Pela primeira vez em 15 meses a Fed não mexe nas taxas de juro

ECO - Parceiro CNN Portugal , Luís Leitão
14 jun 2023, 22:20
Jerome Powell (Foto: Jim Lo Scalzo/EPA)

É a primeira vez desde março de 2022 que a Reserva Federal norte-americana não aumenta a taxa de juro. Porém, Jerome Powell revela que até ao final do ano poderá ainda haver novas subidas.

A Reserva Federal norte-americana (Fed) foi ao encontro do que era esperado pelo mercado e decidiu fazer uma pausa no ciclo de subidas das taxas de juro. Após 15 meses de sucessivos de subidas do preço do dólar, o banco central dos EUA liderado por Jerome Powell manteve a Fed Funds inalterada no intervalo 5%-5,25%.

“A manutenção do intervalo de objetivo estável nesta reunião permite ao Comité avaliar informações adicionais e as suas implicações para a política monetária”, refere o regulador norte-americano.

A decisão entre os membros do Comité de Política Monetária da Fed (FOMC) para manter a taxa de juro inalterada foi unânime, de acordo com o comunicado da Fed. No entanto, dois membros indicaram que não preveem aumentos este ano, enquanto quatro antecipam uma subida e nove, ou seja, metade do comité de governadores preveem a ocorrência de mais duas subidas.

É provável que se verifiquem novos aumentos das taxas este ano”, referiu Jerome Powell na sua intervenção na conferência de imprensa, após a divulgação da decisão da Fed, salientado que estão “fortemente empenhados em alcançar uma inflação de 2%” e que esse objetivo “ainda está longe de ser alcançado.”

Além disso, Powell destacou que “pode fazer sentido que as taxas possam subir, mas a um ritmo mais moderado”, tudo com o intuito de controlar a inflação. Segundo o presidente da Fed, “se não mantivermos uma estabilidade dos preços não conseguiremos garantir uma estabilidade do mercado de trabalho.

Todavia, Powell, em conferência de imprensa, sublinhou que nada foi decidido em relação à reunião de julho e que a FOMC irá “continuar a toma decisões reunião a reunião.”

A expectativa de novas subidas é também refletida nas previsões dos analistas. Segundo a ferramenta FedWatch do CME Group, 63% dos analistas consideram que na próxima reunião do FOMC, que será realizada a 25 e 26 de julho, haverá lugar a um aumento de 25 pontos base e apenas 34% dos especialistas considera que, na reunião de julho, a Fed voltará a manter a taxa inalterada.

O discurso da Fed também vai no sentido de que ainda é muito cedo para cortes na taxa de juro no final deste ano ou mesmo no início de 2024, como muitos analistas antecipavam. “Indicadores recentes sugerem que a atividade económica continuou a expandir-se a um ritmo modesto”, salienta a Fed, sublinhando ainda que “os ganhos do mercado de emprego têm sido robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego tem-se mantido baixa”, mas ressalva que “a inflação mantém-se elevada.”

Além disso, o comunicado da Fed nota que continuará a reduzir o seu balanço, nomeadamente de títulos do Tesouro e de títulos de dívida de agências e de títulos hipotecários de agências, tal como descrito nos seus planos anteriormente anunciados. “O Comité está fortemente empenhado em fazer regressar a inflação ao seu objetivo de 2%”, destaca o FOMC no comunicado.

Apesar de continuar a situar-se no intervalo mais elevado desde setembro de 2007, foi a primeira vez que o FOMC manteve inalterada a taxa de juro desde que iniciou uma política monetária restritiva em março de 2022, marcado por subidas constantes da taxa de juro, que elevou a taxa de 0,25% para os atuais 5,25%.

O comunicado da Fed nota ainda que “o sistema bancário dos EUA é sólido e resistente”. No entanto, Powell sublinha que “não sabemos a extensão total das consequências da turbulência do sistema bancário”, que resultou no resgate do Signature Bank e do Silicon Valley Bank em março.

A cerca de 30 minutos de ser conhecida a decisão da Fed, o dólar estava a desvalorizar 0,6% contra um cabaz de moedas (dollar index), enquanto o índice acionista S&P 500 estava a valorizar 0,10% e o tecnológico Nasdaq subia 0,13%.

No entanto, após ser conhecida a decisão da Fed, Wall Street pintou-se de vermelho, com os principais índices a contabilizarem perdas, com destaque para a queda de 0,6% do Nasdaq e do S&P 500 e para a desvalorização de 1,2% do Dow.

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