Governo britânico admite tirar apoios da Segurança Social a pessoas com problemas de mobilidade ou de saúde mental que não aceitem pelo menos o teletrabalho

21 nov 2023, 12:43
Laura Trott (AP)

"Os cidadãos têm o dever de trabalhar se puderem", diz o Governo. Há instituições de solidariedade preocupadas com a natureza da medida: "Não há provas que sustentem a ideia de que existem empregos totalmente remotos disponíveis que sejam adequados para estes grupos. Isto é simplesmente um corte para aqueles de nós que, no futuro, ficarem gravemente doentes ou incapacitados e precisarem do apoio da Segurança Social"

As pessoas com problemas de mobilidade e de saúde mental vão ser convidadas a fazer teletrabalho ou podem perder os benefícios, naquilo que o governo britânico considera que deve ser "o seu dever", avança o The Guardian.

Segundo o jornal, a medida - que vai ser definida esta quarta-feira - encaixa-se no esforço de Rishi Sunak para alternar o sistema de Segurança Social - que o primeiro-ministro como "insustentável". 

Assim, milhares de pessoas vão ser convidadas a procurar um emprego em que possam trabalhar de casa para que não sofram um corte nos subsídios de 4.680 libras por ano.

"É claro que deve haver apoio às pessoas para as ajudar a trabalhar, mas, em última análise, os cidadãos têm o dever de trabalhar se puderem. Aqueles que podem trabalhar e contribuir devem contribuir", afirmou Laura Trott, secretária-chefe do Tesouro (na fotografia no topo do artigo).

Antes, em declarações à Times Radio, Trott tinha afirmado que os planos do Governo "não se limitavam a forçar as pessoas a agir", mas sim a garantir que "iam colocar à sua disposição mecanismos adequados".

"Mas, em última análise, têm de se envolver nisso e, como cidadãos, têm a obrigação de o fazer. E, se não o fizerem, iremos considerar a possibilidade de sanções", garantiu.

As instituições de solidariedade social já criticaram fortemente a decisão que se prepara para ser tomada, considerando que os planos são "apressados e mal pensados".

"Não há provas que sustentem a ideia de que existem empregos totalmente remotos disponíveis que sejam adequados para estes grupos. Isto é simplesmente um corte para aqueles de nós que, no futuro, ficarem gravemente doentes ou incapacitados e precisarem do apoio da Segurança Social, e corre o risco de piorar a saúde das pessoas e de as afastar ainda mais do trabalho", afirmou Ayla Ozmen, diretora de políticas e campanhas da instituição de caridade antipobreza Z2K, ao The Guardian.

Os pormenores desta política vão ser definidos pelo Ministério do Trabalho e das Pensões, depois de o Governo ter realizado consultas sobre a avaliação da capacidade de trabalho.

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