"Nunca estivemos tão perto". Poliomielite pode ser erradicada já este ano

26 abr 2023, 16:34

ENTREVISTA EXCLUSIVA. Apesar de ter desaparecido da Europa há 20 anos, esta doença altamente infecciosa que afeta sobretudo crianças com menos de cinco anos mantém-se endémica no Afeganistão e no Paquistão, mas os esforços de vacinação nestes países estão a surtir efeito

É um vírus terrível, geralmente contraído pela ingestão de água contaminada, que ataca o sistema nervoso e pode levar à paralisia. Apesar não existir cura, a pólio pode ser prevenida pela vacina, que foi usada para imunizar mais de 2,5 mil milhões de crianças em todo o mundo.

Em Portugal. o último caso foi registado em 1986, mas, apesar de ser uma memória distante, a doença continua a ser endémica no Afeganistão e no Paquistão. O fim parece agora estar à vista, como revela em entrevista exclusiva à CNN Portugal a Presidente do Rotary International, que em parceria com a Organização Mundial de Saúde e a Fundação Bill e Melinda Gates, tem dedicado décadas de trabalho incessante para erradicar a poliomielite.

“Nós, juntamente com os nossos parceiros, estimamos que a transmissão desta doença terminará no final de 2023. Tivemos alguns problemas… Vimos alguns casos no Malawi, Moçambique, Londres, Nova Iorque, mas conseguimos despistá-los todos e vinham de áreas no Paquistão. Por isso, a ciência mostra-nos que a contivemos a áreas muito limitadas. Literalmente, está ao alcance. Nunca estivemos tão perto e nunca trabalhámos tão arduamente para encontrar casos. As amostras não mostram nada e, por isso, na pior das hipóteses, o fim da transmissão poderá surgir ao longo do próximo ano”, frisou Jennifer Jones.

Isto mesmo foi confirmado já no final de abril pelo Diretor da OMS para a Erradicação da Polio, Aidan O’Leary: “2023 é a data-objetivo para interromper a transmissão da polio a nível global e temos uma grande oportunidade de sucesso”.

Este é um esforço que já foi considerado um dos maiores sucessos na área da saúde global, como assinala a Presidente do Rotary: “Quando o Rotary iniciou a campanha de erradicação da polio, há mais de 30 anos, no início a comunidade científica riu-se de nós. Duvidava que fosse possível erradicar a segunda maior doença da história da humanidade a seguir à varíola. Decidimos, juntamente com os nossos membros, testar uma amostra nas Filipinas, e fomos capazes de eliminar a doença naquele país. Depois demos escala e, um a um, os nossos parceiros juntaram-se a nós, ao ponto de atualmente termos atingido um legado ainda maior. A eliminação da polio é notável, mas o legado mais perene será talvez ao nível das infraestruturas de saúde que foram construídas em mais de 70 países, com uma comunidade de funcionários de saúde capaz de não só tratar a polio, mas por exemplo também a covid”.

O Rotary International está em 200 países e tem mais de um milhão e 400 mil membros em todo o mundo. Pela primeira vez em 115 anos de história, tem na sua liderança uma mulher, a canadiana Jennifer Jones, que procura assumir um estilo de liderança singular.
 

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