Marcelo diz que a sua função é “ir controlando o que quem decide faz” ou "não valia a pena haver Presidente e primeiro-ministro"

Agência Lusa , NM
26 dez 2022, 14:45
Marcelo e José Luís Carneiro visitam Serra da Estrela (Lusa/MIGUEL PEREIRA DA SILVA)

Em reação à mensagem de Natal de António Costa, o chefe de Estado afirmou que “como compete a um primeiro-ministro, falou de esperança e falou daquilo que pode vir a ser um ano em que nós consigamos ir mais longe do que fomos este ano”

O Presidente da República disse esta segunda-feira que a sua função é de “ir controlando o que quem decide faz”, salientando que se pensassem exatamente o mesmo, “não valia a pena" haver Presidente e primeiro-ministro.

“Eu não decido o que se faz. Eu tenho de ir controlando o que quem decide faz. Para nos completarmos [Presidente e primeiro-ministro] temos que ter perspetivas diferentes. Se pensássemos exatamente o mesmo não valia a pena haver Presidente e primeiro-ministro. Havia um presidente que era primeiro-ministro ao mesmo tempo. Não é o sistema português”, afirmou aos jornalistas Marcelo Rebelo de Sousa, na localidade de Sameiro, no concelho de Manteigas.

O chefe do Estado está, esta segunda-feira, a realizar uma visita ao território afetado pelo grande fogo na serra da Estrela, que, em agosto, atingiu um total de 24 mil hectares de área ardida.

Questionado pelos jornalistas sobre a mensagem de Natal que dirigiu aos portugueses, Marcelo explicou que António Costa, “como compete a um primeiro-ministro, falou de esperança e falou daquilo que pode vir a ser um ano em que nós consigamos ir mais longe do que fomos este ano”.

“Mais longe no tempo de pandemia, mais longe usando mais fundos estruturais, mais longe pondo a economia a resistir a um período difícil ainda com guerra, mais longe ainda no sentido de esperar que os preços baixam e que as ajudas sociais vão tentando minimizar enquanto eles estão muito elevados e naquilo que significa no corte do poder de compra dos portugueses”, disse.

Marcelo Rebelo de Sousa entende que “foi uma palavra de otimismo e esperança” partindo do realismo, “porque o primeiro-ministro parte da situação em que vivemos”.

Contudo, adiantou que é preciso ver que “não há duas pessoas iguais” e a posição de António Costa “é a de quem tem a gestão executiva e de quem tem que garantir essa gestão. A posição do Presidente é a de quem acompanha, apoia, mas vai permanentemente estando atento às exigências das populações”.

"Há tons diferentes de estilo", refere Marcelo

“Há estilos mais otimistas e há estilos que não deixando de ser otimistas, se preocupam pela própria posição e maneira de ser, com a realidade e aquilo que é o que neste momento e à sua maneira preocupa os portugueses”.

O primeiro-ministro considerou, na mensagem de Natal transmitida no domingo à noite, que há razões para os portugueses terem confiança, apesar do cenário de incerteza internacional, salientando que a trajetória de redução do défice e da dívida coloca Portugal “ao abrigo das turbulências do passado”.

Para o líder do executivo, as três palavras que melhor exprimem o que se deseja nesta época do ano são a paz, a solidariedade e a confiança: “Confiança é o que o nosso país nos garante hoje, quando tanta incerteza nos rodeia no cenário internacional. Confiança no futuro, pelo que estamos a fazer no presente.”

Nesta visita às zonas afetadas pelos incêndios do verão, o Presidente da República é acompanhado pelo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e, além da visita à Covilhã, também estão previstas passagens pelos concelhos de Manteigas, Seia, Gouveia, Celorico da Beira e Guarda.

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