Portugal exporta menos sapatos, mas mais caros no 1.º semestre do ano

Agência Lusa , MM
16 set 2023, 09:44
(Pexels)

Associação do setor diz que o ano de 2023 “está a ser particularmente exigente para o setor de calçado, fruto, nomeadamente, de um abrandamento económico comum à maioria dos principais mercados de destino do calçado português”

As exportações portuguesas de calçado caíram 7,3% em quantidade no primeiro semestre, para 36,6 milhões de pares, mas o aumento do preço médio permitiu um crescimento homólogo de 1% em valor, para 964 milhões de euros.

Na véspera do arranque da maior feira de calçado do mundo – a MICAM, em Milão, Itália, com a presença de 36 empresas nacionais - a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) destaca que este desempenho acontece “depois de um ano de 2022 extraordinário, com um crescimento das exportações superior a 20% para um novo máximo histórico de 2.009 milhões de euros e não obstante o abrandamento dos principais mercados de destino das exportações”.

“Determinante para esse registo foi o crescimento do preço médio do calçado português exportado, que aumentou mais 8,9% para 26,35 euros o par”, enfatiza.

A APICCAPS admite que, “como se perspetivava”, o ano de 2023 “está a ser particularmente exigente para o setor de calçado, fruto, nomeadamente, de um abrandamento económico comum à maioria dos principais mercados de destino do calçado português”.

Na Alemanha, por exemplo, o principal mercado do calçado nacional, registou-se um recuo ligeiro de 0,6%, para 212 milhões de euros: “O tradicional motor da Europa ‘gripou’ e, em resultado, uma em cada 10 sapatarias encerrou no ano passado, originando um total de 1.500 encerramentos”, nota a APICCAPS, citando dados da Associação Alemã de Calçado.

Globalmente, as exportações portuguesas de calçado para a Europa fecharam o semestre em terreno positivo, com um crescimento de 0,6% para 780 milhões de euros, salientando-se os crescimentos em França (mais 6% para 195 milhões de euros) e nos Países Baixos (mais 4% para 57 milhões de euros).

Fora da Europa, o destaque vai para a evolução dos mercados do Canadá (mais 5% para 13 milhões de euros), Austrália (mais 11% para cinco milhões de euros) e Japão (mais 0,3% para cinco milhões de euros).

Globalmente, a fileira do calçado registou até junho um crescimento de 3,5%, para 1.153 milhões de euros, sobretudo impulsionado pelo bom desempenho do setor de componentes para calçado, que cresceu 18,8%, para 39 milhões de euros, e principalmente, pelo setor de artigos de pele, que continuou a registar máximos: Cresceu 18,2% na primeira metade de 2023, para 150 milhões de euros.

Para a APICCAPS, “numa conjuntura particularmente complexa”, a expectativa é que 2023 possa ser “um ano de consolidação do calçado português no exterior, ainda que para isso seja essencial reforçar os investimentos em matéria de promoção externa e ir ao encontro de novas janelas de oportunidade”.

“Em termos práticos – remata - o calçado português continua a reforçar a sua posição”.

No que se refere às exportações mundiais de calçado, continuaram a aumentar e registaram um crescimento de 9% em 2022 (após um aumento de 7,4% em 2021), atingindo um total de 15.200 milhões de pares, acima dos níveis pré-pandemia, mas ainda abaixo do recorde de 2014 (15.700 milhões de pares).

Em valor, as exportações mundiais de calçado atingiram um novo máximo, de 175.200 milhões de dólares em 2022, disparando 16,1% em relação ao ano anterior e acumulando um crescimento de 42,9% ao longo da última década.

Quanto ao preço médio de exportação mundial, atingiu um novo recorde de 11,54 dólares o par em 2022, um aumento de 6,5% em relação a 2021 e um crescimento de 38,2% na última década.

Portugal, com um preço médio de 27,99 dólares, manteve em 2022 o segundo maior preço médio de exportação entre os principais produtores mundiais de calçado.

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