opinião
Economista e Professor Universitário

Dia do Pai: o desafio das pensões em Portugal - uma chamada à responsabilidade nacional

19 mar, 13:20

No Dia do Pai, uma data dedicada à celebração da figura paterna e ao reconhecimento do seu papel na sociedade, é imperativo refletir sobre um flagelo social que ameaça comprometer o futuro das gerações vindouras: o estado das pensões em Portugal.

As projeções sombrias delineadas pela Comissão Europeia são alarmantes e não podem ser ignoradas. Até 2070, estima-se que as pensões em Portugal sejam cada vez mais baixas, atingindo apenas 41% do último salário para aqueles que se reformarem daqui a cinco décadas. Este cenário representa um corte muito significativo em relação ao que é observado atualmente, colocando em risco a estabilidade financeira e hipotecando o bem-estar dos pensionistas.

A conjuntura atual é o resultado de uma combinação de fatores preocupantes. A baixa produtividade da economia portuguesa, a insuficiente taxa de natalidade e o envelhecimento demográfico são elementos que contribuem para a crise iminente no sistema de pensões. A esperança média de vida em ascensão, embora positiva em termos individuais, agrava ainda mais o desequilíbrio financeiro da Segurança Social.

Num contexto em que a cisão política interna atinge níveis alarmantes, é crucial que os partidos políticos revertam este quadro em nome do país. O bem-estar dos portugueses impõe união de esforços em torno de metas nacionais que visem a sustentabilidade do sistema de pensões. O estímulo à produtividade laboral e à criação de riqueza, o incentivo à natalidade e a implementação de políticas de integração imigratória são medidas essenciais para reverter o cenário desolador que se avizinha. 

A falta de consenso político e a discordância entre as confederações patronais revelam a complexidade da situação. Enquanto os partidos políticos se desdobram em promessas, as soluções propostas, “vazias”, divergem e não oferecem as respostas estruturais que o problema exige. 

A proposta de tributação sobre os lucros das empresas, defendida pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, confronta-se com a resistência da Confederação Empresarial de Portugal, que teme o impacto negativo sobre o investimento em capital intensivo em Portugal. Esta disputa revela a necessidade urgente de encontrar um equilíbrio entre a sustentabilidade financeira e o estímulo à atividade económica.

Portugal enfrenta um momento decisivo, em que a responsabilidade e a união em torno de desígnios nacionais são imperativas para enfrentar os desafios que se avizinham. A postura de discernimento máximo que a conjuntura exige requer a assunção de compromissos que vão para além do espaço de tempo de uma legislatura.

É fundamental reconhecer, com sentido de humanismo, que a crise das pensões não afeta apenas os idosos de hoje, mas compromete o futuro das novas gerações. Sem uma intervenção coordenada e estruturante, os decisores políticos de hoje estarão a condenar os nossos filhos e netos a um futuro de incerteza e precariedade financeira.

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