Carlos Moedas considera que existe “uma crise profunda na ética, na política” e quer criar um departamento municipal dedicado a esse tema
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), assumiu esta sexta-feira o desafio de pôr a capital portuguesa a “liderar pelo exemplo” na transparência e combate à corrupção, com a criação de um departamento municipal para essa finalidade.
“Este departamento que vamos ter de transparência e prevenção da corrupção em Lisboa, eu quero que ele seja um exemplo, não só em Lisboa, mas para todo o país e, também, um exemplo europeu”, afirmou o autarca do PSD, manifestando-se “muito triste” com a recente situação no Parlamento Europeu, com a detenção da eurodeputada grega Eva Kaili, após suspeitas de corrupção.
Carlos Moedas falava na abertura de um debate sobre “Como concretizar a Transparência e Prevenção da Corrupção na Câmara Municipal de Lisboa?”, que decorreu no Teatro Aberto, com a participação da vereadora do Urbanismo e da Transparência e Combate à Corrupção, Joana Almeida (independente eleita pela coligação “Novos Tempos” PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança).
No final do discurso, em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Lisboa realçou a importância desta conferência sobre prevenção de corrupção.
“Vivemos um momento muito difícil com a Europa. Estou muito triste de ver esta situação no Parlamento Europeu. O Parlamento Europeu, também, foi a minha casa. Uma situação como esta de corrupção, temos que a combater a todos os níveis, e o primeiro nível é o nível autárquico e o nível do município, e a Câmara de Lisboa vai, pela primeira vez, lançar um departamento de prevenção de corrupção e de transparência. É a primeira vez que isso vai existir em Lisboa e, portanto, é um momento a assinalar”, declarou.
Antes, durante o discurso de cerca de 20 minutos, Carlos Moedas classificou como “um escândalo” o que, alegadamente, aconteceu na casa da democracia europeia.
“Isto volta a mostrar aquilo que sempre disse como político, que é a permeabilidade que temos hoje nas instituições à corrupção”, afirmou o autarca, referindo que este escândalo se junta a tantos outros, “que têm destruído o país, […] que envolvem primeiros-ministros, ministros, deputados, autarcas”.
O social-democrata disse que existe “uma crise profunda na ética, na política”, o que leva o cidadão comum a se afastar, por perda de confiança, devido aos “grandes casos de corrupção, que refletem comportamentos e práticas inadmissíveis, incompatíveis com a democracia e que minam essa confiança”.