Um morto e 13 feridos após polícia disparar sobre manifestantes no Sri Lanka

Agência Lusa , RL
20 abr 2022, 07:21
Sri Lanka: motim devido ao aumento dos casos da covid-19

Manifestantes protestavam contra novos aumentos dos preços dos combustíveis

A polícia do Sri Lanka disparou esta quarta-feira sobre manifestantes que protestavam contra novos aumentos do preço dos combustíveis, matando um e ferindo outros 13, segundo fonte hospitalar.

Quinze agentes foram também internados com ferimentos ligeiros, após confrontos com manifestantes.

A polícia confirmou ter disparado contra os manifestantes em Rambukkana, 90 quilómetros a nordeste de Colombo, a capital do Sri Lanka, e ter mais tarde decretado um recolher obrigatório local.

O porta-voz da polícia, Nihal Talduwa, disse que os manifestantes estavam a bloquear vias férreas e estradas, tinham ignorado avisos para dispersarem e que atiraram pedras à polícia.

A médica Mihiri Priyangani, do hospital estatal em Kegalle, disse que 14 pessoas foram levadas para a unidade de saúde com ferimentos de bala e que uma tinha morrido.

Três outras foram submetidas a cirurgias e estavam a ser monitorizadas, enquanto os polícias chegaram com ferimentos ligeiros, possivelmente após terem sido atingidos por pedras, adiantou.

A embaixadora dos Estados Unidos no Sri Lanka, Julie Chung, e a responsável local da ONU, Hanaa Singer-Hamdy, apelaram à contenção de todas as partes e pediram às autoridades para assegurarem o direito do povo ao protesto pacífico.

Chung apelou ainda a uma investigação independente sobre o tiroteio.

O Sri Lanka está à beira da falência

O Sri Lanka está à beira da falência, com quase sete mil milhões de dólares (6,5 mil milhões de euros), de um total de 25 mil milhões de dólares (23,2 mil milhões de euros), de dívida externa que tem de ser paga este ano. O país tem tido dificuldade em importar bens devido a uma grave escassez de divisas estrangeiras.

Os cingaleses sofreram meses de escassez de bens essenciais como comida, gás de cozinha, combustível e medicamentos, fazendo fila durante horas para comprar os produtos ainda disponíveis.

Os preços dos combustíveis subiram várias vezes nos últimos meses, resultando em aumentos acentuados dos custos de transporte e dos preços de outros bens de primeira necessidade.

Milhares de manifestantes ocupam há 11 dias a entrada do gabinete do Presidente Gotabaya Rajapaksa, responsabilizando-o pela crise económica e exigindo a sua demissão.

O primeiro-ministro do Sri Lanka e irmão do Presidente, Mahinda Rajapaksa, disse na terça-feira que a Constituição será alterada para transferir alguns dos poderes presidenciais para o Parlamento.

Mahinda Rajapaksa disse no Parlamento que a alteração pode estabilizar politicamente o país e ajudar nas conversações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre um plano de recuperação económica.

Gotabaya Rajapaksa reconheceu na segunda-feira que cometeu erros que levaram à crise, tais como adiar um pedido de ajuda ao FMI e proibir a importação de agroquímicos, com o objetivo de tornar a agricultura do Sri Lanka totalmente orgânica.

Tanto o presidente como o primeiro-ministro recusaram-se a renunciar aos cargos, o que resultou num impasse político. Os partidos da oposição rejeitaram a proposta do Presidente de um governo de unidade, mas não conseguiram reunir uma maioria no parlamento para formar um novo governo.

Numa remodelação do Gabinete na segunda-feira, o presidente nomeou muitas caras novas e deixou de fora quatro membros da família.

O ministro das Finanças, Ali Sabry, encontrou-se com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, em Washington e solicitou um financiamento rápido para os países que enfrentam crises urgentes da balança de pagamentos.

A Índia também apoiou o pedido do Sri Lanka.

O Sri Lanka recorreu também à China e à Índia para obter empréstimos de emergência para a compra de alimentos e combustível.

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