Quem, o quê, onde, quando, como - só ainda não se sabe exatamente o porquê: Marcelo, o relato do desmaio e da hospitalização

5 jul 2023, 15:40

O que aconteceu antes de o Presidente ter tido alta

O Presidente da República sentiu-se mal esta quarta-feira durante uma visita à Faculdade de Ciências e Tecnologias, na Costa de Caparica. Marcelo Rebelo de Sousa ficou indisposto e chegou mesmo a desmaiar, tendo de ser retirado em braços por várias pessoas que estavam no local.

O chefe de Estado foi imediatamente transportado para o Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, onde é habitualmente seguido. Em nota enviada às redações, a Presidência confirmou que "o Presidente da República teve uma indisposição após uma visita na Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa e foi ao Hospital de Santa Cruz por precaução".

Minutos depois da chegada de Marcelo Rebelo de Sousa ao hospital, para onde foi transportado de ambulância, o chefe da Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo, descansou a população: o Presidente da República "está bem-disposto, nem queria cancelar a agenda da tarde", até porque "recuperou rapidamente os sentidos".

Fernando Frutuoso de Melo explicou que a ida ao hospital tratou-se apenas de uma necessidade de "verificar a situação", que não terá passado de um simples desmaio, possivelmente pelos efeitos do calor e da "agenda pesada" do chefe de Estado.

"Já falei com ele, nem queria anular a agenda da tarde. Está bem-disposto e a falar normalmente, mas vamos fazer exames", referiu Fernando Frutuoso de Melo, que falou diretamente com o Presidente da República.

"Muito boas notícias"

Miguel Mendes, diretor clínico do hospital, recebeu os jornalistas com "muito boas notícias", garantindo que o Presidente da República está "a conversar na plena posse das suas capacidades", sendo que tudo não terá passado de uma "situação benigna, explicada pelo tempo, pela meteorologia".

"Os primeiros testes têm resultados normalíssimos, ainda aguardamos outros exames, mas esperamos muito boas notícias", acrescentou Miguel Mendes, que preferiu não referir em concreto os exames realizados, mas sublinhou que não haverá relações com a situação cardíaca do chefe de Estado.

Entretanto, a CNN Portugal apurou que Marcelo Rebelo de Sousa teve de fazer vários exames, entre os quais um eletrocardiograma, estando a ser seguido pela sua habitual equipa médica, que já lhe tinha realizado uma intervenção cirúrgica em 2019, sendo que os dois casos não parecem estar relacionados.

"Está conscientíssimo, ligou-me para o telemóvel da ambulância", garantiu Fernando Frutuoso de Melo, que ainda não sabe se o Presidente da República terá de passar a noite internado.

Médicos pedem pedem repouso, mas sabem que não vai acontecer

O chefe da Casa Civil esclareceu que não está previsto cancelamento de nenhum dos eventos da agenda, à exceção do que ainda estava previsto para esta quarta-feira. Fernando Frutuoso de Melo disse mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa quis pedir pessoalmente desculpa por faltar aos compromissos que tinha marcado, tendo gravado mensagens de telefone para enviar já a partir do hospital.

Sobre a agenda futura, e mesmo apesar do susto, os médicos que acompanham o Presidente da República parecem resignados: "Tentamos que seja mais calmo, mas não conseguimos muitas vezes", brincou Daniel de Matos, médico pessoal do chefe de Estado, que lembrou que conhece Marcelo Rebelo de Sousa desde os 10 anos e que desde aí lhe recomenda que abrande o ritmo, mas sempre sem sucesso. "Não há nada a fazer, não tenho essa capacidade. É assim, sempre foi assim e assim será", acrescentou, falando mesmo numa "hiperatividade do Presidente".

Apesar das recomendações, Daniel de Matos não vê quaisquer razões médicas para que se tenha de cancelar a agenda. "Com os elementos que temos estamos tranquilos. Está em condições de falar já com os jornalistas, completamente, nós é que não deixamos", reiterou a sorrir.

Por sua vez, Miguel Mendes confessou que Marcelo Rebelo de Sousa está ansioso para deixar o hospital. Ainda que sem querer especular muito sobre o que vai acontecer, o clínico admitiu que isso pode acontecer ainda esta quarta-feira, dependendo do resultado dos exames adicionais.

Costa ligou ao chefe da Casa Civil e foi Marcelo que atendeu

Também otimista está o primeiro-ministro, que confessou aos jornalistas esperar que Marcelo Rebelo de Sousa deixe o hospital ainda hoje. António Costa explicou que ligou ao chefe da Casa Civil e que foi o próprio Presidente da República a atender.

"Está bem-disposto, ainda está no hospital, a fazer exames, mas está muito otimista que pode sair ainda hoje ao fim do dia. Espero que não tenha passado de um susto", sublinhou, dizendo que manteve o contacto com a Presidência desde o primeiro momento, até porque foi alertado pela ministra da Ciência e do Ensino Superior, que acompanhava a visita à Faculdade de Ciências e Tecnologia.

Questionado sobre se será prudente Marcelo Rebelo de Sousa abrandar o ritmo, António Costa lembrou que esse é um "conselho inútil" ao Presidente da República, conhecido por dormir pouco e pela constante atividade. "Isso não faz parte do seu estado vital, há pessoas que ganham energia em andamento e o Presidente da República é o caso", acrescentou.

O que pode ter acontecido ao Presidente

A explicação avançada pelos médicos que estão a seguir Marcelo Rebelo de Sousa aponta para um golpe de calor. Para o cardiologista Manuel Carrageta, esta tese é a mais provável, até pela constituição física do Presidente da República.

"É uma pessoa magra, tem mais tendência para ter baixas de pressão arterial. Com o calor há uma dilatação das artérias, para aumentar a circulação do sangue, para aumentar a superfície de arrefecimento", refere à CNN Portugal o especialista, que fala numa "síncope postural" induzida pela temperatura.

Manuel Carrageta explica que entre os exames a realizar estão o eletrocardiograma ou um raio X ao tórax, além das habituais medições de tensão e análise ao sangue.

De resto, e despistando eventuais cenários mais graves, o cardiologista diz que o comportamento do Presidente da República indica a ausência de outros sintomas, como dor no peito ou perda de sensibilidade nos membros, que podiam indicar diagnósticos mais preocupantes.

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