Aos 18 anos, o brasileiro de Tubarões partiu para a Bielorrússia à procura de clube. Agora brilha na equipa dos Arcos
Três figuras surgiram em destaque na vitória folgada do Rio Ave frente ao Estoril, na Amoreira. Hassan, que marcou três golos, Pedro Moreira, que marcou dois, e Bressan que, apesar de não ter marcado nenhum, fez assistência para quatro dos tentos dos rioavistas.
Até ao jogo com o Estoril, o internacional bielorrusso tinha jogado apenas 5 minutos pelo Rio Ave na Liga, no encontro com o V. Setúbal, e 45 na Liga Europa, frente ao Elfsborg, mas a sua importância na equipa dos Arcos promete aumentar com a saída de Filipe Augusto, que deverá acontecer a qualquer momento.
Se a boa atuação de Bressan frente ao Estoril surpreendeu muita gente, Yago Fernandez, central português do Oriental, e amigo do bielorruso avisa: «Ele é capaz de muito melhor».
«Não me surpreendeu nada. Ele é um jogador com muita qualidade técnica e tática. Muito inteligente. Ainda ontem reparei que ele não dava um toque na bola, dava meio. Já estava antes a pensar a jogada. Deu espetáculo» conta o central português.
Além da qualidade individual, Yago destaca uma qualidade do jogo de Bressan: «Facilita muito o trabalho dos colegas».
Uma aventura europeia que começou aos 18 anos
Renan Bressan de 26 anos nasceu em Tubarão, Sul do Brasil, e aos 18 anos mudou-se para a Europa á procura de clube. Tentou primeiro na Ucrânia, onde teve tudo acordado para assinar um contrato, mas o negócio acabou por correr mal. Bressan tentou então outro país, a Bielorrússia. Após quase dois meses à experiência no Gomel, e quatro meses após ter saído do Brasil, acabou por assinar pelo clube bielorrusso, onde ficou por três anos.
Mudou-se depois para o Bate Borisov, onde jogou por mais três anos, com 20 golos em 40 jogos, e que lhe abriu as portas da Liga dos Campeões e, após se ter naturalizado bielorrusso, passou a representar a seleção. Foi com a camisola da Bielorrússia que Bressan viveu aquele que diz ser o momento mais especial da sua carreira: marcar um golo frente ao Brasil nos jogos Olímpicos de Londres.
«Na Bielorrússia, Bressan era uma estrela. Toda a gente o conhece», contou Yago. Uma estrela, não só nos relvados, mas também no pequeno ecrã, quando foi um dos protagonistas de uma campanha da Coca Cola.
Depois de atingir «o pico» na Bielorrússia, Bressan rumou ao Alania, da Rússia, onde jogou durante duas época, antes de rumar ao Astana do Cazaquistão, clube de onde se mudou para o Rio Ave.
Amizade entre rivais
Yago e Bressan conheceram-se na época passada, quando ambos jogavam no Cazaquistão. O português representava o Shakhter e o bielorruso jogava no Astana. Eram adversários em campo, mas rapidamente se tornaram amigos. «Ele nasceu no Brasil, é uma pessoa muito alegre, divertida, identifica-se mais com a maneira de ser dos portugueses do que com os jogadores de leste. Na equipa dele, só tinha um jogador que falava português, o Cícero [jogador do Paços de Ferreira]. Na minha nem havia nenhum. Por isso começamos a passar muito tempo juntos. Quando ele podia vinha ter comigo a Karagandy. Eu, quando podia, ia ter com ele e com a mulher a Astana».
«Parece que nos conhecemos há mais tempo porque sabemos tudo um do outro», conta Yago Fernandez. O central recorda até uma história curiosa. «Na altura da paragem do campeonato, ambas as equipas estiveram em Almati em estágio, e ficaram no mesmo hotel. Quando não estávamos a treinar, passávamos o tempo no meu quarto a jogar playstation. Os colegas andavam sempre a perguntar por ele».
«Depois de tantos anos no leste, ele queria um campeonato mais competitivo. Além disso, adora estar em Portugal, está felicíssimo», conta o amigo, que revela que Pedro Martins já andava de olho em Bressan quando era técnico do Marítimo. «Penso que foi o principal motivo que o levou a vir para cá. Ele sabia que o treinador acreditava nele».
E Yago Fernandez também não parece ter dúvidas: «Ele vai impor-se rapidamente na equipa e no futebol português. Vai ser um jogador muito importante no Rio Ave», vaticina.
