A Ucrânia está a lutar "para não termos de ser nós a fazê-lo". Eurodeputados escrevem aos republicanos dos EUA

12 dez 2023, 14:44
Parlamento Europeu, Bruxelas (Thierry Monasse/Getty Images)

The Commission is also set to decide this week to unblock up to €10 billion in cohesion funds for Hungary, two European Commission officials said, stressing that the timing of the announcement has nothing to do with the upcoming European Council.

Regarding the funds frozen under the conditionality mechanism, Hungary has taken some anti-corruption and anti-fraud measures, but it has not yet presented the Commission with solutions to all of the issues. This means that, because of its own rules, the Commission has until December 15 (which is the second day of the European summit) to assess Hungary’s progress.

Informação está a ser avançada em exclusivo pela Reuters na véspera do Conselho Europeu, onde também não parece haver consenso quanto à atribuição de mais dinheiro e armas a Kiev

Mais de 100 legisladores europeus vão enviar, esta terça-feira, uma carta aos membros do Congresso norte-americano a pedir-lhes que desbloqueiem mais fundos para a Ucrânia, na sequência do chumbo republicano ao pacote proposto por Joe Biden, no final da semana passada.

A dois dias do Conselho Europeu, em que as autoridades dos 27 Estados-membros têm de decidir se alocam mais 50 mil milhões de euros em ajuda financeira a Kiev e outros 20 mil milhões em ajuda militar, a carta aberta foi previamente consultada pela Reuters e é assinada por eurodeputados de pelo menos 17 países da UE, incluindo França, Alemanha, Polónia e Irlanda.

A missiva denota as crescentes preocupações europeias sobre a não-continuidade do apoio dos EUA aos ucranianos -- numa altura em que o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, parece empenhado em chumbar a renovação de fundos europeus -- e chega a Washington DC um dia antes de o Presidente da Ucrânia voar até à capital norte-americana, onde vai tentar convencer os legisladores a aprovarem os fundos antes das férias de natal e ano novo.

"Os nossos amigos americanos têm expressado preocupações. Durante anos, os líderes norte-americanos, democratas e republicanos, pediram aos europeus que assumissem mais responsabilidade pela sua própria segurança. Concordamos com este pedido legítimo", lê-se na carta citada pela Reuters.

Iniciativa do eurodeputado francês Benjamin Haddad, do partido de Emmanuel Macron, e de outros como Michael Roth, que lidera a comissão de assuntos externos do Bundestag, e Giulio Tremonti, o seu homólogo italiano, o conteúdo da carta refere que a UE tem contribuído para apoiar a Ucrânia tanto quanto os EUA, no contexto da invasão russa, em fevereiro de 2022.

"A ajuda militar americana é crítica e urgente", destacam os signatários. "Uma vitória de Putin vai fortalecer os nossos inimigos em todo o mundo: eles estão atentos e à espera que fiquemos cansados. Os ucranianos estão a lutar para não termos de ser nós a fazê-lo."

Na semana passada, o presidente norte-americano pediu ao Congresso que aprovasse novos fundos para a Ucrânia até ao final do ano, após a Casa Branca ter alertado que o dinheiro alocado em 2023 está prestes a esgotar-se. A votos na sexta-feira, o pacote foi chumbado pela maioria republicana na Câmara dos Representantes, que exige que o envio de mais dinheiro e armas para Kiev seja acompanhado de mais restrições a migrantes na fronteira EUA-México.

Do lado europeu, também a questão da imigração está na base do diferendo, com Orbán a enviar recentemente uma série de cartas a Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, informando-o de que não vai aprovar o pacote para a Ucrânia nem autorizar que se deem início às negociações de adesão do país ao bloco -- dois dos grandes objetivos da reunião de quinta e sexta-feira.

Neste momento, o Fidesz, partido de Orbán, está a preparar uma "consulta nacional" sobre a UE, migrantes e a questão ucraniana, a 12.ª desta natureza desde que chegou ao poder em 2010. Ao mesmo tempo, a Comissão Europeia estará a preparar-se para desbloquear parte dos fundos de coesão destinados à Hungria.

Em dezembro, o executivo comunitário congelou os 22 mil milhões de euros para forçar Budapeste a garantir a independência do seu sistema judiciário e preservar o respeito pelos direitos humanos e pelo Estado de Direito, em linha com o que a UE representa e defende. Segundo fontes diplomáticas ao Politico, a decisão de descongelar até 10 mil milhões de euros, depois de o Governo Orbán ter implementado algumas das recomendações anti-corrupção e anti-fraude, pode chegar já hoje. As mesmas fontes garantem, contudo, que a decisão nada tem a ver com o Conselho Europeu que se aproxima.

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