Em Odemira chegaram a estar 12 aeronaves em simultâneo a combater o incêndio. Como é possível?

8 ago 2023, 15:21
Incêndio em Odemira (Luís Forra/LUSA)

Incêndio deflagrou no sábado à tarde e ameaça agora a Serra de Monchique. Esta manhã, as operações de combate às chamas contaram com 12 aviões em simultâneo

O incêndio que lavra em Odemira já obrigou à mobilização de 12 meios aéreos, a par com centenas de operacionais no teatro de operações de combate às chamas, que ameaçam agora a Serra de Monchique. No ano passado, por esta altura, um incêndio que deflagrou em Murça chegou a mobilizar o mesmo número de meios aéreos.

Na altura, Miguel Almeida, investigador do Centro de Estudos de Incêndios Florestais, explicou à CNN Portugal que esta mobilização de meios aéreos e operacionais no terreno exige uma elevada capacidade de coordenação, responsabilidade que cabe ao chamado COPAR, o coordenador de operações aéreas, que trabalha de forma muito próxima com o comandante de operações em socorro da Proteção Civil. E, de há um ano para cá, nada mudou, garante o investigador, assinalando que esta continua a ser uma diretiva operacional.

Tal como o nome sugere, o COPAR é o elemento responsável pela coordenação dos meios aéreos e do apoio técnico especializado caso estejam envolvidos na mesma operação mais de duas aeronaves de combate a incêndio.

Na prática, é ele que dá ordem para as descargas de água numa coordenada específica para combater as chamas, mediante a avaliação no terreno do comandante de operações em socorro.

As aeronaves operam "em parelha" de modo a garantir que a descarga de água acerta na coordenada definida.

Estas operações de combate a incêndios de grandes dimensões exigem, por vezes, o chamado "carrossel", nome que designa a manobra em que os meios terrestres efetuam descargas sucessivas "para uma maior eficácia", acrescentou na altura Paulo Severino, especialista em proteção civil.

Para Miguel Almeida, porém, esta manobra pode ser perigosa no caso de um imprevisto, por exemplo, como a mudança repentina da direção das chamas. Nestes casos, as decisões têm de ser tomadas em contrarrelógio para se proceder a uma readaptação dos meios com base nas previsões meteorológicas, indicou Miguel Almeida.

Além desta manobra dos meios aéreos, os meios terrestres também têm eles próprios uma prática de "carrossel", que significa, na prática, o abastecimento dos veículos dispostos numa sequência, explica Miguel Almeida. Este "carrossel" ocorre em operações de combate a incêndios onde já se saber que "se vai gastar muita água" e se procedem a "dois lances de mangueira" do mesmo veículo. Ao mesmo tempo, esse mesmo veículo é abastecido por um outro e assim sucessivamente, de modo a garantir que não falta água para combater as chamas.

O incêndio rural numa área de mato e pinhal deflagrou na zona de Baiona, na freguesia de São Teotónio, a meio da tarde de sábado, e já entrou por algumas vezes no Algarve, tendo na tarde de segunda-feira rodeado o centro de Odeceixe.

O fogo levou a Câmara de Odemira a ativar o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil, com efeitos desde as 14:30 de domingo.

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