É “tempo de luta” contra “medidazinhas” que não combatem o empobrecimento: UGT e CGTP levam milhares às ruas

Agência Lusa , DCT, atualizado às 18:00
1 mai 2023, 16:52

Os representantes das duas centrais sindicais apelam a melhorias salariais e ao combate ao empobrecimento dos trabalhadores. A CGTP exige ainda um aumento imediato de 10% nos salários com mínimo de 100 euros

O secretário-geral da UGT afirmou esta segunda-feira que o tempo é de mobilização e de luta e garantiu que acionará a cláusula de salvaguarda do Acordo de Rendimentos caso exista um agravamento da situação económica. Já a secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), Isabel Camarinha, disse que "não é com medidazinhas" que Portugal “vai sair do empobrecimento", no início da tradicional manifestação que assinala o 1.º de Maio.

“Se assistirmos a um agravamento da situação económica e social do país, não teremos hesitações e acionaremos a cláusula de salvaguarda [do Acordo de Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade], para que situações passadas não se voltem a repetir, nomeadamente as que fragilizam a situação já precária dos trabalhadores e das suas famílias”, disse Mário Mourão, que falava nas comemorações do 1.º de Maio, Dia do Trabalhador, que a intersindical organizou nos jardins da Torre de Belém, em Lisboa.

O secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT), Mário Mourão, ladeado pela presidente da UGT, Lucinda Dâmaso, intervém durante as comemorações do Dia do Trabalhador nos Jardins da Torre de Belém (LUSA/António Pedro Santos)

Mário Mourão afirmou que o trabalho neste domínio “não está concluído, há ainda muito a fazer”. “Não aceitaremos que este Acordo se fique pelo papel e que não seja acompanhado por políticas que lhe deem forma e consistência”, disse.

A secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), defende que "para desenvolvermos o país, não podemos continuar neste caminho do empobrecimento, não é com medidazinhas, é com aumento de salários e pensões, com taxação dos lucros, com controlo dos preços, é preciso uma alteração da distribuição da pobreza, e o Governo tem de perceber que não pode continuar o caminho do empobrecimento e o subdesenvolvimento", disse Isabel Camarinha, no início da marcha que leva os manifestantes desde o Martim Moniz até à Alameda, em Lisboa.

Milhares de pessoas percorriam esta tarde a avenida Almirante Reis envergando cartazes e adereços críticos da política do Governo e a favor de melhores condições para os trabalhadores, mas também havia quem optasse por ficar na sombra para fugir ao calor que se faz sentir em Lisboa, e anime os presentes com a música da 'Internacional Socialista' tocada em flauta.

A secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha e o coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, durante a manifestação no âmbito das comemorações do Dia do Trabalhador, desde o Martim Moniz até à Alameda (LUSA/Miguel A. Lopes)

Entre as figuras mais pitorescas estava também um manifestante vestido à 'Zé Povinho', ou ainda outros dois, que seguiam no início do desfile, atrás da banda, vestidos à patrão, com um fato e muitas notas em tamanho gigante a representar o "grande capital", com a inscrição das marcas de supermercados nos chapéus.

"Os trabalhadores estão a viver condições cada vez mais difíceis e precisamos de nos organizar, de nos unir e de lutar para exigir respostas e uma solução para os problemas que estamos a atravessar", vincou a representante dos trabalhadores durante a manifestação em que se liam cartazes como "Salário mínimo 850 euros" ou "O Custo de vida aumenta, o povo não aguenta".

A secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) defendeu um aumento imediato de 10% nos salários, com um mínimo de 100 euros e retroativos a janeiro, salientando que esta medida é a questão central.

"O salário nacional afasta-se cada vez mais da média salarial da União Europeia, defendemos um aumento imediato de 10%, no mínimo de 100 euros, com efeitos a janeiro, e aumentos intercalares no imediato para todos os que não tiverem aumento ou caso este tenha ficado aquém das necessidades", disse Isabel Camarinha, no discurso que fez hoje nas comemorações do 1º de Maio, na Alameda, em Lisboa.

Para Isabel Camarinha, os bons indicadores macroeconómicos e laborais que o Governo apresenta não são sentidos pelos trabalhadores.

"Não se pode dizer que a economia está a crescer se os salários não aumentam, se os trabalhadores e reformados estão a empobrecer; os resultados podem ser muito bons, mas não há medidas concretas para resolver os problemas das pessoas", criticou a sindicalista, que ainda esta tarde fará o discurso de encerramento da manifestação na Alameda.

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