Portugal vai organizar a prova juntamente com Espanha e Marrocos. Novo grande evento no país depois da Expo 98, do Euro 2004 ou da Jornada Mundial da Juventude
O Mundial 2030 "vai pôr Portugal no mapa” e beneficiar a economia nacional. É esta a opinião de Pedro Brinca, economista e professor na Nova SBE.
“Portugal tem uma grande experiência na organização destes eventos, como o Euro 2004 e a final da Champions. É um país de clima ameno, seguro, com um custo de vida relativamente baixo para os estrangeiros. Tem todas as condições para ser um destino atrativo”, explicou o docente universitário à CNN Portugal.
De resto, refira-se, Portugal realizou eventos de dimensão semelhante em 1998, com a Expo, e também este ano, quando recebeu a Jornada Mundial da Juventude.
Pedro Brinca destaca também os potenciais benefícios económicos para o tecido empresarial português, principalmente para as indústrias que gravitam em torno do futebol.
“Todo este evento gera um conjunto de eventos de preparação que vão trazer muitas empresas estrangeiras a Portugal. Estas empresas interagem com as empresas locais, o que pode potenciar parcerias e alavancar alguns clusters”, explica. “Existe toda uma indústria que gravita à volta do desporto e do futebol, em particular, que pode crescer, beneficiar do networking e internacionalizar-se à custa desta oportunidade”, completa.
Por sua vez, Ricardo Ferraz, economista e investigador no ISEG, apesar de destacar a credibilidade que o país pode ganhar caso mostre uma “excelente capacidade de organização”, mostra-se menos confiante que o evento traga grandes benefícios a longo prazo.
“É um evento extraordinário, como foi a Jornada Mundial da Juventude. Não há aqui, no meu entender, um efeito reprodutivo que a economia portuguesa precisasse. O que Portugal precisa é de mais investimento direto estrangeiro, mais ‘Autoeuropas’, que produzam mais bens transacionáveis”, considera.
“O que vai acontecer é positivo, naturalmente, mas terá benefícios de curto prazo e relacionados com os serviços, como a hotelaria e a restauração”.
Ricardo Ferraz aponta ainda que os ganhos económicos “podem ficar concentrados em apenas duas cidades”, uma vez que apenas Lisboa e Porto vão acolher jogos do Mundial 2030. “No Euro 2004, organizámos mais jogos e espalhados por mais cidades. O impacto acabou por ser maior e mais disperso”, compara.
Quanto à possibilidade de construção de outras infraestruturas para servir o evento, como as de transporte, Pedro Brinca afirma que o horizonte temporal de seis anos e meio não permite programar a construção de mais obras.
“Estamos a falar de projetos que demoram muitos anos. Nesse sentido, creio que haverá algum reforço dentro daquilo que estará planeado para picos de procura, mas não acho que não me parece que seja viável começar a pensar em infraestruturas permanentes em cima daquelas que estão programadas para este horizonte temporal”, afirma o docente.
À notícia não ficou indiferente o ministro da Economia e do Mar, que se manifestou "feliz" por Portugal ser um dos organizadores do Mundial 2030, ainda que alertando que é preciso "fazer muito mais trabalho porque não é o futebol" que vai salvar o país.
"É evidente que estou feliz com essa notícia, nós somos um país de amantes de futebol, vai ter um impacto na economia, mas se quer que lhe diga temos que fazer muito mais trabalho, porque não é o futebol que nos vai salvar", disse António Costa Silva, que falava aos jornalistas à margem do 'I Sustainable Blue Economy Investment Forum', que decorreu no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais.
"O futebol é importante, vamos organizar um grande evento, mas eu estou muito mais preocupado com aquilo que vai ficar para o futuro. E nós já temos o exemplo claro do Euro2004 que trouxe estádios, alguns hoje estão desaproveitados e é por isso que mais importante do que o futebol, mais importante que as coisas que são conjunturais, nós temos de apostar naquilo que vai transformar a economia portuguesa", acrescentou o ministro da Economia.
A FIFA atribuiu esta quarta-feira a organização do Mundial 2030 a Portugal, Espanha e Marrocos. Os três primeiros jogos da competição serão, contudo, disputados na Argentina, Paraguai e Uruguai.