Harry e Meghan: "Foi assustador assistir ao meu irmão a gritar comigo, o meu pai a dizer mentiras e a minha avó ali sentada sem dizer nada e a processar tudo"

15 dez 2022, 12:32
Harry e Meghan (Netflix)

Revelação é feita nos novos episódios sobre o casal que estão em streaming na Netflix. Harry garante que a mulher nunca pediu para sair da realeza e que a decisão de o fazer foi tomada depois de correspondência privada ter chegado à comunicação social

"Foi assustador assistir ao meu irmão a gritar comigo, o meu pai a dizer mentiras e a minha avó ali sentada sem dizer nada e a processar tudo." A frase, dita por Harry, revela os bastidores da reunião da família real depois do anúncio de que os duques de Sussex se iriam afastar dos deveres reais. Depois de ter sido informado de que a rainha (afinal) não o podia receber para uma reunião, o príncipe encontrou-se com o irmão - o príncipe William -, o pai - o então príncipe mas agora rei Carlos - e a avó - a rainha Isabel II - para chegarem a um acordo sobre o afastamento de Harry e Meghan da família real. 

Uma saída que, segundo o duque de Sussex, foi precipitada não por Meghan, como a imprensa britânica alega, mas pela própria família real, ou "instituição", como lhe chama Harry, que acusa de entregar aos media os emails trocados entre Harry e o pai em que os duques revelavam que se queriam mudar para o Canadá e viver uma vida longe da Royal Rota e deixar os holofotes da imprensa britânica.

Sem conseguirem chegar a um plano conjunto, a reunião - que não contou com Meghan (Harry diz mesmo que "era claro que eles não queriam que ela estivesse") - acabou com Harry e William "de costas voltadas" e com um comunicado conjunto com o qual do duque não concordou. "A pior parte foi a divisão que isto criou entre mim e o meu irmão ao ponto de ele estar do lado da instituição. E eu percebo, em parte", afirma, acrescentando ainda que ninguém lhe "pediu autorização para meter o nome no comunicado conjunto".

A narrativa é comum aos três novos episódios libertados esta quinta-feira pela Netflix, nos quais a dupla explica como a sua permanência no Reino Unido e na família real se tornou impossível pela constante perseguição dos meios de comunicação britânicos, que nem durante uma viagem ao Canadá parou e que chegou a levar Meghan Markle a ponderar o suicídio. 

Harry diz mesmo que havia ciúmes de outros membros seniores da família real em relação à mulher, muito por causa da quantidade de capas e manchetes que esta fazia na imprensa, voltando a compará-la com a princesa Diana e com o que a mãe sentiu e passou no seio da "instituição". 

O casamento e o ponto de viragem na Austrália

O primeiro episódio do segundo volume da série começa onde acabou o terceiro episódio da semana passada - o casamento real. Meghan recorda o dia em que se casou no castelo e o casal tece vários elogios ao pai do duque, que, dizem, ajudou em vários aspetos da cerimónia, como na escolha do Kingdom Coir, o coro de gospel que cantou na Capela de São Jorge em Windsor, a 19 de maio de 2018.

Meghan diz que, depois de se ter chateado com o próprio pai, o "sogro era muito importante" para ela. "Por isso pedi-lhe para ele me levar ao altar e ele aceitou. Aquilo tudo foi surreal. O H e eu conseguimos bem encontrar-nos um ao outro no meio do caos."

Os duques de Sussex no dia do casamento [Netflix]

E, mais uma vez, todas as memórias são ilustradas com imagens nunca antes vistas: o casal a cortar o bolo dos noivos com uma espada, uma foto de Kate Middleton na receção, Harry emocionado a fazer um brinde, a mãe de Meghan a dançar depois de correr para a frente dos convidados para ver Elton John a atuar na receção, um beijo dos recém-casados na varanda de St. George Hall e até Idris Elba a atuar como DJ. 

Tudo parecia correr perfeitamente. O amor parecia mesmo ter vencido. E, nos meses que se seguiram, o casal sentiu que vivia num conto de fadas. 

Depois da lua de mel, Meghan Markle acompanhou a rainha Isabel II a Cheshire, naquele que foi o seu primeiro ato oficial ao lado da monarca. Questionada sobre como correu a viagem, a duquesa revela que a tratou "como a avó do marido".

"Eu reconheço-a e respeito-a e vejo que é a rainha, mas, neste momento, estou tão grata por ter uma avó comigo", recordou Meghan.

A popularidade da mulher do Harry continuava a aumentar. O seu envolvimento com as vítimas do incêndio da Grenfell Tower, que deu origem ao livro de culinária solidário Together, adensou essa popularidade, mas foi a tour pela Austrália - onde o casal confirmou a gravidez de Archie - que gerou o ponto de viragem. 

"Fico maravilhado com o que conseguimos fazer", lembra Harry. "Ainda para mais eu estava grávida", acrescenta Meghan enquanto no ecrã surge uma ecografia.

Harry e Meghan na Austrália

O casal fez a sua primeira viagem oficial durante duas semanas e protagonizou várias capas de jornais ao longo da visita. Abigail Spencer, amiga e colega de Meghan Markle na série Suits, recorda a tour como "incrível" e diz não compreender a viragem. Lucy Fraser, amiga de infância, acrescenta mesmo que "a Austrália foi um ponto de viragem porque eles foram muito populares e o palácio sentiu-se muito ameaçado com isso".

É após o regresso a Londres e de um evento com toda a família real que, num pequeno-almoço em Buckingham, Meghan percebe do impacto que a sua entrada na família real tem na imprensa britânica: a sua imagem está em todas as capas dos jornais, mesmo a rainha tendo estado presente no evento.

"A Meghan disse 'mas eu não tenho culpa'. E eu 'eu sei e a minha mãe achava o mesmo'", lembra Harry, antes de um novo excerto de uma entrevista da princesa Diana à BBC - que o príncipe William pediu que nunca mais fosse exibida - voltar a aparecer no documentário. 

O duque diz mesmo que, a partir desse momento, a "instituição" começou a destruir Meghan e que "uma coisa são as mentiras" mas o efeito que estas ações estavam a ter na mulher eram de "dor e sofrimento". 

Meghan, que estava grávida do primeiro filho, confessa então que chegou a pensar em suicídio. "Eu pensei: 'Isto acaba tudo se eu deixar de estar aqui'." Esse pensamento foi partilhado com o marido mas também com a mãe, Doria, que revela que a filha lhe disse que pensou em 'acabar com a própria vida'. "E isso destroçou-me. Eu não podia protegê-la. O H não podia protegê-la. Ela...", diz Doria enquanto se emociona.

"O facto de termos chegado àquele ponto... Senti-me zangado e frustrado e não lidei com aquilo muito bem. Lidei com aquilo como o Harry da instituição e não como marido. O que me dominou foi o meu papel como membro da família real. Fui educado para me preocupar mais com o que as pessoas achariam se não fosse a um certo evento. E, olhando para trás agora, odeio-me por isso. Ela precisava de muito mais de mim do que aquilo que consegui dar. O meu pai disse-me 'bolas, rapaz, não podes atacar os média, eles não vão mudar'. E eu disse 'discordo'. Prefiro ser destruído pela imprensa do que alinhar neste jogo e nesta prática de trocas. Ver o gabinete do meu irmão copiar as mesmas coisas que prometemos que nunca faríamos foi devastador", recorda Harry.

"Eles só queriam ser livres"

No trailer da Netflix, Harry surge a dizer que estão no "voo da liberdade". Sabe-se agora que esse voo não saiu do Reino Unido mas sim do Canadá, no início da pandemia, depois de os duques de Sussex terem abandonado os seus deveres reais e verem a segurança ser retirada. Harry lembra que tudo aconteceu "uma semana antes da covid". 

Sem plano, sem segurança, Harry e Meghan recorreram a uma pessoa que não conheciam pessoalmente mas que não hesitou em ajudá-los: Tyler Perry. O ator colocou à disposição do casal a sua casa em Los Angeles e os duques mudaram-se de imediato para lá.

"Estivemos aqui durante seis semanas e ninguém sabia. A minha família ainda pensava que eu estava no Canadá", revela o príncipe Harry, contando como nas primeiras semanas o casal e Archie andava livre pela propriedade, até que o Daily Mail divulgou onde estavam.

Duques de Sussex com os filhos (Netflix)

O Daily Mail é, aliás, um dos grandes visados no último episódio do documentário. Os duques de Sussex travaram uma longa batalha com o jornal - Harry chega mesmo a dizer que foi o "processo com o The Mail que causou o aborto" que Meghan sofreu em 2020 - por publicar uma carta que a duquesa enviou ao pai Thomas Markle depois de este não comparecer ao casamento.

O casal, que agora vive na Califórnia, confessa que a batalha que travou para viver longe do escrutínio e invasão da imprensa britânica foi "uma batalha que valeu a pena travar". Até porque os filhos "não têm de se preocupar" com o que eles "se preocupam".

No entanto, há saudades da "instituição" que perduram, como confessa Harry no fim do documentário, que termina com Meghan Markle a ler o texto do discurso que fez no dia do casamento com o príncipe.

"Sim, tenho saudades das reuniões de família esquisitas, quando estávamos todos juntos em certas alturas do ano. Tenho saudades disso. Quando estava na instituição, estava no Reino Unido. Por isso, tenho saudades do Reino Unido e dos meus amigos e perdi... Também perdi alguns amigos neste processo."

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