Estado Islâmico reinvindica ataque em Moçambique que matou nove militares

Agência Lusa , AFM
12 fev, 17:09
Soldado israelita na fronteira com a Faixa de Gaza (Fonte: AP)

Grupo terrorista afirma que está a expandir a sua ação na região

O Estado Islâmico reivindicou a morte de nove militares do Exército moçambicano e de um número não determinado de “cristãos”, num ataque a uma aldeia de Macomia, na província de Cabo Delgado.

Através dos seus canais de propaganda, o Estado Islâmico afirmou que o ataque teve lugar na passada segunda-feira, 5 de fevereiro, na povoação de Chai, centro do distrito de Macomia, alvo de outras incursões violentas nas últimas semanas.

O relato do grupo terrorista referiu igualmente que colocaram fogo a casas e veículos naquela “aldeia cristã”, tendo-se apoderado de armamento deixado pelos militares.

A Lusa não conseguiu confirmar a veracidade deste anúncio junto das autoridades moçambicanas, mas no mesmo canal de propaganda o grupo terrorista afirma que está a expandir a sua ação, tendo inclusive garantido que atacou com metralhadoras uma patrulha naval moçambicana no litoral de Macomia, em 02 de fevereiro.

Já esta segunda-feira, o administrador distrital de Macomia, Tomás Badae, confirmou que os grupos de insurgentes que atuam na província de Cabo Delgado atacaram uma posição das Forças de Defesa e Segurança naquele distrito.

O ataque aconteceu entre a noite da passada sexta-feira e a madrugada de sábado, entre 23:00 e 03:00 (21:00 e 01:00 em Lisboa), no posto administrativo de Mucojo, a 45 quilómetros da sede distrital de Macomia.

Desde a ocorrência do ataque, a comunicação com Mucojo ficou interrompida.

“Há problemas de comunicação em Mucojo, então torna-se difícil dizer se estão ainda lá ou não”, frisou Tomás Badae, sem mais detalhes.

Relatos de residentes locais dão conta de várias baixas entre os militares moçambicanos, mas sem confirmação das autoridades ou uma reivindicação pública do mesmo por parte do grupo terrorista.

Contudo, as confrontações levaram algumas pessoas a abandonar os seus campos de produção.

“Os terroristas estão a matar e a situação está cada vez mais difícil”, lamentou à Lusa uma fonte a partir de Macomia.

Na manhã de sábado, os rebeldes atacaram a comunidade de Litamanda, também em Macomia, onde, segundo fontes locais, terão matado uma jovem de 19 anos.

“Litamanda tem um número muito reduzido de pessoas a viver lá e, acho eu, por isso eles entraram. A jovem foi encontrada morta nas imediações”, disse à Lusa uma fonte próxima à vítima.

A situação gerou pânico entre os moradores, parte dos quais decidiram abandonar a aldeia para se refugiarem na vizinha comunidade de Chai, que tem uma posição militar.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reivindicados com o grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, libertando distritos junto aos projetos do gás.

Após um período da relativa estabilidade, nas últimas semanas novos ataques e movimentações foram registados em Cabo Delgado, embora localmente as autoridades suspeitem que a movimentação esteja ligada à perseguição imposta pelas Forças de Defesa e Segurança nos distritos de Macomia, Quissanga e Muidumbe, entre os mais afetados.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

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