Entre o "catastrófico" ou a Terceira Guerra Mundial. Le Pen "adivinha" como vai acabar a guerra na Ucrânia

13 abr 2023, 11:01
Marine Le Pen (AP Photo)

Opositora de Emmanuel Macron diz que chegar à presidência não é uma questão de "se", mas de "quando", e promete que nesse dia o país ficará mais democrático

Defende a soberania da Ucrânia, o envio de algumas armas para Kiev e as sanções, mas não todas. Marine Le Pen afirma que a única solução para a guerra que dura há mais de um ano no este da Europa é negociar a paz imediatamente.

A principal figura do partido União Nacional garante, numa entrevista ao El País, que as outras duas alternativas são entre o “catastrófico” e a Terceira Guerra Mundial. “Se a Rússia ganha a guerra é catastrófico, porque todos os países com conflitos territoriais pensarão que podem resolvê-los com armas. Se ganha a Ucrânia, quererá dizer que a NATO entrou na guerra, pois estou convencida que sem a potência da NATO, [a Ucrânia] não pode ganhar militarmente à Rússia. E isso quer dizer que terá começado uma Terceira Guerra Mundial”.

“Se continuarmos a entregar armas a conta-gotas à Ucrânia, como fazemos agora, então enfrentamos uma nova guerra dos 100 anos, o que, tendo em conta as perdas humanas, é um drama imenso”, acrescentou, ainda que recusando concretizar como planeia chegar à paz. “Não vou dar-lhe aqui, numa mesa de café, um plano de paz”.

Até lá, defende Marine Le Pen, a União Europeia deve continuar a enviar armamento para a Ucrânia, desde que seja defensivo. Por outro lado, entende que as sanções devem continuar a avançar, mas nunca perante o setor energético, mesmo que França seja dos países que menos sofre com a rutura do envio de gás natural e petróleo da Rússia.

Questionada sobre a sua proximidade com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a principal figura da extrema-direita francesa recusa o rótulo de russófona, afirmando mesmo que acredita na soberania das nações: “Se a Ucrânia quer entrar na NATO, se é a sua vontade, não vejo quem se possa opor”, refere, sublinhando que é necessário tomar uma posição sempre que uma nação ataca a soberania de outra, como fez a Rússia.

Ainda assim, e distanciando-se da posição da atual primeira-ministra italiana, Marine Le Pen mantém-se eurocética. Contra a União Europeia, esclarece, mas não contra a Europa. “Mantenho-me eurocética e a cada dia que passa sou mais. Mas não cética a respeito da Europa, antes da organização política da Europa”, esclarece, criticando o presidente francês, Emmanuel Macron, por defender um projeto de soberania europeia.

“Para que exista soberania europeia é necessário um povo, e não há povo europeu”, vincou, elogiando o distanciamento da atual presidência francesa em relação à postura dos Estados Unidos sobre a China.

Voltando-se para dentro, Marine Le Pen corrige-se. Não é “se for presidente”, é “quando for presidente” de França. Nessa altura, diz, vai organizar um referendo para introduzir na Constituição a chamada preferência nacional, que daria preferência aos franceses sobre os estrangeiros no acesso ao emprego, à habitação e aos apoios sociais.

“Para mim o referendo deve fazer parte do funcionamento da democracia francesa. O que pretendo é fazer pelo menos um referendo por ano”, explicou, aproveitando para criticar o caos político e social que se vive no país por causa do aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos.

“Como querem que as pessoas não pensem que há um problema democrático?”, questiona, vendo em Emmanuel Macron a “hormona de crescimento dos que já não acreditam na democracia”. Ao contrário, garante Marine Le Pen, a sua presidência seria “mais democrática”, afirmando que sempre esteve “do lado das liberdades”.

Europa

Mais Europa

Patrocinados