Evanilson: «É muito difícil lidar com Conceição, não te deixa acomodar»

27 mar, 22:43
Estoril-FC Porto (RODRIGO ANTUNES/LUSA)

Avançado do FC Porto recordou a adaptação aos dragões, destacou a importância do treinador e abordou o interesse dos gigantes europeus

A viver a melhor temporada da carreira, Evanilson recordou os momentos difíceis que teve de ultrapassar no passado. Apesar da paixão pelo desenho, as circunstâncias da família e as poucas condições financeiras levaram a que optasse pelo futebol.

«Eu quis tornar-me jogador para mudar a vida financeira da minha família. Eu queria que a minha mãe estivesse aqui também. Perdi-a quando era sub-17 no Fluminense. Era tudo o que eu queria, que ela estivesse aqui para ver todas estas conquistas que tive. Tenho a certeza de que ela está orgulhosa disto tudo que tenho conquistado. Eu queria desistir naquele momento em que a perdi. Era muito apegado», disse o avançado do FC Porto, em entrevista à Sport TV.

O jogador de 24 anos assumiu que ficou «muito feliz» quando soube do interesse do FC Porto em 2020 e agarrou a «oportunidade» de representar «um grande clube da Europa».

«No começo, fiquei aqui um ano de muita aprendizagem, porque eu não joguei muito no primeiro ano. Joguei mais na equipa B. O futebol era totalmente diferente aqui. Até dá para ver nos treinos. Quando eu cheguei aqui, era muita correria, muita intensidade, mas fui-me adaptando aos treinos, ao treinador, a tudo», frisou Evanilson, tendo ainda destacado o apoio de Pepe e Otávio.

Além da dupla luso-brasileira, outro dos pilares da adaptação do avançado foi Sérgio Conceição.

«No começo era difícil. Acho que toda a gente sabe o quão rigoroso ele é com tudo. Com o peso, com os treinos, ele exige muito de cada jogador, desde os que jogam a titulares até aos que não jogam. Ele quer que estejamos sempre no máximo e isso foi bom para mim. Ajudou-me bastante. No começo era difícil para mim, porque não estava acostumado a esse tipo de trabalho, que era totalmente diferente no Fluminense. Mas depois fui-me adaptando e consegui evoluir muito com o trabalho dele», recordou.

«Ele ajudou-me muito no aspeto da intensidade no jogo, posicionamento, fazer movimentos que eu nunca pensei fazer quando estava no Fluminense, até porque não joguei uma temporada inteira lá. Ensinou-me muita coisa, principalmente essa intensidade que tem de se pôr no jogo, esse movimento de rotura que ele cobra bastante aos avançados. Fui melhorando isso, fui aprendendo muitas coisas com ele», confessou.

O jogador de 24 anos revelou ainda que Conceição é muito exigente até com o filho. «Com o Francisco [Conceição], ou com os outros, ele cobra na mesma. É muito difícil lidar com ele, porque ele não te deixa acomodar, nunca. Ele está sempre à procura que possas melhorar.»

O avançado brasileiro destacou a evolução do colega de equipa, que não se livra das brincadeiras dos companheiros.

«De vez em quando brincamos com ele. Às vezes quando estamos no balneário à espera para ir para o treino, dizemos ao Francisco: “Chama lá o teu pai, mano! Está na hora”. Brincamos muito com ele, mas ele leva tudo na brincadeira também», contou.

Evanilson, que tem Cristiano Ronaldo como o grande ídolo no futebol, recordou também as constantes lesões que atrapalharam a sua afirmação no FC Porto.

«Eu nunca tinha passado por muitas lesões acumuladas. Treinava, jogava, dois ou três dias depois lesionava-me outra vez. Eu acho que isso não é normal. Para um jogador que quer mostrar o seu trabalho, isso é muito difícil. Mas tive a ajuda do mister, da equipa técnica, dos jogadores, que me abraçaram. Viam que eu ficava muito triste no nosso dia a dia no Olival. Mas eles ajudaram-me muito, deram-me muita força. É muito difícil este histórico de lesões que tive na época passada. Queremos estar fortes, e achamos que estamos bem, mas do nada sofremos outra lesão. Cai tudo de novo. É um momento muito difícil. Mas acho que superei isso, trabalhei muito. Continuei a fazer os meus tratamentos, o fortalecimento. E esta época dá para ver que não tive nenhuma lesão. Tive uma no começo, mas agora estou a sentir-me muito bem fisicamente», afirmou.

O avançado brasileiro assumiu também o desejo de vestir as cores da seleção brasileira e garantiu que passa ao lado das notícias sobre o alegado interesse de outros clubes.

«Acho que nós, jogadores, temos de viver à parte disso. Temos de procurar fazer sempre o nosso trabalho no clube que estamos a representar. As notícias saem e acabamos por vê-las, mas isso não mexe em nada comigo dentro de campo. É bom ser falado, mas temos de continuar a fazer o nosso trabalho calados, que as coisas acontecem naturalmente», disse.

Quanto a esta temporada, Evanilson reconheceu que está a ser «muito positiva», tal como os números comprovam: são 22 golos e cinco assistências em 34 jogos.

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