Incêndio em Odemira ameaça Serra de Monchique. "Próximas 24 horas serão fundamentais"

CNN Portugal , DCT
8 ago 2023, 13:46
Populares combatem incêndio em Odemira (Luís Forra/Lusa)

Autoridades esperam a chegada de vento a sul para estabilizarem o fogo antes de o vento virar a norte

O incêndio de Odemira continua a ser aquele que gera maior preocupação junto da Proteção Civil e já levou à evacuação de 20 povoações e um parque de campismo, num total de 1.424 pessoas retiradas da zona de perigo.

No briefing à comunicação social da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, revela que este fogo “já atingiu uma área de cerca de sete mil hectares”, que, por ser caracterizada por extensas áreas de pinhal e povoamentos mistos, é “uma área difícil pelo combustível que tem”.

A Proteção Civil mantém, por isso, zonas de concentração e de apoio à população ativas em Odemira, São Teotónio, Aljezur e Monchique.

De momento, há três ocorrências significativas, “sendo aquela que merece maior preocupação no Alentejo Litoral, em Odemira, São Teotónio”. Há ainda ocorrências na sub-região do Tâmega e Sousa, em Cinfães, e também em Mangualde.

“Mantemos a vigilância ainda em 15 ocorrências que vêm dos dias anteriores, ocorrências que estão já em resolução ou conclusão”, continua o comandante, esclarecendo que decorrem “manobras de rescaldo e vigilância ativa em vários pontos do país, estando envolvidos 1.282 operacionais, 441 meios terrestres e o apoio de cinco meios aéreos”. Objetivo é evitar que estes fogos reativem.

Apesar do número de fogos ativos e ainda em rescaldo, não há incêndios com cortes de vias e itinerários principais, o que permite às pessoas “circular livremente no país”.

Desde a meia-noite desta terça-feira até às 12:00, “foram dados como novas ocorrências 38 incêndios, para os quais foram mobilizados 674 operacionais e 188 veículos, completados com meios aéreos”. 

Agosto quente é “um fator crítico”

O número de fogos tem vindo a ser crescente desde o início de agosto. “Desde o dia 1 até ontem [segunda-feira] temos tido um crescente de ocorrências, sendo que o pico foi no dia de ontem, com 114 ocorrências, das quais 84 no período diurno e 30 no período noturno”, explicou André Fernandes.

O tempo quente é “um fator crítico” e no caso do incêndio em Odemira as “próximas 24 horas serão fundamentais”, esperando-se vento a sul que permita estabilizar o fogo para quando o vento virar a norte as chamas não atingirem a Serra de Monchique. “Este é um dos objetivos principais“, assume o comandante.

Apesar de ser esperado um “ligeiro desagravamento“ da temperatura na região litoral Norte, nas principais áreas de interesse onde há fogos a meteorologia “continuará desfavorável”. Estamos a falar de humidades relativas perto dos 20%, a temperatura também acima dos 30 ºC e o vento, apesar de ser fraco, continua a ser um vento quente e seco, o que não ajuda na questão da humidade relativa do ar”. À noite a humidade não chegará aos 50%.

Ao longo destes primeiros oito dias de agosto “foram mobilizados 34 grupos de reforço dos corpos de bombeiros, envolvendo 1.190 bombeiros, 12 máquinas de arrasto de diferentes entidades”, nomeadamente do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, municípios e forças armadas, entre outros.

INEM e Cruz Vermelha têm assegurado apoio médico no teatro de operações e foram realizadas 55 assistências, 43 no local e 12 em unidades hospitalares, tratando-se de “feridos ligeiros, sem qualquer ameaça para a sua integridade física, ou seja, a vida”.

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