Portugal deve assumir que é favorito, mas ter os pés assentes na terra

2 dez 2023, 21:46
Portugal-Islândia (Lusa/Miguel A. Lopes)

A opinião de Maniche, antigo internacional pela Seleção Nacional

Portugal já conhece os adversários no Euro 2024. Bem, quase todos. Mas, seja qual for a equipa que saia do play-off C, a seleção nacional tem um grupo bastante acessível.

No entanto, é preciso ter atenção. A Turquia tem um bom treinador e bons jogadores. O italiano Vincenzo Montella tem feito um bom trabalho e conhece bem o futebol português.

É bom lembrar que a Turquia venceu o grupo de apuramento à frente da Croácia, finalista no Mundial 2018 e terceira no Qatar há um ano.

Já a Chéquia tem vindo a subir no ranking, foi segunda no apuramento, atrás da Albânia.

Insisto: o grupo é acessível, não é complicado.

Claro que o risco é facilitar. Tivemos exemplos que custaram no passado. Não se pode facilitar.

Se Portugal estiver ao seu nível, encarando o grupo como fez na fase de apuramento, deve vencer todos os jogos.

Sabemos da nossa qualidade, temos bons jogadores nas melhores ligas do mundo, que lutam, muitos deles, para serem campeões nos seus clubes.

Bernardo Silva disse, e bem, que somos favoritos. É preciso assumir. Mas jogar como tal. Não facilitar.

Até porque há sempre surpresas, há sempre uma equipa que surge como ‘outsider’. O País de Gales, em 2016, quase chegava à final.

Ou seja, há seleções que podem sobressair, até porque jogam sem nada a perder.

Nós, pelo contrário, temos bastante a perder. Porque somos vistos como favoritos.

Por isso, há que ter os pés assentes na terra.

É aqui que ganham importância a inteligência e a componente emocional. Ambas fazem parte do pacote, agora.

O encontro com a Suécia, em março, é um bom teste. Mas gostava de ver Portugal a defrontar também um cabeça de série, porque ainda não fomos testados por um favorito, ou por uma equipa mais forte. 

Seria importante testar coisas que ainda não foram testadas. Uma delas, a tal componente emocional, quando surgirem reais dificuldades.

O selecionador já tem a sua lista, seguramente. Os seus 23. A lista final dependerá de detalhes, de uma ou outra lesão, de um ou outro momento de forma.

Em suma: não há que vacilar.

Há que observar os adversários de forma rigorosa, como eles nos vão estudar a nós. E passar a mensagem aos jogadores, como o selecionador tem sabido fazer.

Num europeu, numa prova curta, haverá sempre quem, não jogando, possa ficar com ‘azia’, estragar o grupo.

Roberto Martinez sabe disso, preocupa-se sempre com os jogadores que criam bom ambiente.

Na altura, haverá quem não goste de uma ou outra opção do selecionador. É normal.

O selecionador vai ter de explorar a comunicação, colocar as pessoas a apoiar a seleção, mas com os pés na terra.

Claro, assumindo que somos favoritos. Pela qualidade dos jogadores que temos, não nos podemos fazer de ‘coitadinhos’.

A fasquia está alta para Portugal, mas temos estatuto.

Se Alemanha está como está e é vista como favorita, por que não Portugal, com o que tem feito e que ganhou em 2016?

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