REVISTA DE IMPRENSA. Metade destes profissionais seriam suficientes para resolver o problema dos utentes sem médico de família atribuído
Mais de dois mil médicos de família estão fora do Serviço Nacional de Saúde (SNS), noticia o Público esta segunda-feira. De acordo com a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), apenas metade destes profissionais bastariam para dar resposta ao problema de utentes a descoberto.
Em outubro deste ano, havia 5575 médicos de família com ficheiro de utentes, em contraste com os 8198 especialistas em medicina geral e familiar registados em 2021. Estes números significam, portanto, que um quarto destes especialistas estarão fora do SNS.
Também considerando dados de outubro, constata-se que 1,3 milhões de portugueses não têm médico de família atribuído - com destaque para Lisboa e Vale do Tejo, onde 24% da população inscrita (931 mil pessoas) se encontra nesta situação.
O mesmo jornal destaca que esta é uma situação "paradoxal", em que "temos cada vez menos especialistas em medicina geral e familiar, mas mais portugueses sem médico de família", e estima que o problema se agrave nos próximos dois anos com as "picos de reformas de médicos".
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, admitiu a semana passada a hipótese de criação de unidades de saúde familiar (USF) de modelo C para enfrentar esta carência, mas a proposta não recebeu unanimidade por parte do Parlamento. A dirigente do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, considerou-a uma "possibilidade de privatização" dos centros de saúde, e a secretária do Estado de Promoção da Saúde, Margarida Tavares, assevera que, se concretizada, será "uma possibilidade remota, localizada no tempo e no espaço e ponderada caso a caso".
João Rodrigues, um dos criadores das USF, frisa que esta hipótese deverá ser considerada apenas quando esgotadas todas as outras soluções. A prioridade, defende, é perceber quanto utentes tem cada médico e "pôr a concurso todos os que estão a descoberto".
