Luís Montenegro arranca para debates eleitorais com novo "balão de oxigénio" após vitória nos Açores

6 fev, 17:51
Luís Montenegro, do PSD (Lusa/André Kosters)

Entre os sociais-democratas, há a noção de que a conquista da AD no domingo não apaga o dano causado pela queda de Miguel Albuquerque na Madeira, mas ajuda a “compensar o equilíbrio entre as boas e as más notícias"

A vitória da AD nos Açores está a dar “um grande ânimo à campanha” de Luís Montenegro que se estreia esta terça-feira nos debates eleitorais contra Mariana Mortágua e que leva consigo “um vento que vai ajudar” ao confronto após a vitória nas eleições dos Açores, considera Paulo Rangel, eurodeputado e um dos homens mais próximos do líder social-democrata.

Ainda assim, entre os sociais-democratas que falaram à CNN Portugal, há a noção de que a conquista de José Manuel Bolieiro no domingo, “não apagando os danos”, ajuda a “compensar o equilíbrio entre as boas e as más notícias depois da demissão do governo na Madeira”, realça José Ribau Esteves, antigo secretário-geral do PSD e presidente da Câmara Municipal de Aveiro.

Na senda desta vitória, a primeira dos sociais-democratas na região em 30 anos, o principal impacto para a campanha de Montenegro às legislativas, acrescenta o eurodeputado social-democrata Paulo Rangel, foi “finalmente ter posto a nu” a relação de “cumplicidade entre o PS e o Chega”, já que o Governo Regional, de maioria relativa, só cai se os socialistas votarem ao lado do partido de Ventura. “Isto vai obrigar o PS a ter de vir a jogo na campanha, coisa que até aqui tinha conseguido, de uma forma habilidosa, evitar”. Portanto, garante, este é um “aspeto que os irá penalizar”.

Paulo Rangel acrescenta também que o resultado das eleições mostraram como “o Chega roubou uma grande quantidade de votos ao PS”, que acabou por ver a sua “estratégia de apoio mútuo” a virar-se contra ele. “Eu já tinha avisado que um dia o feitiço iria virar-se contra o feiticeiro em que tiravam o génio da lâmpada e depois já não o conseguiam pôr lá dentro, esse dia chegou.”

Para “uma liderança que tem sido contestada a nível interno por não ser muito interventiva”, esta foi uma vitória “que terá influência na campanha nacional de Luís Montenegro”, considera o politólogo José Filipe Pinto, apontando que o líder social-democrata conseguiu “um segundo balão de oxigénio” que o vai alavancar principalmente nos próximos debates com os partidos“. 

“O primeiro balão de oxigénio surgiu com o importante apoio que Cavaco Silva que lhe manifestou quando disse que via nele as condições para ser o futuro líder do Governo em Portugal, agora com a vitória de Bolieiro nos Açores, sem o Chega, volta a alinhar o cordão sanitário em relação a esse partido”, observa o politólogo.

Ainda assim, o resultado do Chega nos Açores, que duplicou os votos e foi o partido que mais conseguiu crescer nestas eleições continua a gerar “preocupação” dentro do partido, sublinha José Ribau Esteves. “O país tem muitos problemas para resolver, precisa de um Governo estável e forte, e, obviamente, não é o Chega que vai garantir ao país essa fortaleza e essa estabilidade”, argumenta.

Com o arranque dos debates, destaca José Filipe Pinto, o país vai assistir a “um jogo de empurra” à volta do partido de André Ventura. “Por um lado, o PS não quer deixar de colar o PSD ao Chega para usar esse trunfo eleitoralmente”, por outro, o PSD “quer mostrar à opinião pública” que é Pedro Nuno Santos “quem está a empurrar o Chega para uma solução de direita”.

Também Paulo Rangel sublinha que o principal impacto que a vitória nos Açores terá nos próximos dias da pré-campanha é forçar Pedro Nuno Santos a explicar-se relativamente a qual é a sua posição face ao Chega. “É um jogo que é bastante negativo, porque, obviamente, estão até aqui a tentar fazer um jogo de sombras e a esconder-se atrás do biombo, mas, agora, o biombo caiu e está às claras que têm de tomar posições”, considera o eurodeputado.

Luís Montenegro estreia-se esta terça-feira, na TVI, nos debates eleitorais frente a Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda.
 

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