Linda chegou ao aeroporto e tinha dois desconhecidos à sua espera. Esta é a história de como acabou casada com um deles

CNN , Francesca Street
24 mar, 16:00
George e Linda vão celebrar o seu 53º aniversário de casamento no final deste ano. Aqui estão eles em Sevenoaks, no Reino Unido, a recordar o dia do seu casamento (Max Burnell/CNN)

Linda chegou ao aeroporto JFK, em Nova Iorque, em 1971, sem conhecer ninguém nos Estados Unidos, onde a sua vida estava prestes a mudar para sempre

A sala de chegadas do Aeroporto Internacional John F. Kennedy, a 3 de setembro de 1971, estava repleta de pessoas. Entre a multidão estava Linda Ford, de 24 anos, agarrada à sua mala, com a sua vida prestes a mudar para sempre.

Mas naquele momento, naquele exato momento, Linda não sabia que estava à beira de algo. Nessa altura, sentia-se simplesmente "bastante cansada".

Linda estava no aeroporto JFK prestes a iniciar um ano de ensino na Universidade da Cidade de Nova Iorque. Estava entusiasmada por continuar a sua carreira académica, por conhecer uma nova cidade - mas a mudança para o outro lado do Atlântico era assustadora.

Linda não conhecia ninguém nos Estados Unidos. Embora já tivesse deixado a sua casa no sudeste de Inglaterra antes - tinha passado uma temporada como estudante de pós-graduação em Paris a investigar a Revolução Francesa - a cidade de Nova Iorque parecia particularmente distante. O voo transatlântico foi o mais longo que já tinha apanhado e aterrou com um grande jet lag e mais do que um pouco apreensiva.

"Nova Iorque é uma cidade maravilhosa", conta Linda hoje à CNN Travel. "Mas é um pouco assustadora para alguém que nunca lá esteve antes, para uma mulher sozinha."

O Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova Iorque, fotografado em 1971, ano em que Linda conheceu George. (Foto: John Rooney/AP)

Mas Linda estava à procura de alguém na sala de chegadas: George Porter. Era praticamente um estranho - um homem que ela nunca tinha conhecido - mas era amigo de um amigo que tinha concordado em encontrar-se com ela à saída do voo.

Linda não sabia quase nada sobre George. Mas depois do conhecido em comum os ter colocado em contacto, trocaram um par de cartas transatlânticas. Na nota de Linda, ela detalhava exatamente o que iria vestir quando chegasse ao aeroporto JFK - imaginando que essa informação ajudaria George a localizá-la.

"Vou usar um top cor-de-rosa e branco com calças de cor bege", escreveu.

"Não faço a mínima ideia do que vou vestir", respondeu George.

Linda chegou a Nova Iorque "exatamente com as roupas que descrevi". No aeroporto, olhou em redor, procurando a multidão de pessoas. Depois, o seu olhar pousou em dois homens, de pé lado a lado, ambos a olharem para ela com curiosidade.

Um era alto, de cabelo escuro, com bigode e um sorriso no rosto. O outro era um elegante empregado da Air France, com um uniforme da companhia aérea.

"É a Linda Dean?", perguntou o homem de cabelo escuro com um sotaque do sul dos Estados Unidos.

Depois, o segundo homem cumprimentou-a com sotaque francês.

Linda olhava de homem para homem, confusa.

"Eu estava na estranha situação de chegar a um aeroporto muito movimentado, num país que nunca tinha visitado, e ser recebida não só por um, mas por dois jovens muito simpáticos", recorda Linda hoje.

"Estava na estranha situação de chegar a um aeroporto muito movimentado, num país que nunca tinha visitado, e ser recebida não só por um, mas por dois jovens muito simpáticos"

Linda Porter

O homem de cabelos escuros e bigode "era George", como Linda logo percebeu.

O homem da Air France era a carta fora do baralho. Era Jean-Claude, outro amigo de um amigo que ela nunca tinha conhecido, também ali, inesperadamente, para cumprimentar Linda. Jean-Claude era casado, ao que parece, com a prima de uma rapariga que Linda conhecera em Paris.

"Não me recordo exatamente como é que ele soube que eu ia chegar nesse voo. Mas também ele foi ao meu encontro", recorda Linda. "Era um francês muito encantador".

Jean-Claude, quando se apercebeu que George e Linda tinham um acordo pré-planeado, desistiu, poupando a Linda o embaraço de escolher entre dois guias de aeroporto.

"Esta situação potencialmente bastante confusa foi resolvida de forma muito amigável", conta Linda. "George acompanhar-me-ia até Nova Iorque."

Assim, Linda e George despediram-se de Jean-Claude. George pegou na mala de Linda. E partiram juntos para Manhattan.

Uma introdução à cidade de Nova Iorque

Linda chegou à cidade de Nova Iorque entusiasmada por embarcar num novo capítulo (Foto: Cortesia de G. Porter e Dr. L. M. Porter)

Tal como Linda, George Porter também era um recém-chegado à cidade de Nova Iorque. Cresceu numa pequena cidade do Arkansas e mudou-se para o nordeste para trabalhar como arquiteto.

No início da década de 1970, Nova Iorque era um "lugar excitante" e havia "muitas coisas novas a acontecer" para George, de 27 anos.

Mas mesmo quando se maravilhava com a cidade e com tudo o que ela tinha para oferecer, George sentia que Nova Iorque seria mais divertida "se fosse partilhada com alguém".

"Ainda não tinha encontrado exatamente a pessoa certa para o fazer", recorda George à CNN Travel.

Um velho amigo do liceu no Arkansas estabeleceu o contacto entre George e Linda - este amigo namorava com alguém do círculo alargado de Linda em Paris. Ela escreveu a George e perguntou-lhe se ele se encontraria com Linda no aeroporto no dia 3 de setembro de 1971. Na sua nota, a amiga contou a George um pouco sobre Linda - descrevendo o seu intelecto, a sua ambição, o seu sentido de aventura.

"Linda parece ser o tipo de pessoa de quem eu poderia acabar por gostar bastante, porque gosto muito de mulheres inteligentes", conta George.

"Pareceu-me uma coisa divertida de fazer", recorda George, que acrescenta que também estava "fascinado com a ideia de ser alguém de Inglaterra, da Europa".

No JFK, procurou mulheres jovens e loiras que pudessem ser Linda, excluindo-as quando não usavam o indispensável top cor-de-rosa e branco. Depois reparou que Jean-Claude, o empregado da Air France, também se aproximava das mulheres e também lhes perguntava se eram Linda Ford.

"Foi então que percebemos que estávamos ambos à espera da mesma pessoa", explica George.

Quando George viu pela primeira vez Linda a caminhar por entre a multidão em direção a ele, ficou logo impressionado com ela, achando-a "bastante bonita".

Linda, por seu lado, achou que George "parecia muito encantador".

E apesar da surrealidade do seu encontro no aeroporto - e do Jean-Claude presente em tudo isto - Linda e George sentiram-se instantaneamente confortáveis um com o outro. Juntos, apanharam um autocarro para a cidade em direção ao alojamento temporário de Linda no centro da cidade. Era de noite e Linda estava exausta da viagem, por isso George deixou-a a descansar - mas não sem antes lhe perguntar se ela gostaria que ele lhe fizesse uma visita guiada a Nova Iorque no dia seguinte.

Linda concordou e, assim, a 4 de setembro de 1971, ela e George percorreram juntos toda a extensão de Manhattan - conversando, passeando, conhecendo-se.

George Porter era do Arkansas. Quando conheceu Linda, tinha-se mudado recentemente para Nova Iorque e estava entusiasmado por encontrar alguém com quem partilhar a cidade. (Foto: cortesia de G. Porter e Dr. L. M. Porter)

Aperceberam-se, como diz Linda, que tinham uma "perspetiva de vida semelhante". Eram ambos "política e socialmente conscientes", diz ela, e "havia uma espécie de gravitação natural".

George adorava ver a cidade que lhe tinha conquistado o coração através dos olhos de Linda. Era evidente que Linda também estava a ficar rapidamente apaixonada por Nova Iorque.

"Lembro-me de, à noite, andar de táxi para o teatro pela cidade de Nova Iorque e ver todos os arranha-céus iluminados", diz Linda que se recorda ainda de ter ficado "cativada".

"Ambos ficámos muito cativados pela cidade de Nova Iorque", conta George. "Adorámo-la absolutamente."

George e Linda também foram cativados um pelo outro. Os dias sucediam-se, e eles continuavam a passar todos os momentos que podiam juntos. George levou Linda no Staten Island Ferry - não para visitar Staten Island, mas para admirar as vistas espetaculares do horizonte da cidade a partir da água.

"É uma forma maravilhosa de sentir a ilha de Manhattan", explica Linda. "Depois, mais tarde, provavelmente não no primeiro fim de semana, mas pouco depois de eu lá ter chegado, fizemos um passeio de barco que dá a volta à ilha e passa pela Estátua da Liberdade."

A ligação romântica de Linda e George "simplesmente aconteceu", comenta Linda. "E muito rapidamente, devo dizer, também."

Cerca de uma semana depois da chegada de Linda ao JFK, Linda e George deram o seu primeiro beijo numa noite no apartamento de George.

"Penso que se partilharmos interesses e tivermos uma personalidade bastante extrovertida, como é o caso de ambos, as coisas surgem naturalmente", diz Linda.

"E quer dizer, o George era muito bem-parecido - ainda é. Mas era. Os meus amigos em casa ficaram muito impressionados, como podem imaginar."

George e Linda apaixonaram-se tendo como pano de fundo uma Nova Iorque movimentada dos anos 70. Passearam pelos museus da cidade, foram ao teatro, relaxaram no Central Park e andaram de mãos dadas pelas ruas.

O primeiro mês em que Linda esteve lá foi quente e húmido, mas outubro foi "lindo". À medida que as folhas das árvores do Central Park ficavam bronzeadas e douradas, Linda e George aproximavam-se.

Entretanto, Linda adaptou-se ao seu emprego na universidade - a deslocação era longa, mas o trabalho era interessante e gratificante. Encontrou um apartamento na Terceira Avenida, em Manhattan, partilhando-o com duas novas amigas, Penny e Patty.

Ao mesmo tempo, George vivia no centro da cidade, num apartamento a que chama "não o melhor do mundo" - a casa não era só para ele, mas também para muitas baratas e um velho colchão de água deixado pelo anterior inquilino hippie.

Nova Iorque já não era o epicentro da contracultura que tinha sido dez anos antes - "agora todos os hippies estavam na Costa Oeste", recorda George.

"Mas Nova Iorque era, de certa forma, um pouco mais autêntica, um lugar onde muitas coisas estavam a acontecer", conta George. "Na altura, era um lugar muito, muito excitante."

Comprometer-se um com o outro

George e Linda adoravam dar festas. Eis uma das formas inovadoras como enviavam convites para festas. (Foto: Cortesia de G. Porter e Dr. L. M. Porter)

Cerca de seis semanas após a chegada de Linda a Nova Iorque, o pai de Linda veio à cidade em negócios. Linda ficou satisfeita por ter a oportunidade de o apresentar a George.

"Disse-lhe que George me tinha levado a passear e que estávamos a gostar da companhia um do outro", recorda. "Foi bom que eles se conhecessem logo no início da nossa relação."

Depois, quando chegou o Natal, George convidou Linda para passar as férias com ele e conhecer a sua família.

Nessa altura, Linda já estava a habituar-se à cidade de Nova Iorque. A pequena cidade do Arkansas foi outro choque cultural, mas para Linda era fascinante, com a sua "paisagem muito bonita, montanhas e pinhais, e para além disso tinha lagos".

Os pais de George acolheram Linda com alegria - estavam entusiasmados por ver o filho tão contente e ficaram fascinados com as histórias de Linda sobre a vida no Reino Unido. A mãe de George disse orgulhosamente aos seus amigos que o jovem casal estava " comprometido para ficar noivo".

George e Linda afastaram esses comentários, mas era verdade que viam um futuro um com o outro. Assim, na primavera de 1972, foram viver juntos. Adoravam acordar todos os dias no mesmo pequeno apartamento e passar longas noites na cidade.

Mas havia um limite de tempo para esta felicidade - o visto de trabalho de Linda só lhe permitia ficar nos EUA durante um ano. O seu período em Nova Iorque tinha um ponto final definitivo.

Foi assim que começou a conversa sobre o casamento. Não houve um grande pedido de casamento romântico, mas para George e Linda, o momento não deixou de ser romântico, simplesmente porque a decisão de se comprometerem era tão óbvia para ambos.

George e Linda no dia do seu casamento. (Foto: Cortesia de G. Porter e Dr. L. M. Porter)

"Quando conhecemos alguém com interesses e perspectivas muito semelhantes, ocorre-nos que talvez seja sensato passar o resto da nossa vida com essa pessoa", afirma Linda.

Linda e George regressaram ao Reino Unido para se casarem no verão de 1972. O casamento teve lugar em Sevenoaks, em Kent, Inglaterra, onde viviam os pais de Linda. Foi uma pequena celebração. O vestido de noiva de Linda foi inspirado num desenho que tinha visto numa revista em Nova Iorque, feito por alguém no Reino Unido.

Linda diz que o dia do casamento foi "a concretização de um ano em que nos aproximámos um do outro".

"Eu estava tão entusiasmado quanto possível", refere George, mas acrescenta que pensou no dia do casamento mais como um "compromisso público".

"Acho que já tínhamos assumido compromissos privados um com o outro antes disso", declara.

"Sim, tínhamos", concorda Linda.

Recém-casada, Linda - que adoptou o nome de George, tornando-se Linda Porter - regressou aos EUA, aterrando mais uma vez no aeroporto JFK. Passara menos de um ano desde que conhecera George na movimentada sala de chegadas. Agora estavam a atravessar o aeroporto juntos, começando um novo capítulo.

Linda e George mudaram-se para um novo apartamento em Manhattan, na West End Avenue, entre o Riverside Park e a Broadway. Davam festas animadas, convidando amigos até altas horas da madrugada. Continuavam a adorar Nova Iorque. Iam ao teatro, assistiam a concertos e passavam as tardes em galerias de arte.

Mudança para o outro lado do Atlântico

Linda em Nova Iorque, quando estava grávida da sua filha. (Foto: Cortesia de G. Porter e Dr. L. M. Porter)

Mais tarde, em 1975, Linda e George deram as boas-vindas à filha, que passou os primeiros anos em Nova Iorque, até que, em 1979, a família se mudou para o Reino Unido.

Esta decisão foi influenciada por uma série de factores. Por um lado, Linda sentia que a sua carreira académica tinha estagnado, continuava a trabalhar em part-time e não sabia bem o que fazer a partir dali. Entretanto, a cidade de Nova Iorque estava em dificuldades, como George recorda, pelo que os trabalhos de arquitetura eram subitamente escassos. Além disso, George e Linda não tinham a certeza se queriam criar a filha na cidade - mas também não queriam mudar-se para os subúrbios de Nova Jérsia.

"Porque é que não experimentamos viver no Reino Unido?", sugeriu George um dia. E assim, em 1979, fizeram as malas, enviaram os seus pertences mais preciosos para o outro lado do Atlântico e mudaram-se para Sevenoaks, a cidade natal dos pais de Linda, onde se tinham casado.

George estava entusiasmado por experimentar a vida no Reino Unido - e a sua mãe, em vez de se opor à mudança do filho para o outro lado do Atlântico, ficou encantada.

"Ela detestava Nova Iorque", conta George. "Mas ficou bastante encantada com a parte sul de Inglaterra."

Quando regressou ao Reino Unido, Linda deixou o mundo académico para trás e trabalhou numa empresa durante 22 anos.

Mas mais tarde, quando a filha já era crescida, Linda regressou ao seu primeiro amor - a investigação e a escrita. Desde então, escreveu cinco livros de história - centrados na história britânica dos Tudor - e o sexto será publicado em junho de 2024.

Cinco décadas de amor e apoio

George e Linda estão casados há mais de 50 anos. Aqui estão eles na sua casa em Sevenoaks, no Reino Unido, a olhar para trás, para o dia do seu casamento. (Foto Max Burnell/CNN)

Agora com 70 e poucos anos, George e Linda ainda vivem felizes em Sevenoaks, no Reino Unido.

Entretanto, a filha, já adulta, está casada, tem duas filhas adolescentes e vive na Suíça. Linda e George orgulham-se da sua família internacional.

"Se os nossos pais vieram de países diferentes, não é necessariamente alarmante irmos viver para outro sítio", afirma Linda.

A família reúne-se sempre que pode - por vezes no Reino Unido, outras vezes na Suíça e, ocasionalmente, em férias noutras partes do mundo. Já há alguns anos que Linda e George não vão aos Estados Unidos, mas há uns anos a filha de Linda e George levou os filhos a Nova Iorque e eles voltaram a seguir as pegadas do primeiro encontro dos avós.

Este ano, Linda e George vão celebrar o seu 53º aniversário de casamento.

"As pessoas partem muitas vezes do princípio de que existe algum segredo", refere Linda sobre as suas décadas de felicidade.

"Penso que, no nosso caso, é uma combinação de interesses semelhantes, mas também de origens bastante diferentes, o que pode produzir um tipo de tensão positiva, se quisermos."

Linda acrescenta que o casamento é "uma viagem".

"E, como todas as viagens, por vezes tem voltas e reviravoltas, mas o final é sempre o facto de estarem juntos", explica Linda.

"Como todas as viagens, por vezes tem voltas e reviravoltas, mas o fim é sempre estarem juntos".

Linda Porter, sobre o casamento

"Estou muito grato por isso", concorda George, que acrescenta que os casamentos longos englobam muitas fases diferentes.

"Tenho quase 80 anos, já não sou como era quando Linda me viu pela primeira vez", diz ele, embora ainda tenha o bigode.

"Houve um grande número de transições - eu diria que o nosso casamento nunca foi o mesmo de um ano para o outro. Está sempre a evoluir".

Mas ao longo dos anos, das fases e das transições, um ponto forte do casamento de Linda e George tem sido o "apoio" que dão um ao outro, como diz George.

Olhando para trás, para o seu encontro no aeroporto, cinco décadas depois, e para a série de acontecimentos fortuitos que levaram ao seu encontro, Linda afirma que não acredita muito em coincidências. Ela e George acham que "a vida é o que fazemos dela" e são grandes defensores da importância de "seguir os nossos instintos" e de nos empenharmos em fazer com que algo resulte quando nos parece certo.

Ainda assim, o casal continua a rir-se quando se lembra de Linda a pisar solo americano pela primeira vez e a encontrar dois homens à sua espera nas chegadas do JFK.

"Jean-Claude foi muito agradável", declara George, rindo. "Mas fui eu que acabei por ficar com ela."

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