«O Paços de Ferreira, comigo, nunca jogará como jogou o Farense», diz José Mota

3 dez 2000, 20:28

Paços de Ferreira - Farense, 1-1 (reportagem) O treinador pacense não escondeu a revolta pelo jogo defensivo dos algarvios, acusa «as equipas que jogam para o empate» e afirma que «é esta atitude que coloca Portugal na cauda da Europa». Manuel Balela referiu que o Farense jogou contra «uma grande equipa»

Ambas as equipas estavam empatadas na tabela classificativa antes do encontro e assim irão permanecer até à próxima jornada. No final, as disposições dos dois técnicos eram bem diferentes.  

Visivelmente desagradado, José Mota tardou em aparecer, mas quando o fez, não poupou a postura do adversário: «Não estou satisfeito de forma alguma com este resultado. Com toda a sinceridade, o Paços de Ferreira, comigo, nunca jogará como jogou o Farense. Em lado nenhum! Respeito os adversários, mas o espectáculo tem de ser dado por ambos os conjuntos». Nem mais, nem menos. 

Para o técnico visitado, «o Paços pressionou bastante, mas a jogar contra dez homens atrás da linha da bola, na defensiva, é extremamente difícil. E logo, na única vez que levaram a bola até à nossa baliza deu golo», anota. Considera que a sua equipa não teve a estrelinha da sorte e explica porquê:« se conseguíssemos ter feito um golo, na primeira parte, com as várias oportunidades que tivemos, concerteza o jogo seria diferente, pois obrigaríamos o Farense a subir no terreno e os espaços seriam maiores. Mas o que é que a gente pode fazer? O futebol português é isto mesmo. As equipas jogam para um ponto e abdicam do espectáculo. Depois, vemos uma equipa a construir boas jogadas pelos flancos e tentar criar oportunidades, que não foram muitas, porque o adversário não permitiu. É verdade que o Farense é uma equipa muito experiente e cria muitas dificuldades com a sua forma de jogar, pois está vocacionada para fazer este tipo de futebol». 

«Por isso é que eu digo que adoro ver o campeonato espanhol», afere com toda a certeza, voltando à carga. «A maioria das equipas jogam de igual para igual, com vontade e determinação em conquistarem os três pontos. No futebol português tal não acontece. Um ponto em casa do adversário é bom e é com esse futebol que continuamos na cauda da Europa. Digo isto com toda a sinceridade. Nunca jogarei assim. Seja em que campo for», sublinha.  

Reconhece, no entanto, que a sua equipa «não foi objectiva e chutou pouco à baliza quando tínhamos oportunidades para o fazer», mas acima de tudo, «pela forma como trabalhamos e pela dignidade que os jogadores tiveram merecíamos outro resultado».  

«Jogámos contra uma grande equipa» (Manuel Balela) 

Manuel Balela foi o primeiro técnico a falar aos jornalistas. Quanto ao desfecho do

encontro, começou por afirmar que «nenhuma equipa joga propositadamente para o empate», reconhecendo prontamente o valor do adversário. «Jogámos contra uma grande equipa. O Paços de Ferreira está a fazer um grande campeonato e hoje sentimos muitas dificuldades neste campo e perante um adversário valoroso». 

Ainda sobre a partida, sustenta que «não foi um jogo de grande qualidade, o terreno não permitiu isso», diz, enaltecendo a «dignidade e empenho dos jogadores de ambas as equipas. Independentemente do resultado, sinto-me feliz e contente por trabalhar com estes profissionais». Faz ainda um elogio extensivo aos seus jogadores e do Paços de Ferreira, que «estão de parabéns». 

Quanto à boa época que o algarvios vêm fazendo no campeonato da I Liga, Manuel Balela defende que «para ocuparmos esta posição sofremos muito. Quando o campeonato começou eram 17 equipas, mais o Farense. À partida estávamos condenados a descer, mas os jogadores são os principais responsáveis por este lugar e por sermos uma equipa respeitada».

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