Antigo banqueiro está a ser julgado por uma série de crimes. Padre que é amigo próximo deu o seu testemunho em tribunal
"Um homem de fé e de princípios". É assim que o padre Avelino Alves descreve Ricardo Salgado, com quem diz ter uma "amizade muito próxima". Ouvido como testemunha em mais uma sessão realizada no Juízo Central Criminal de Lisboa, o sacerdote disse que o antigo presidente do Grupo Espírito Santo (GES) é "um homem de fé e de princípios".
Mais um testemunho a favor de Ricardo Salgado, depois de também a mulher ter vindo defender o ex-banqueiro, lamentando a vida atual, com o arguido diagnosticado com Alzheimer.
Avelino Alves garantiu ainda que o ex-banqueiro era "um homem humilde que sabia ouvir mais do que falar". "Nunca lhe vi aquela arrogância. É uma pessoa muito solidária.”
“Um dia digo-lhe que não sei como hei-de agradecer o que tem feito por mim. Vinha gente ter comigo que dizia que perdeu a casa. E ele disse-me 'o senhor não me deve favor porque você vai resolver o problema para o banco e para a pessoa", continuou o padre.
Sobre a queda do banco, Avelino Alves diz que Ricardo Salgado "acreditava que ainda era possível" recuperar o BES, mas que lhe deu "a entender que não lhe deram oportunidade de se defender".
"Ele disse-me que tinha solução para os lesados. Era isso que lhe fazia doer a alma", afirmou, recordando as várias pessoas que perderam milhares de euros com a queda do grupo.
Ricardo Salgado está a ser julgado neste processo por corrupção ativa para ato ilícito, corrupção ativa e branqueamento de capitais.
Já Manuel Pinho, em prisão domiciliária desde dezembro de 2021, é acusado de corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal, enquanto a sua mulher, Alexandra Pinho, está a ser julgada por branqueamento e fraude fiscal - em coautoria material com o marido.