«Os jogadores de 100 milhões têm falhado todos, é assustador»

7 set 2023, 18:00
Antero Henrique

Antero Henrique defende a necessidade de tornar o mercado «realista»

Antero Henrique defendeu nesta quinta-feira a necessidade de os responsáveis pelo futebol português se unirem na defesa do seu produto e o tornar mais interessante para o exportar.

«O diálogo é sempre a melhor ferramenta para se chegar a uma conclusão. Claramente, todos achamos que o futebol português tem potencial imenso e talento incomparável. Contudo, tem de haver uma visão estratégica e um caminho no qual todos se alinhem para chegarmos melhor e mais longe. A Liga está num nível altíssimo, se for comparada com campeonatos de igual dimensão em termos populacionais. Nós é que somos muito ambiciosos, estamos a olhar para cima e queremos ser comparados ao top 5», analisou o diretor desportivo da Liga do Qatar, que já passou pela estrutura do FC Porto e do Paris Saint-Germain

Antero Henrique falava na cimeira Thinking Football, como orador único da conferência denominada «Como gerir o crescimento sustentado de uma Liga de futebol? O caso da Qatar Stars League», e sublinhou o talento que se gera em Portugal como a sua principal arma.

«A Liga é vendedora para equilibrar os seus orçamentos, mas produz um talento imenso e reúne cada vez mais condições para o desenvolver. Isso é que faz com que cresça dia após dia. Levantam-se agora questões muito importantes, que começam a ser discutidas e que têm a ver com a centralização dos direitos televisivos e, eventualmente, de outros direitos, tais como os comerciais, no sentido de se encontrar um conjunto de critérios que revertam a favor dos clubes», enquadrou.

Antero Henrique, de 55 anos, enaltece o aparecimento das equipas B, em 2012, como a «ferramenta ideal no momento certo para que o futebol português passasse para um patamar completamente diferente a nível de qualidade ou de volume de exportação».

«O nosso serviço pós-venda é excelente, mas, depois, existem questões complicadas de analisar. Por exemplo, os jogadores de 100 milhões de euros têm falhado quase todos, o que é, de certa forma, uma coisa assustadora. Temos de tornar o nosso mercado global realista», defendeu, vendo Portugal como «um grande exportador de talento competente», nota.

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