Benfica-Sporting: jejuns, secas e pontos de honra que tornam o dérbi de Taça mais especial

2 abr, 09:00
Sporting-Benfica (MANUEL DE ALMEIDA/LUSA)

Águias não vencem a prova há sete anos, última conquista dos leões foi há cinco e este é um dos períodos mais longos sem nenhum dos rivais festejar no Jamor. O que reforça o peso do primeiro dos dois dérbis da semana

O Benfica não vence a Taça de Portugal vai para sete anos, o Sporting conquistou-a pela última vez há cinco. São secas fora do comum na competição para ambos e a coincidência faz deste também um dos períodos mais longos de sempre sem que nenhum dos maiores rivais de Lisboa festeje no Jamor. O que reforça o peso do primeiro dos dois dérbis da semana, separados por cinco dias. Estará muito em jogo em ambos e o duelo desta terça-feira reserva a primeira grande decisão, a embalar também Sporting e Benfica para sábado, quando jogarem em Alvalade o último confronto direto na corrida ao título, com um ponto a separá-los.

Roger Schmidt e Rúben Amorim têm acentuado a importância da Taça de Portugal e voltaram a fazê-lo na antevisão ao duelo da Luz, onde o Sporting chega com a vantagem de 2-1 trazida da primeira mão.

Benfica: maior jejum durou dez temporadas

«Temos muita motivação para chegar à final», disse Schmidt, que na época passada, na estreia no banco do Benfica, ficou pelos quartos de final, eliminado pelo Sp. Braga. Agora já chegou mais longe, na busca por um objetivo que foge há muito ao Benfica. O clube com melhor palmarés na competição, que soma 26 triunfos no total, não vence no Jamor desde 2017, quando bateu o V. Guimarães na final. Na Luz, Rafa é o único jogador que resta dessa equipa. Depois disso, o Benfica perdeu duas finais, em 2020 com o FC Porto e na época seguinte com o Sp. Braga.

O maior período do Benfica sem vitórias na Taça de Portugal aconteceu entre 2004 e 2014, dez temporadas. Antes disso tinha atravessado duas vezes séries de oito épocas sem conquistar o troféu, primeiro entre 1972 e 1980 e depois entre 1996 e 2004. Nesta altura já vai portanto no quarto mais longo jejum sem triunfos na prova-rainha. Além disso, essa seca prolongada no histórico das águias acentua-se ainda mais se juntarmos a Taça da Liga, que o Benfica não vence desde 2016.

Sporting: a ultrapassagem do FC Porto e Amorim à procura da primeira

O Sporting tem 17 vitórias na Taça de Portugal e foi superado nos últimos anos no palmarés da competição pelo FC Porto, que venceu três das últimas quatro edições e soma atualmente 19 triunfos, sendo que continua na corrida esta época, com a primeira mão da meia-final frente ao V. Guimarães marcada para quarta-feira. A última vitória do Sporting foi em 2019, precisamente frente ao FC Porto, e dessa decisão nos penáltis também só resta no atual plantel um jogador, Sebastián Coates. Desde então, os «leões» não voltaram a estar na final.

Rúben Amorim venceu apenas uma Taça de Portugal e foi como jogador, com a camisola do Benfica. Em 2014, foi titular na vitória do Benfica sobre o Rio Ave. Como treinador, nunca ganhou e ainda procura a primeira presença na final, na quarta época a disputar a competição, sempre no banco do Sporting. Depois de uma eliminação nos oitavos de final frente ao Marítimo, da meia-final perdida frente ao FC Porto com duas derrotas em 2022 e, sobretudo, da despedida logo na terceira eliminatória na época passada com o Varzim, a Taça de Portugal tornou-se uma espécie de ponto de honra, para o treinador e para o clube. «Queremos muito estar na final. Já era um objetivo há algum tempo», disse Amorim ainda nesta segunda-feira.

Quando os dois rivais de Lisboa desaparecem em simultâneo do palmarés

Na história do Sporting há vários períodos de longos jejuns de conquistas da Taça de Portugal, o maior dos quais foi de 13 épocas, entre 1982 e 1995. Já neste século, houve um intervalo de sete temporadas sem vitórias entre 2007 e 2015. O que é raro mesmo é ambos os grandes de Lisboa ficarem períodos longos sem ganhar a Taça.

O maior intervalo sem qualquer vitória de Benfica e Sporting na Taça foi de seis anos, apenas mais um do que aquele que atravessam nesta altura. Aconteceu por três vezes, todas desde a ascensão do FC Porto a partir da década de 80, que mudou o equilíbrio de forças no futebol português. Até 1984, os «dragões» tinham cinco Taças de Portugal em 43 edições da competição. Nas quatro décadas seguintes somaram mais 14.

O FC Porto é naturalmente o principal responsável pelos maiores períodos de ausência simultânea prolongada dos rivais no palmarés da Taça de Portugal, embora eles tenham trazido alguns nomes novos para o palmarés da competição. O primeiro desses períodos até foi particularmente «democrático». Entre duas vitórias do Benfica em 1987 e 1993, houve dois triunfos portistas e mais três vencedores: Belenenses, Estrela da Amadora pela primeira vez e Boavista.

Depois, entre a vitória do Benfica de 1996 – a última frente ao Sporting, tragicamente marcada pelo very light que vitimou um adepto dos leões – e a conquista do Sporting de 2002, o FC Porto venceu três edições, com Boavista e Beira Mar, outro triunfo inédito, a somarem uma vitória cada. Por fim, à vitória do Sporting em 2008 seguiu-se outro período de seca dos rivais, interrompido pelo triunfo de 2014 do Benfica e marcado por mais três conquistas do FC Porto, uma da Académica e outra do V. Guimarães, mais um nome novo para o palmarés da prova.

Desde 2019 e da última vitória do Sporting, o FC Porto festejou mais três vezes no Jamor, uma série só interrompida pelo Sp. Braga em 2021. Agora, chegou o momento de decidir qual dos dois rivais de Lisboa verá desde já prolongada a travessia no deserto na Taça de Portugal e qual vai tentar manter viva a expectativa de voltar a festejar no Jamor.

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