Kenedy: a história dos dois madeirenses que queriam outro Nélson

14 mai 2002, 00:36

Um dia especial na vida do jogador do Marítimo Quando o jogador do Marítimo as atenções foram todas dele. É a vantagem de ser a novidade entre os convocados de Oliveira.

Daniel Kenedy chegou à concentração da selecção nacional, num hotel no Vale do Jamor, depois das dez da noite. As entrevistas começaram muito antes, mal Oliveira divulgou a lista. Por volta das seis da tarde, quando embarcou no Funchal com destino a Lisboa, teve mais uma oportunidade de agradecer, com o filho ao colo, já no aeroporto.

Já tinham chegado ao hotel muitos nos seus companheiros, mas surgiu um corrupio de câmaras e jornalistas quando o jogador do Marítimo entrou. A primeira pessoa que cumprimentou foi o seleccionador António Oliveira para, segundo confidenciou pouco depois, lhe agradecer a chamada à selecção.

Seguiu depois, com ar tímido e um pouco assustado, para a sala onde os jogadores prestam declarações. Pelo longo caminho, mais uma vez povoado por elementos da comunicação social, encontrou Ricardo, que lhe foi quase oficialmente apresentado: «Este senhor aqui é o nosso guarda-redes», ouviu-se de um elemento da comitiva portuguesa. O guarda-redes do Boavista deu-lhe um longo abraço de parabéns. Kenedy sentou-se, respondeu às perguntas - talvez as mesmas que lhe fizeram durante todo o dia - e levantou-se mesmo a tempo de atender (mais) uma chamada. Depois, continuou a receber cumprimentos de muitos dos caçadores de autógrafos e outras pessoas que se encontravam pelo Hotel.

Mas quem primeiro deu os parabéns ao jogador à chegada ao Jamor foram Ivo Freitas e Avelino Aguiar. Assim que souberam da convocatória, à hora de almoço, decidiram ir cumprimentar Kenedy ao hotel. O primeiro, em Lisboa há sete anos, com um cachecol vermelho e verde, mas do Marítimo, não da selecção. O segundo, «à paisana», está no continente há treze. Dois madeirenses cheios de orgulho por ver um jogador do clube insular a representar a formação nacional.

A chamada de Kenedy não constituiu para eles uma surpresa, afinal estiveram bem atentos durante a temporada. Prova disso é o facto de acompanharem todos os jogos que o Marítimo faz no continente. «Tinha esperança que ele fosse chamado e mereceu, pela boa época que fez», disse Ivo. Avelino concordou. «Foi uma convocatória justa», sintetizaram.

Apesar de Kenedy já ter subido ao quarto, fizeram questão de ficar até todos os jogadores chegarem e, pelo caminho, desempenharam o papel de seleccionadores. As escolhas foram semelhantes: não levavam Frechaut e Ivo pensava duas vezes em levar Pedro Barbosa, «pela inconstância». Surpresa foi o facto de Fernando Meira ter ficado para trás. Já a não convocação de Quaresma pareceu justa, porque «tem jogado pouco». Apenas um protesto: em vez de Nélson, do Sporting, teriam convocado Nélson... do Marítimo.

Os jogadores da selecção, esses, já tinham subido aos quartos. Os dois madeirenses lá continuaram, a discutir a convocatória. Vai ser assim, mais um dia ou dois.

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