “pior” no que diz respeito à corrupção e a criminalidade/segurança.

O relatório indica ainda que, desde 2004, a justiça, as desigualdades sociais, as desigualdades regionais, o desemprego, a corrupção e a criminalidade e segurança são as áreas onde menos melhorias foram verificadas, comparando com o que se passava antes do 25 de Abril.

As análises foram conduzidas em momentos de diferentes condições sociais e económicas, pelo que é possível detetar algumas oscilações: houve uma subida entre 2014 e 2024 em quase todos os campos, mas na habitação o valor aumentou 13% entre 2004 e 2014, ao passo que em 2024 diminuiu 30%.

Funcionamento da democracia

Em relação à forma como os portugueses veem a democracia portuguesa, 50% dos inquiridos dizem estar “razoavelmente” satisfeitos, manifestando um aumento significativo face aos 10 anos anteriores, mas apenas 7% dizem estar “muito” satisfeitos. Aqueles que não se consideram “nada” satisfeitos (10%) são substancialmente menos comparativamente a 2014 e 2004.

Verifica-se também no documento que há uma tendência decrescente nos mais velhos e crescente nos que completam o ensino superior e entre os que beneficiam de um rendimento mais confortável. No aspeto ideológico os que se situam à direita ou ao centro manifestam menor satisfação do que os que se posicionam à esquerda. O mesmo acontece com simpatizantes do Chega, que se mostram menos satisfeitos, comparativamente ao PS ou PSD.

E será Portugal uma democracia? 94% dos inquiridos dizem que sim, mas apenas 8% a consideram uma democracia “plena”. Pouco menos de metade (42%) vê “pequenos defeitos”, ainda que o número seja bastante mais elevado atualmente. Os inquiridos que verificam “muitos defeitos” (44%) são ligeiramente menos em 2024.  

Quando comparado aos restantes países europeus, a maioria dos portugueses (67%) considera o país “tão democrático” quanto os seus vizinhos, resultado que tem vindo a aumentar desde há 20 anos. Entre 2004 e 2024 houve uma descida de 12% no que concerne aos inquiridos que acham Portugal “menos democrático” do que a restante Europa.

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