Como agir em caso de sismo em Portugal: guia prático (e não se esqueça do 'triângulo' e atenção aos bibelôs)

11 set 2023, 12:39
Sismo em Marraquexe, Marrocos (Getty Images)

Após o sismo de Marrocos, especialistas alertam para a importância da preparação e educação em caso de tremores de terra em Portugal. Um guia para ler e depois partilhar com os seus familiares e amigos

Vinte segundos fizeram mais de 2 mil mortos em Marrocos. Segundo Jorge Miguel Miranda, sismólogo, “é previsível que haja réplicas nas próximas semanas”. Aliás, “seria estranho que não houvesse”. Mas vão ter uma magnitude menor, aponta. “Não acredito que as próximas réplicas tenham magnitude de 4,5 como as duas que já existiram.”

Jorge Miguel Miranda relembra que os eventos sísmicos podem ocorrer a qualquer momento e é fundamental estarmos preparados para enfrentá-los. Se estiver em casa, a primeira coisa a fazer é procurar um local seguro, como debaixo de uma mesa resistente, e aguardar até que a vibração pare, explica Jorge Mendes, comandante dos Bombeiros Voluntários de Cabo Ruivo. É importante relembrar o que ensinamos às crianças - “o triângulo de baixar, esconder e aguardar”, sublinha Jorge Mendes, acrescentando que devemos “manter a calma e não entrar em pânico”. 

“Caso esteja num espaço público, como a rua ou um centro comercial, afaste-se de edifícios e estruturas que possam colapsar”, recomenda Jorge Mendes. “Procure um local amplo e aberto e aguarde até que seja seguro regressar.” 

É fundamental ter mantimentos de emergência à mão. “Água própria, medicamentos essenciais e um rádio para receber informações atualizadas” são os três elementos essenciais, garante Jorge Mendes. Geralmente, é a Antena 1 que vai “emitir alertas e indicações importantes”, explica o comandante. 

Também é importante “repensar os bibelôs que tem em casa”, sublinha Jorge Mendes, recomendando que as estantes que temos em casa estejam fixadas à parede. “No caso de existir um grande sismo, elas caem se não estiverem fixadas”.

As zonas de maior risco em Portugal

As autoridades portuguesas, incluindo os bombeiros e a proteção civil, recebem formação especializada em sismos. “A nível de resgate, as equipas de intervenção portuguesas são das melhores equipas europeias”, afirma Jorge Mendes. Mas ressalva: se ocorrer um sismo de dimensão semelhante ao de Marrocos, “não quer dizer que tenhamos capacidade de resposta em toda a linha”.

Mas a preparação não é apenas responsabilidade das autoridades - é também de cada cidadão. “É essencial que as pessoas sejam mais interativas e procurem aprender sobre como agir em caso de sismo”, acrescenta o comandante. 

Portugal está localizado numa zona sísmica e há a possibilidade de ocorrerem sismos de grande magnitude, como o histórico terramoto de 1755. “As principais zonas em que podem ocorrer são Setúbal, Algarve e Lisboa”, diz Jorge Mendes. Em tais casos, “as vias de acesso a Lisboa podem ficar comprometidas”, o que dificultará a chegada de equipas de socorro”. “Os hospitais mais antigos podem ter problemas - e até mesmo desabar. Já os hospitais mais modernos, como o Hospital de Santa Maria, estão mais bem preparados para resistir a abalos, dado que têm proteção antissísmica”, explica o comandante. 

Quanto a viagens para Marrocos, de momento a segurança depende da qualidade da construção dos lugares que se pretender visitar, informa Jorge Mendes. “Resorts modernos e áreas urbanas, como em Marraquexe ou Casablanca, podem ter algum risco sísmico, mas acaba por ser semelhante a visitar áreas propensas a sismos em Portugal, como os Açores”, considera o comandante. “Os turistas que entram no país devem estar cientes da situação e devem evitar colocar pressão desnecessária às autoridades marroquinas em caso de emergência.”

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