Filme de horror nos EUA: arrendou casa à presidente da câmara, passou por polícia, raptou uma mulher, violou-a, prendeu-a numa “masmorra”. Foi apanhado

CNN , Sara Smart, Emma Tucker, Joe Sutton e Andy Rose
20 ago 2023, 16:00
Negasi Zuberi

Homem acusado de manter uma mulher presa numa cela de blocos de cimento na garagem de casa em Oregon declara-se inocente e fica em prisão preventiva até ao julgamento em Outubro

Um homem acusado de raptar uma mulher e de a manter num “calabouço” de blocos de cimento na sua casa do Oregon declarou-se inocente das acusações de rapto e de transporte com intenção de se envolver em atividades sexuais, segundo os documentos do tribunal.

Negasi Zuberi, 29 anos, vai ficar em prisão preventiva até ao julgamento, conforme decisão numa audiência na segunda-feira. Segundo os documentos, o julgamento está marcado para 17 de outubro.

Zuberi foi levado sob custódia federal depois de uma mulher ter escapado da casa dele em Klamath Falls no mês passado, de acordo com um comunicado à imprensa do escritório do FBI em Portland. A mulher foi raptada de Seattle e agredida sexualmente antes de ser colocada numa “cela improvisada” na garagem de Zuberi, segundo os investigadores.

Após a prisão de Zuberi, o FBI disse que estava à procura de outras vítimas noutros estados.

Zuberi viveu em pelo menos 10 estados desde 2016 e foi ligado a agressões violentas em pelo menos quatro, de acordo com o FBI. Os investigadores têm motivos para acreditar que pode haver várias outras vítimas, disse a agência.

Zuberi foi acusado por um grande júri federal em Oregon, segundo documentos judiciais apresentados no início deste mês.

A advogada de Zuberi, Heather Fraley, disse à CNN, na altura da acusação, que não tinha comentários a fazer.

Negasi Zuberi. Foto: Cadeia do Condado de Washoe

Investigadores detalham a fuga angustiante da mulher

A 15 de julho, Zuberi viajou de sua casa em Klamath Falls para Seattle, onde se fez passar por um agente da polícia disfarçado para solicitar os serviços de uma prostituta, de acordo com o comunicado de imprensa do FBI. A vítima disse que Zuberi lhe apontou um Taser, algemou-a e colocou-lhe ferros nas pernas e depois pô-la no banco de trás do seu carro, segundo o FBI.

“Zuberi disse à vítima que ela estava presa”, disse o Departamento de Polícia de Klamath Falls num comunicado à imprensa. “A vítima relatou que Zuberi tinha uma arma de fogo, símbolos da polícia, um taser e outros equipamentos das forças da lei.”

Depois, ele conduziu de volta para sua casa em Klamath Falls - a mais de 700 quilómetros de distância - parando no caminho para atacá-la sexualmente, disse a vítima aos detetives, de acordo com o comunicado à imprensa.

A certa altura, durante a viagem de carro, a mulher reparou numa aplicação de mapas no telemóvel do suspeito que indicava que estavam a 2 horas e 4 minutos de distância do destino definido, de acordo com uma declaração juramentada analisada pela CNN. A mulher “soube nessa altura que Zuberi não era um agente da polícia e que estava a ser raptada”, diz o depoimento.

Ao chegar a casa, Zuberi colocou a mulher numa “cela improvisada que tinha construído na sua garagem”, feita de blocos de cimento e uma porta de metal que estava trancada do lado de fora, e deixou-a lá, disse o FBI. O FBI chamou à cela “uma masmorra”.

A mulher disse às autoridades que bateu repetidamente na porta até conseguir sair da cela, segundo o comunicado de imprensa.

“A vítima disse que sabia que Zuberi a mataria se ela ficasse no quarto”, disse a polícia. “A vítima começou a esmurrar a porta de segurança. A vítima conseguiu quebrar as soldas da porta e puxar para baixo o material metálico da porta. A vítima entrou então por uma pequena abertura na porta e fugiu.”

A mulher fez sinal a um automobilista que ligou para o 112, segundo o FBI. Foi levada para um hospital próximo, onde os detetives responderam a uma queixa de uma vítima de violação, segundo a polícia de Klamath Falls.

Mais tarde, a polícia localizou “sangue na vedação de madeira” que a mulher tinha trepado durante a sua fuga, diz a declaração juramentada. Não ficou imediatamente claro quanto tempo a mulher foi deixada na cela antes de fugir.

Os detetives localizaram Zuberi através da tecnologia de telemóvel algumas horas mais tarde em Reno, Nevada, onde foi preso após um impasse, segundo a polícia. Zuberi foi detido num parque de estacionamento do Walmart, segundo o depoimento.

“Devido à possibilidade real de que este não tenha sido o primeiro crime de Zuberi desta natureza, o FBI foi solicitado”, disse a polícia.

A polícia obteve um mandado de busca a 16 de julho e localizou a cela improvisada e outros itens, incluindo a carteira da vítima na garagem de Zuberi, de acordo com o depoimento.

A presidente da câmara de Klamath Falls, Carol Westfall, disse ao jornal local Herald and News que ela e o marido são proprietários da casa onde Zuberi alegadamente manteve a mulher presa. Westfall disse ao jornal que alugaram a casa a Zuberi e aos seus dois filhos há seis meses, mas referiu que o contrato de arrendamento não mencionava a existência de uma esposa ou de companheiros de quarto.

“Tínhamos pessoal de serviço a ir lá, e ele convidava-nos a entrar”, disse Westfall. Comentando os alegados actos de Zuberi, disse: “Foi incrivelmente descarado”.

A presidente da Câmara acrescentou: “Ele veio para esta cidade, mas agora acabou para ele".

Suspeito visava trabalhadoras do sexo e colegas de quarto, diz FBI

“Tivemos sorte por esta mulher corajosa ter escapado e alertado as autoridades”, disse a agente especial encarregada Stephanie Shark no comunicado à imprensa. “Embora ela possa ter ajudado a proteger futuras vítimas, infelizmente agora ligamos Zuberi a vários ataques violentos em pelo menos quatro estados e acreditamos que pode haver muitos mais”.

O FBI disse acreditar que Zuberi tinha como alvo profissionais do sexo ou colegas de quarto na Califórnia, Washington, Oregon, Colorado, Utah, Flórida, Nova York, Nova Jersey, Alabama e Nevada entre agosto de 2016 e julho de 2023.

As autoridades não detalharam como ligaram o suspeito a outros casos.

Zuberi - que também atende pelos nomes de Sakima, Justin Hyche e Justin Kouassi - terá usado vários métodos para “ganhar controlo sobre as suas vítimas”, incluindo colocar drogas nas suas bebidas, fazer-se passar por agente da polícia e solicitar os serviços de profissionais do sexo antes de as “agredir sexualmente de forma violenta”, segundo o FBI.

“Alguns dos encontros podem ter sido filmados para dar a impressão de que a agressão foi consensual”, disse o FBI. “As vítimas são ameaçadas de retaliação se notificarem a polícia”.

O FBI pediu a ajuda do público na busca de mais vítimas potenciais e informações adicionais sobre Zuberi.

E.U.A.

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