Homem apedrejado até à morte por profanar o Alcorão no Paquistão

Agência Lusa , RL
14 fev 2022, 07:09
Paquistão

Três agentes da polícia também foram feridos, e mais de 80 homens foram detidos

Uma multidão enfurecida apedrejou até à morte um homem por profanar o Alcorão dentro de uma mesquita, numa aldeia remota no leste do Paquistão, disse a polícia no domingo.

Três agentes da polícia também foram feridos, e mais de 80 homens foram detidos.

O responsável da mesquita disse ter visto o homem a queimar o livro sagrado muçulmano, segundo o porta-voz da polícia, Chaudhry Imran. A violência teve lugar no sábado à noite no distrito de Khanewal, na província de Punjab.

Imran disse que a polícia deslocou-se para a mesquita e encontrou o homem rodeado por uma multidão furiosa. Três polícias tentaram garantir a custódia do homem, mas o grupo começou a atirar-lhes pedras, ferindo um deles com gravidade.

Munawar Gujjar, chefe da esquadra de polícia de Tulamba, disse que tinha apressado reforços para a mesquita, mas que, quando estes chegaram, já a multidão tinha apedrejado até à morte o homem e pendurado o corpo numa árvore.

Gujjar disse que a vítima tinha-se mostrado "mentalmente instável durante os últimos 15 anos e, de acordo com a família, desaparecia frequentemente de casa durante dias, a mendigar e a comer tudo o que conseguia encontrar".

Mian Mohammad Ramzan, o guardião da mesquita, disse ter visto fumo dentro da mesquita, adjacente à sua casa, e apressou-se a investigar. Encontrou um Alcorão queimado e viu um homem a tentar queimar outro. Disse que as pessoas estavam a começar a chegar para as orações da noite.

Gujjar, o chefe da polícia local, afirmou que os investigadores estavam a digitalizar os vídeos disponíveis para tentar identificar os agressores. E acrescentou que a polícia tinha até agora detido cerca de 80 homens que viviam nos arredores da mesquita, mas que cerca de 300 suspeitos participaram no apedrejamento.

O primeiro-ministro, Imran Khan, expressou angústia por causa do apedrejamento e disse esperar um relatório das autoridades locais sobre o tratamento dado ao caso pela polícia, acrescentando, contudo, que os agentes "falharam no seu dever".

"Temos tolerância zero para qualquer pessoa que tome a lei nas suas próprias mãos e o linchamento por parte da multidão será tratado com toda a severidade da lei", escreveu na rede social Twitter.

Khan também pediu ao chefe da polícia de Punjab um relatório sobre as ações empreendidas contra os autores do linchamento.

O assassínio acontece meses após o linchamento de um gerente cingalês de uma fábrica de artigos desportivos em Sialkot, na província de Punjab, a 03 de dezembro, acusado de blasfémia por trabalhadores.

Os ataques por multidões a pessoas acusadas de blasfémia são comuns nesta nação islâmica conservadora. Grupos internacionais e nacionais de direitos dizem que as acusações de blasfémia têm sido frequentemente usadas para intimidar minorias religiosas e ajustar contas pessoais. A blasfémia é punível com a morte no Paquistão.

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