Frio, barulho, falta de internet, de professores, de material… Missão Escola Pública inspira-se nas campanhas dos hipermercados e faz a lista do que está mal nas escolas

7 set 2023, 09:00
Campanha Missão Escola Pública

Depois da petição para batizar a ponte pedonal sobre o Trancão como “Ponte das Missões”, o movimento e professores mostra que nem as férias reduziram o desânimo dos docentes e, sobretudo, que a luta não parou na pausa letiva

O vídeo mostra uma criança aprumada no seu uniforme escolar novo, com os cadernos novos na mão e a mochila nova ao ombro, no meio de secretárias impecavelmente alinhadas, numa sala impecavelmente limpa. Mas rapidamente se passa para imagens de casas de banho escolares sem condições, de fios elétricos expostos, de janelas e portas sem isolamento, acompanhadas de uma voz que apela: “Escolhe a tua mochila de eleição, o teu estojo, os cadernos. Mas, quando os fores comprar, fala aos teus pais do projetor que não funciona, do ineficaz isolamento sonoro das salas, da internet que vai abaixo, compra também umas mantas quentes para o frio que passas no inverno. Tudo isto é também material escolar. O que rende é apostar em Educação”.

É o primeiro de uma série de vídeos diários lançados pelo movimento de professores Missão Escola Pública, que se inspira nos slogans dos hipermercados para o regresso às aulas para mostrar o que está mal na Educação em Portugal. “Temos tido a preocupação de, na pausa letiva e férias dos professores, mostrar que os docentes continuam indignados e insatisfeitos. Houve a oportunidade de mudar alguma coisa e de dar resposta a algumas das nossas reivindicações. Tendo em conta que não tivemos respostas decidimos não abrandar a luta”, diz Cristina Mota, porta-voz do movimento, em declarações à CNN Portugal.

Em pleno agosto e aproveitando o embalo da visita do Papa a Portugal e da polémica em torno do batismo da ponte pedonal sobre o Rio Trancão, a Missão Escola Pública lançou uma petição para que o nome fosse “Ponte das Missões”, em homenagem aos profissionais da Educação, mas também da Saúde, outra área onde há razões de queixa da atuação do Governo.

“Agora, tendo em conta que a campanha de regresso às aulas, com os folhetos dos supermercados surgiu a ideia de lançarmos nós a campanha com o que, de facto, faz falta nas escolas”, acrescenta Cristina Mota.

“Qualquer campanha publicitária de Regresso às Aulas privilegia a questão do material, mas a Missão Escola Pública decidiu inovar... fazendo exatamente o mesmo”, pode ler-se na publicação das redes sociais que acompanha o primeiro vídeo, lançado na última segunda-feira.

Até dia 14, todos os dias será divulgado um novo, a alertar para os problemas que todos os anos assolam o início das atividades letivas: “A falta de investimento na carreira docente, a falta de condições físicas e de trabalho. Os nossos vídeos vão focar a questão da burocracia, a falta de assistentes operacionais, a falta de técnicos especializados, o modelo de gestão que tem de ser revisto. São, no fundo, as reivindicações de sempre e para as quais não tivemos resposta”.

As aulas arrancam nas escolas portuguesas a partir de 13 de setembro para mais de 1.255.000 alunos. Um ano letivo que se adivinha conturbado, com greves de professores e pessoal não docente marcadas já para os primeiros dias.

 

Patrocinados