H&M e Zara acusadas de desflorestação e corrupção no Brasil

Agência Lusa , JM
11 abr, 15:04
A desflorestação da floresta amazónica diminuiu 22,3% nos últimos 12 meses até julho (Mauro Pimentel/AFP/Getty Images)

A ONG Earthside acusa as marcas de roupa de estarem relacionadas com a desflorestação ilegal, usurpação de terras e corrupção em plantações de algodão no Brasil

A Organização Não-Governamental (ONG) Earthside acusou esta quinta-feira a H&M e Zara de estarem "ligadas" à desflorestação ilegal em grande escala no Brasil, usurpação de terras, corrupção e violência em plantações de algodão das suas entidades subcontratadas.

Recorrendo a imagens de satélite, decisões judiciais, registos de exportação de produtos e investigações secretas, a ONG britânica compilou e analisou os dados que publicou num relatório divulgado esta quinta-feira e intitulado "Crimes da moda: gigantes europeus da moda ligados ao algodão sujo no Brasil".

A Earthside diz ter analisado 816.000 toneladas de algodão de duas das maiores empresas agroindustriais do Brasil – a SLC Agrícola e o Grupo Horita - no estado da Bahia, no oeste do país.

As famílias brasileiras proprietárias destas explorações têm "um pesado historial de processos judiciais, condenações por corrupção e multas de milhões de dólares por desflorestação ilegal", afirmou a ONG.

Além disso, estas famílias operam numa parte da região do Cerrado, uma savana conhecida pela rica flora e fauna.

Estas toneladas de algodão foram depois parar a oito fábricas têxteis na Ásia, onde se abastecem a espanhola Zara e a sueca H&M.

Todo este algodão foi certificado como "sustentável" pela organização sem fins lucrativos Better Cotton (BC), segundo a Earthside. "Para garantir que o algodão é de origem ética, as duas empresas confiam no algodão fornecido por agricultores certificados pela Better Cotton, o sistema de certificação de algodão sustentável mais conhecido do mundo", mas que tem "profundas deficiências", lamentou a Earthside.

A marca Better Cotton disse à Earthside que "contratou um auditor independente para efetuar visitas de verificação reforçadas" na sequência do relatório daquela ONG.

"Levamos muito a sério as acusações contra a Better Cotton, que proíbe estritamente práticas como a usurpação de terras e a desflorestação nas suas especificações", declarou a Inditex (empresa-mãe da Zara) à agência de notícias France-Presse (AFP). A Inditex já pediu os resultados da investigação independente "o mais rapidamente possível".

"As conclusões do relatório da Earthsight são muito preocupantes e levamo-as muito a sério", afirmou, por seu lado, a H&M em declarações à AFP. O grupo sublinhou que foi "um dos primeiros a mudar para algodão 100% orgânico, reciclado ou de origem sustentável" e que estava a "seguir as conclusões da investigação" em diálogo "estreito" com a Better Cotton.

Em meados de março, os Estados-membros do Conselho Europeu aprovaram legislação que cria um "dever de diligência", que impõe às empresas da União Europeia a obrigação de proteger o ambiente e os direitos humanos nas suas cadeias de produção globais.

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