"O 25 de Abril é de todos". Marcelo destaca "estabilidade política" e funcionamento da democracia em Portugal

Agência Lusa , MJC
9 set 2023, 17:45

A 9 de setembro de 1973, mais de 100 jovens militares conseguiram reunir-se de forma clandestina no Monte do Sobral, em Alcáçovas, tendo sido a primeira reunião plenária do chamado Movimento dos Capitães

O Presidente da República lembrou este sábado que o 25 de Abril “é de todos” ao destacar “a estabilidade política” e o funcionamento da democracia em Portugal até em "períodos de crises muito fortes”.

Marcelo Rebelo de Sousa presidiu hoje no Monte do Sobral, em Alcáçovas, Viana do Alentejo, a cerimónia de evocação dos 50 anos da criação do Movimento dos Capitães, numa iniciativa que marca uma nova fase das comemorações do cinquentenário do 25 de Abril e que contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa. Depois do descerramento de um painel de azulejos e da intervenção do grupo coral dos Trabalhadores de Alcáçovas, que cantaram “Grândola, Vila Morena”, o chefe de Estado frisou que “já ninguém discute a importância histórica do 25 de Abril”.

“O 25 de Abril é de todos, mesmo daqueles que naquela ocasião estavam contra e sobreviveram ao 25 de Abril e mesmo daqueles que hoje são contra ou pensam que são contra o 25 de Abril”, disse na sua intervenção, salientando que “o 25 de Abril construiu o que era fundamental construir em Portugal”, que foi a democracia. Marcelo Rebelo de Sousa considerou que o 25 de Abril “nunca está acabado”, sendo “um desafio permanente” porque o mundo mudou.

Na sua intervenção, o Presidente afirmou também que o essencial da democracia e da liberdade é a existência de “haver espaço para todos”, enquanto nas ditaduras não existe. “As ditaduras têm apenas espaço para um ou alguns, na democracia cabem todos e a liberdade quando nasce é para todos”, precisou, considerando ser “legítimo que aqueles que fizeram o 25 de Abril olhem para trás e para os seus sonhos e encontrem uma parte realizada e a outra por realizar”, bem como “aqueles que foram vivendo o 25 de Abril, ao longo de quase 50 anos, tenham o mesmo sentimento”.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que estes sentimentos são “um sinal de avanço, de progressismo que o 25 de Abril trouxe consigo” e de “insatisfação de querer mais e melhor de acordo com as circunstâncias e desafios que vão sendo cada vez mais complexos”.

O Presidente da República frisou ainda que “não há nenhuma democracia perfeita”, mesmo as mais perfeitas “deram a longo dos últimos anos alguns dos piores exemplos de fragilidade democrática”. “Uma democracia que é construída todos os dias, todas as semanas e todos os meses. Uma democracia que exige a unidade e independência de Portugal, a integridade territorial, a visão exata onde estão as nossas fronteiras. Tudo isto é uma riqueza da democracia, como é a estabilidade política. Olhem à volta e vejam os sistemas políticos e partidários, económicos e sociais, o que mudaram e como se fragilizaram ao longo do tempo e comparem com Portugal”, disse.

Segundo o chefe de Estado, “houve crises de vária natureza”, mas Portugal é “um exemplo de estabilidade política e institucional duplo”. “É uma democracia que tem funcionado como democracia em períodos de crises muito fortes”, como crises económicas, financeiras e sociais, bem como na pandemia e na guerra, disse, destacando as Forças Armadas como outro “pilar fundamental” do 25 de Abril e que devem acompanhar as exigências dos novos tempos.

A 9 de setembro de 1973, mais de 100 jovens militares conseguiram reunir-se de forma clandestina no Monte do Sobral, em Alcáçovas, tendo sido a primeira reunião plenária de um movimento de descontentamento pela situação de uma classe militar e que se transformou numa força revolucionária que havia de mudar o país e colocaria fim a 48 anos de ditadura, cerca de sete meses mais tarde. 

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