Mulher que se juntou ao Daesh quando tinha 15 anos perde recurso na justiça britânica e permanece apátrida

23 fev, 23:11
Shamima Begum

Shamima Begum juntou-se ao grupo em 2015 e viveu mais de três anos sob o domínio do Daesh, tendo sido casada com um combatente da organização terrorista

Shamima Begum, jovem que ficou conhecida por se ter juntado ao Daesh quando tinha apenas 15 anos, perdeu esta sexta-feira o recurso na justiça para que fosse anulada a decisão da revogação da sua nacionalidade britânica.

A sentença do Tribunal de Recurso do país implica que a jovem, agora com 24 anos, permaneça na Síria. Os três juízes foram unânimes e negaram todos os argumentos da defesa de Begum, mas esta ainda pode recorrer para o Supremo Tribunal do Reino Unido.

"Não vamos parar de lutar até que seja feita justiça e até que ela volte para casa em segurança", disse o seu solicitador Daniel Furner, citado pela BBC News.

Por sua vez, a Baronesa Carr, presidente dos tribunais de Inglaterra e País de Gales, não teve palavras tão simpáticas. "Poder-se-ia argumentar que a decisão no caso da sra. Begum foi dura. Também se pode argumentar que a sra. Begum é a autora do seu próprio infortúnio. Mas não cabe a este tribunal concordar ou discordar de qualquer um destes pontos de vista. A nossa única tarefa é avaliar se a decisão de privação [da nacionalidade] foi ilegal. Concluímos que não foi e o recurso foi rejeitado”, afirmou.

Segundo a CNN Internacional, os advogados de defesa de Begum afirmam que esta foi vítima de tráfico humano e que “não é má pessoa” e que a decisão tomada pelo governo britânico é ilegal pois faz com que Shamima Begum seja apátrida.

Begum, de origem bangladeshiana, viajou para a Síria em 2015 juntamente com duas amigas da escola, Kadiza Sultana e Amira Abase, sendo o paradeiro destas duas últimas desconhecido.

Shamima Begum viveu sob o domínio do ISIS durante mais de três anos, residindo na cidade de Raqqa, a mais importante que o grupo terrorista chegou a dominar. Na Síria, casou-se com um outro membro do grupo de nacionalidade neerlandesa, e que, segundo a BBC, se encontra atualmente detido numa prisão curda.

Begum teve três filhos, mas todos eles acabaram por morrer.

A jovem reapareceu em 2019 no campo de refugiados de al-Hawl, na Síria, e fez múltiplos apelos ao governo britânico para poder regressar ao país para que o parto do seu terceiro filho pudesse ser realizado em solo britânico.

A vida da jovem foi tema de um podcast de 10 episódios da BBC, intitulado “A História de Shamima Begum”. Nas várias aparições que fez nos meios de comunicação social, Begum reconheceu que sabia que se estava a juntar a uma organização terrorista, mas diz-se “envergonhada e arrependida” de ter dado esse passo.

Apesar disso, o governo britânico mantém a sua decisão. Citado pela BBC, o Ministério da Administração Interna do país diz-se “satisfeito” com a decisão do Tribunal de Recurso desta sexta-feira, adiantando que "a prioridade continua a ser a manutenção da segurança e da proteção do Reino Unido".

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