São os resultados do Eurobarómetro de Primavera, divulgado esta quarta-feira. O mesmo documento que mostra que 82% dos portugueses admitem que as ações da União Europeia têm um impacto na sua vida quotidiana e que o apoio à economia e criação de novos empregos, a luta contra a pobreza e a exclusão social e a saúde pública são as principais questões que preocupam os eleitores
As eleições europeias de junho assumem um papel mais importante do que as últimas, dado o contexto geopolítico internacional. É o que pensam os eleitores europeus, incluindo os portugueses, de acordo com os dados do Eurobarómetro divulgados esta quarta-feira. Segundo o inquérito de primavera do Parlamento Europeu nove em cada 10 portugueses consideram que votar nas próximas eleições europeias é ainda mais importante devido à atual situação geopolítica. Uma percentagem acima da média dos 27 estados-membros, já que 81% dos cidadãos europeus consideram ser mais importante votar agora, dado os contextos de guerra na Ucrânia e no Médio Oriente.
As eleições europeias realizam-se em Portugal a 9 de junho, mas só 9% dos portugueses sabem a data exata. Cinco por cento sabem o mês e o ano, mas desconhecem o dia, e 57% desconhecem de todo quando se realizam. O maior desconhecimento reflete-se na faixa etária entre os 15 e os 24 anos. O grupo mais informado é o da faixa etária entre os 40 e os 54 anos.
Quando questionados sobre a probabilidade de votarem nas eleições europeias, apenas 57% dos inquiridos em Portugal consideram provável irem votar. Apesar de este último ser um valor ainda abaixo da média europeia, está 10 pontos percentuais acima do Eurobarómetro divulgado no mesmo período antes das últimas eleições europeias. Vinte e dois por cento dos portugueses consideram mesmo improvável irem votar no dia 9 de junho. Num contexto de média europeia, 71% dos cidadãos europeus consideram provável ir votar e 14% consideram improvável.
Há um maior interesse da generalidade dos cidadãos europeus pelas eleições europeias do que aquele que havia em 2019, aquando das últimas eleições para o Parlamento Europeu. Seis em cada dez cidadãos europeus (60%) interessam-se pelas próximas eleições europeias. São mais 11 pontos percentuais do que no mesmo período antes do último ato eleitoral europeu. Mais de metade dos portugueses (51%) revelam-se interessados, mais 13 pontos percentuais do que no mesmo período antes das últimas eleições europeias, e 48% admitem não estar interessados no assunto, menos 13 pontos percentuais do que em 2019.
O impacto das ações da UE na vida dos portugueses
Oitenta e dois por cento dos portugueses inquiridos consideram que as ações da União Europeia (UE) têm um impacto na sua vida quotidiana, um valor acima da média europeia, que está nos 73%. Entre os temas que os cidadãos europeus no geral e os portugueses em particular mais gostariam de ver tratados na campanha eleitoral, estão o apoio à economia e criação de novos empregos (55% dos portugueses; 31% da média europeia), a luta contra a pobreza e a exclusão social (52% dos portugueses, 33% da média europeia), bem como a saúde pública (48% dos portugueses, 32% da média europeia).
Quase nove em cada dez dos cidadãos portugueses (88%) concorda que, em termos gerais, Portugal beneficiou com a adesão à UE - um nível de satisfação acima da média europeia, que ronda os 71%.
O apelo de Metsola
A conferência de imprensa de apresentação dos dados contou com a participação em vídeo da Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, que destacou o acréscimo de interesse dos europeus no ato eleitoral e fez um apelo ao voto. "Os cidadãos europeus têm consciência do que está em causa nesta ida às urnas, e que o voto se torna cada vez mais importante no atual contexto geopolítico. Faço um apelo aos nossos cidadãos: usem o vosso voto nas próximas Eleições Europeias, por forma a reforçar a democracia europeia e moldar o futuro da Europa", disse.
“Estas eleições vão ser fundamentais, porque vão decidir a direção vamos tomar. Votem!”, resumiu.
O estudo revela que 66% dos portugueses têm uma imagem positiva do Parlamento Europeu. Um valor superior à média europeia, que é de 41%. Mais de seis em cada dez (67%) portugueses gostaria que o Parlamento Europeu desempenhasse um papel mais importante. A maioria dos cidadãos da UE (56%) partilha da mesma opinião.
Quatro em cada dez europeus, consideram que o papel da UE se tornou mais importante nos últimos anos. A maioria dos cidadãos suecos (67%), portugueses (63%) e dinamarqueses (60%) acham o mesmo. Em contrapartida, os cidadãos da Eslovénia e da Chéquia (32% e 30%, respetivamente) expressam uma opinião contrária, apontando para um papel da UE menos importante.
As preocupações em relação ao futuro e o pessimismo português
Sobre o futuro, os europeus (37%) consideram a defesa e a segurança como a primeira prioridade para reforçar a posição da União Europeia a nível mundial e 38% dos portugueses concordam. Ao nível da UE seguem-se as questões energéticas e a segurança alimentar/agricultura (ambas com 30%). Em Portugal, os cidadãos consideram que, para além das questões energéticas e da segurança alimentar (36%), a UE deve priorizar a competitividade, a economia e a indústria (32%).
O barómetro do Parlamento europeu revela algum otimismo dos portugueses quanto ao futuro. Apenas 15% das vezes admitem estar otimistas a maioria das vezes, 45% às vezes e 40% dizem nunca ou quase nunca estarem otimistas quanto ao futuro. Mas o pessimismo é maior: 30% dizem estar pessimista a maioria das vezes, 43% às vezes e só 27% nunca ou quase nunca.
Dezanove por cento dos portugueses admitem terem tido muitas dificuldades em pagar as contas ao final do mês nos últimos 12 meses e 44% dizem que lhes aconteceu isso de vez em quando. Uma situação diferente da média europeia: só 7% admitem terem tido dificuldades em pagar as contas a maioria das vezes e 29% de vez em quando. Sessenta e três por cento dizem mesmo nunca terem sentido dificuldades.
O Eurobarómetro de primavera de 2024 do Parlamento Europeu foi o último realizado antes das eleições europeias que se realizam em junho. As entrevistas foram levadas a cabo pela empresa de estudos de opinião Verian (anterior Kantar), entre os dias 7 de fevereiro e 3 de março de 2024, nos 27 Estados-Membros da União Europeia. O inquérito foi realizado presencialmente, com entrevistas em vídeo (CAVI), utilizadas na Chéquia, Dinamarca, Finlândia e Malta. Foram realizadas 26.411 entrevistas no total, das quais 1.032 a cidadãos portugueses. Os resultados da União Europeia foram ponderados de acordo com a dimensão da população de cada país.
