Os anjos e os demônios de Abel Ferreira

7 mar 2022, 17:15
Abel Ferreira lança livro «Cabeça fria, coração quente»

«DRIBLE DA VACA» - Opinião

«DRIBLE DA VACA» é um espaço de Opinião do jornalista Bruno Andrade. Pode seguir o autor no Twitter. O que é o «DRIBLE DA VACA»? Jogada no futebol que ocorre quando o jogador finta o seu adversário tocando a bola por um lado e passando por ele pelo outro.

Não se trata apenas de vitórias e jogar feio ou bonito. Nem sequer se trata de títulos. Se trata, acima de tudo, de postura, princípios e legado. Alguns não admitem - ou não querem admitir -, mas Abel Ferreira é um personagem extremamente necessário ao futebol brasileiro.

Sempre que pode, o já histórico treinador do Palmeiras, atual bicampeão da Libertadores, vem a público para cobrar melhorias, dentro e fora de campo, e colocar o(s) dedo(s) na(s) ferida(s), como, por exemplo, criticar a falta de profissionalismo de dirigentes e o calendário desumano.

Também preparado para contestar parte da imprensa que o persegue de forma desrespeitosa e vez ou outra xenófoba, o português, que tem pavio curto e muitas vezes também passa do tom aceitável, voltou a assumir o papel de interveniente de peso no Brasil. Bateu de frente com a violência.

"É preciso passar à ação. Palavras? O vento leva. A segurança me preocupa muito. É preciso morrer quantas pessoas mais? Não podemos olhar sem que essas instituições ou pessoas sejam punidas. Vou ter que pensar muito bem no que quero para minha família, para mim e meus jogadores", destacou, no último domingo, depois da vitória 2-0 frente ao Guarani.

"Os organismos, quer do futebol, quer extrafutebol, têm que dar a cara, têm que exercer os cargos que têm. Digo isso para o bem do futebol brasileiro e de todos nós. Que se junte a CBF, quem organiza os estaduais e o Ministério Público, mas que se tomem medidas", completou.

As fortes palavras do treinador alviverde surgem num fim de semana marcado pela morte de um torcedor antes do clássico mineiro entre Atlético-MG e Cruzeiro e, especialmente, pela briga generalizada no México durante Queretário-Atlas. Infelizmente, tragédias cada vez comuns no futebol mundial.

Abel precisa ser ouvido. Ser levado a sério. Ser criticado (com respeito) quando erra, mas exaltado quando acerta. Não sabemos até quando vamos tê-lo no Brasil. É aprender, aproveitar ao máximo e tirar todo e qualquer fruto de quem sabe o que fala. E o que faz. Repito: dentro e fora de campo.

É curioso - e também frustrante - constatar que o treinador na elite brasileira que mais tem brigado a favor do futebol do país nos últimos meses é um estrangeiro. Diz muito mais sobre nós, brasileiros, do que propriamente do português Abel Ferreira.

* Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil.

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