Euro 2024: Liechtenstein-Portugal, 0-2 (crónica)

16 nov 2023, 22:13

Muitas mentes brilhantes, mas sem brilho

O jogo com o Liechtenstein em Vaduz tinha tudo para ser, teoricamente, o mais acessível de Portugal na caminhada imaculada de Portugal para o Euro 2024. Acabou por sê-lo, mas antes disso houve surpresa no micro-país da Europa central.

Porque seria inverosímil que o melhor ataque tivesse tantas dificuldades para quebrar a débil resistência de uma das mais frágeis defesas de toda a fase de apuramento, o que só aconteceu no início da segunda parte.

Quando Cristiano Ronaldo atirou para o 1-0 no fecho do primeiro minuto da segunda parte, para trás tinha ficado uma primeira parte de muita posse de bola (72 por cento), muitos remates (14), mas poucas situações de verdadeiro perigo criadas para além de uma de Rúben Neves ainda nos minutos iniciais e outra de Gonçalo Ramos à meia-hora.

Pouco para um onze tão vocacionado para o ataque e que conseguiu conciliar Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Diogo Jota, João Félix, Cristiano Ronaldo e Gonçalo Ramos.

Ou talvez isso acabe mesmo por justificar o porquê do sub-rendimento: porque, por ter tantos jogadores habituados a pisar os mesmos terrenos, Martínez teve de os deslocar para outras zonas. Diogo Jota, por exemplo, foi ala esquerdo, Rúben Neves central do meio, João Félix esteve muito encostado a uma linha e Bernardo Silva a outra.

Fechada em cima da sua grande-área, a seleção do Liechtenstein resistiu: mais tempo do que em todos os outros jogos deste apuramento, à exceção da visita ao Luxemburgo, quando só quebraram ao minuto 59. Por mérito próprio, mas muito mais por demérito de Portugal, com um futebol pouco fluido e, por vezes, atabalhoado, que o relvado em más condições nunca pode justificar em pleno.

No regresso dos balneários, Cristiano Ronaldo atirou ao ferro e segundos depois inaugurou mesmo o marcador num raro momento em que os papéis do jogo de inverteram: o Liechtenstein a pressionar alto a saída de Portugal e a equipa das quinas a marcar numa transição rápida desenhada por Félix e Jota, que lançou o capitão para o 1-0 e 10.º golo da conta pessoal na fase de apuramento.

O 2-0 chegou pouco depois, num dos vários momentos de desequilíbrio de João Cancelo pela direita. O lateral do Barcelona aproveitou uma saída precipitada do guarda-redes do Liechtenstein para fabricar, praticamente a solo, o segundo.

O jogo continuou junto da baliza de Buchel, mas também a seleção da casa, que nunca desfez o plano que passaria por adiar ao máximo o que seria inevitável, teve um momento de ousadia, quando Salanovic viu-se na cara de José Sá, mas não foi capaz de ultrapassar a mancha do guarda-redes do Wolverhampton, que se estreou pela Seleção tal como Toti Gomes (também titular) e João Mário, lançado nos minutos finais.

Com muitas mentes brilhantes, mas sem brilhantismo, Portugal fez o que lhe competia: vencer. Falta a Islândia para fechar a mais tranquila e imaculada fase de apuramento para uma grande competição e só na qual se saberá, mesmo, o que vale tanto talento junto.

Os golos de Portugal:

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