Taça: Sintrense-Estoril, 0-5 (crónica)

Ricardo Gouveia , Sintra
22 out 2023, 13:01

Vizinhos separados por doze quilómetros e cinco golos

O Estoril deu um pontapé na crise que vive na Liga com uma goleada de mão cheia ao vizinho Sintrense (5-0) na Taça de Portugal. Dois vizinhos separados por apenas doze quilómetros de distância, mas com os canarinhos, três escalões acima no futebol, a imporem a sua superioridade, com Rodrigo Gomes, inspirado, a desbloquear o marcador diante um adversário que deixou tudo em campo. O resultado final acaba por ser um castigo demasiado pesado para a equipa de Sintra que ainda não tinha perdido esta temporada.

Confira a FICHA DO JOGO

A Taça é uma competição que, tradicionalmente, motiva os mais pequenos, mas, neste caso, dada a proximidade entre os dois emblemas, a motivação e a aplicação é ainda mais intensa. Muitos dos jogadores das duas equipas cruzaram-se na formação, muitos dos adeptos também se conhecem uns aos outros, o que torna o jogo ainda mais vibrante.

O Sintrense entrou com tudo no jogo e chegou a colocar muitas dificuldades ao Estoril que não tinha mãos para travar a ousadia que a equipa do Campeonato de Portugal colocou sobre o relvado. Um jogo totalmente aberto, com parada e resposta, sem que o conjunto comandado por Vasco Seabra conseguisse assumir o controlo que lhe competia. Os canarinhos até entraram bem, com Alejandro Marqués a rematar ao poste logo a abrir o jogo, mas o Sintrense chegava à área de Dani Figueira, de volta à baliza, com uma facilidade desconcertante, com destaque para os passes de David Rebelo do centro do terreno a abrir jogo para o experiente Miguel Rosa e Zé Pedro sobre as alas.

Heriberto teve nova oportunidade, mas atirou a bola para fora do estádio e, na resposta, o Sintrense esteve muito perto de abrir o marcador com uma cabeçada de Diogo David a rasar o poste. Um início de jogo vibrante, com boa parte das bancadas de pé, como se fosse um jogo de ténis, a acompanhar o ataque do Estoril, da esquerda para a direita, para logo a seguir virarem as cabeças, para seguir a resposta rápida do Sintrense.

Foram quase trinta minutos de intensidade máxima, com a relva a saltar, equipamentos sujos e as duas equipas a darem tudo por cada bola. Foi, aliás, assim, que o Estoril chegou ao primeiro golo, aos 35 minutos. Pontapé longo de Dani Silva, Holsgrove ganhou nas alturas de cabeça e Alejandro Marqués arrancou para o interior da área para rematar na passada. Dylan ainda defendeu, mas já não conseguiu suster a recarga, de cabeça, de Rodrigo Gomes.

Um golo que veio serenar o jogo. O Estoril passou a ter mais bola diante de um Sintrense que já dava sinais de algum desgaste face ao esforço despendido desde o primeiro apito. O segundo golo chegou logo a seguir, com muitas facilidades concedidas pela equipa de Sintra. Cruzamento da esquerda, Marqués amorteceu de cabeça junto ao segundo poste e Rodrigo Gomes, outra vez ele, com uma raquete, bisou no jogo. O Estoril dobrava a vantagem antes do intervalo, com dois golos do inspirado Rodrigo que também já tinha marcado dois golos nos jogos dos sub-21. Um castigo que, nesta altura, já era demasiado pesado para o Sintrense, que tinha dado tudo para dividir o jogo.

Sintrense arrisca tudo, Estoril marca mais três

A equipa da casa, com duas peças novas e um novo sistema de jogo, voltou revigorada do intervalo e procurou nova entrada impetuosa. O sintrenses andaram a rondar novamente a baliza de Dani Figueira, mas voltaram a pagar caro a subida descarada das suas linhas. Numa resposta do Estoril, Tiago Araújo desceu pela esquerda e cruzou em arco para o segundo poste onde surgiu Alejandro Marqués, de carrinho, a fazer o terceiro da animada manhã.

Um golo que sentenciou definitivamente este jogo. O treinador do Sintrense ainda tentou reanimar a sua equipa, com novas alterações, mas o Estoril já estava em modo de controlo. O jogo ainda seguiu animado, com a equipa da casa a carregar no acelerador e os canarinhos no travão, mas foram os visitantes que voltaram a marcar, na sequência de um canto, com Bernardo Vital a aproveitar uma bola perdida para marcar pela segunda vez esta época.

Com o Sintrense em visível quebra, o Estoril ainda chegou à mão cheia de golos, na sequência de um penálti, convertido por João Carlos, a punir uma falta de João Felício, que acabou expulso, sobre Koindredi. Reduzido a dez, o Sintrense já não teve forças para ir procurar o golo de honra que bem justificava por tudo o que fez neste jogo.

Para a história, fica um bom espetáculo, certamente revigorante para o Estoril, afundado no último lugar da Liga. O Sintrense, que tinha ultrapassado duas eliminatórias para chegar aqui, terá de voltar à realidade do Campeonato de Portugal onde ainda não perdeu.

Relacionados

Patrocinados