Acordaram a centralização mas depois rasgaram o documento...

10 dez 2015, 11:06
Pedro Proença

Jorge Jesus, atual treinador do Sporting e grande figura da presente temporada, disse em tempos, e com razão, que o «fair play» no decurso de um jogo era uma treta. Aproveitando esse posicionamento apetece-me dizer o mesmo relativamente a acordos assinados pelos clubes em sede da Liga, como seja o da centralização dos direitos televisivos. Assim que surgiu uma oferta das arábias
, desculpem a expressão, o que se acordou foi mandado às urtigas, mesmo percebendo que o Benfica, maior marca do Desporto português, não podia fazer de anjinho. E até o presidente da Liga, perante o «desertar» encarnado, me parece ter-se baralhado um pouco na análise da situação.

Antes mesmo de tecer mais considerações ao que pode acontecer daqui para o futuro, em vésperas do assumir público do acordo NOS-Benfica e em cima, também, de reunião da direção da Liga, a ter lugar esta sexta-feira – gostava de ser mosca para ver o que dirá o representante do clube da Luz aos outros elementos do órgão dirigente -, não posso deixar de perguntar: o que será da BTV a partir do Verão, uma vez que regressará, segundo se diz, à fórmula inicial, ou seja à Benfica TV?

Sabendo-se que a comunicação social não é atividade segura há largos anos – vi coisas que não queria ver em quatro décadas de carreira – e que foi, e tem sido, exemplar a sua função, mesmo tratando-se de um canal de clube, qual será a estratégia a seguir? Tenho Luís Filipe Vieira como pessoa de bem e espero que continue a olhar como até aqui para quem muito valorizou televisivamente o nome do clube que lidera.

De volta aos direitos televisivos do clube mais popular português, e que por isso podem chegar aos 400 milhões de euros, o que me espanta é que na sua condição de membro da direção da Liga (juntamente com Sporting, FC Porto, Rio Ave, Vitória de Guimarães, Oliveirense, Freamunde, Portimonense, Hermínio Loureiro, em representação da FPF, e Pedro Proença, presidente da Liga), o Benfica tenha assinado um documento na primeira reunião do coletivo - assinatura por unanimidade - em que defendia a centralização dos direitos. Assinou para quê, se já adivinhava, não tenho dúvida, de que com as alterações no controlo dos operadores seria o primeiro clube a ser convidado (para mais vivendo numa esfera diferente dos demais), a tratar muito bem do seu futuro?

Podem dizer-me que está a abrir caminho a melhores negócios por parte dos seus parceiros/rivais, mas será que isso abrange todos os emblemas? E os tidos por mais pequenos vão lucrar mais com isso? Não acredito! Mais: até me parece que não havendo assim tanto dinheiro – e não pode haver porque se conclui agora que o País está falido apesar das múltiplas promessas feitas pela anterior governação… -, o mais provável é que os quadros competitivos sejam reduzidos. O que sendo bom porque aumenta a competitividade… também vai aumentar o desemprego.

É também nesse sentido que admito estarmos perante uma reunião de direção da Liga bastante acalorada, pois uma das bandeiras do atual presidente era a centralização. Mas também a era dos quatro anteriores – Hermínio Loureiro, Fernando Gomes, Mário Figueiredo e Luís Duque – e foi o que se viu. É verdade que Pedro Proença tem um mandato para quatro anos e ao fim de quatro meses acertaram-lhe em cheio com uma bomba nuclear. Se vai resistir não sei, mas depois de já ter afirmado (aniversário do Nacional) que a centralização dos direitos é um meio para chegar a um fim e que a Liga se regozija com os grandes contratos, não sei bem o que irá passar-se. É que a sua bandeira mais cara, segundo o meu entendimento, acaba de ser rasgada em milhões de bocadinhos…

PS1
– se ao Benfica vai tocar em sorte (ou azar…) um tubarão na Champions – a abordagem do jogo com os «colchoneros», peço desculpa, mas deitou muito a perder -, já o FC Porto vai ter de se contentar com a Liga Europa… por culpa do teimoso Lopetegui. Com tudo a seu favor inventou com o Dínamo Kiev e ao inventar também frente ao Chelsea, Mourinho e os seus «boys» não lhe deram hipótese de redenção.

PS2
– a preparar o futuro, e em definitivo o ataque ao título, o Sporting olha, a tempo e horas, para o reforço do plantel. Bruno César, Schellotto e Marvin estão garantidos, mas fala-se, também, em Ricardo Quaresma e na renovação de Carrillo. A confirmarem-se estas duas possibilidades, o leão avança com garras reforçadas em 2016.

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