Como um incêndio se espalhou em 30 minutos por um prédio de 14 andares em Valência

23 fev, 14:07

 

 

 

Dez mortos, 15 feridos e entre 9 a 15 desaparecidos. Este é o balanço da tragédia que está a chocar Espanha

O edifício residencial de 14 andares e 138 apartamentos no bairro de Campanar, em Valência, Espanha, foi consumido pelas chamas em apenas 30 minutos na tarde de quinta-feira. Uma hora depois do incêndio ter começado, nada havia a fazer. Segundo o jornal El País, o fogo espalhou-se a grande velocidade ao longo da fachada do prédio através do isolante usado na construção.

O revestimento em poliuretano data de 2005 - ano da construção do prédio - e terá sido o responsável para a rápida propagação das chamas, tal como aconteceu em Londres, em 2017, aquando do incêndio na Torre Grenfell, onde morreram 72 pessoas.

Composto por dois blocos unidos por um elevador panorâmico, o edifício residencial era casa de cerca de 450 pessoas. Cinco dos moradores morreram - entre os quais uma família jovem, composta por pai, mãe e dois bebés - um menino de três anos e uma menina de duas semanas -, e há entre 9 a 15 desaparecidos.

"Jamais tinha visto um fogo assim tão rápido. Isto é uma autêntica tragédia", afirmou um agente da polícia, citado pelo o El País.

Imagem do Google Maps do prédio no bairro de Campanar, em Valência

O prédio fica localizado no bairro de Campanar, uma antiga aldeia agrícola que registou um crescimento notável durante os anos do boom de tijolo na primeira década do século XXI. Concluído em 2008, o prédio com 138 apartamentos de qualidade média-alta, com jacuzzi, tinha uma fachada brilhante em alumínio que escondia o revestimento de poliuretano. Por baixo do edifício existia a parte comercial que não foi afetada pelas chamas, assim como a piscina e o jardim. Segundo o El País, os dois complexos acabaram por evitar que as chamas se propagassem para os prédios vizinhos.

“Em 2005 – data da construção do edifício danificado – a má reputação do poliuretano não era tão difundida. Hoje não é utilizado, pelo menos não dessa forma”, apontou Esther Puchades, vice-presidente do Colégio de Engenheiros Técnicos Industriais de Valência (Cogitival), à agência Efe.

Terá sido pela fachada que se propagaram as chamas do incêndio que teve início no sétimo andar do edifício, ainda que as causas estejam por esclarecer.  Um grupo de jovens que se encontrava no parque em frente ao prédio gravou o início do fogo e contou aos jornalistas que as chamas se propagaram a "toda a velocidade, para cima", através das "placas ou atrás delas". 

Enquanto as chamas corriam a toda a velocidade, nos apartamentos, os moradores sem escapatória - muito por causa do fumo negro e do vento que adensava as labaredas - pediam socorro desde as varandas.

O vento, que chegou a soprar a 60 quilómetros por hora - por causa da depressão Louis - fez com que se desprendessem as placas da fachada e aumentasse o perigo junto do edifício.

No meio de toda a tragédia, ainda houve tempo para atos heróicos. Julián, porteiro do prédio, ao perceber que o alarme de incêndio não tinha disparado, correu porta a porta para avisar os moradores para fugirem.

O incêndio fez, até ao momento, dez mortos e 15 feridos - sete deles bombeiros -, sendo que nenhum corre perigo de vida. Entre os feridos há nove homens, com idades entre os 25 e os 57; quatro mulheres, entre os 27 e os 81 anos; e há ainda uma criança de sete anos.

As vítimas mortais ainda não foram identificadas e foram instalados dois pontos de assistência: um para atender os familiares das pessoas desaparecidas e outro para ajudar as pessoas que perderam as casas no incêndio.

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