Sporting-Desp. Chaves, 0-2 (crónica)

Ricardo Gouveia , Estádio de Alvalade
27 ago 2022, 22:35

Azia histórica em Alvalade

Há 23 anos um jogo com o Chaves foi motivo de «grande azia» para terceiros, mas este sábado foram os próprios leões que ficaram a pedir bicarbonato de sódio, com uma surpreendente derrota diante da equipa transmontana, em casa, por 2-0. Ruben Amorim não se cansou de repetir, depois do desaire no Dragão, que «o Sporting está bem e recomenda-se», mas a verdade é que o leão continua a acusar a saída de Matheus Nunes e a prolongada ausência de Paulinho. É evidente que falta um homem de área e os transmontanos passaram uma fatura bem elevada por essas lacunas. Ao fim de quatro jogos e com o mercado a fechar, a equipa leonina soma apenas quatro pontos e, nesta altura, o título já parece uma miragem. O Chaves, por seu lado, alheio aos problemas do leão, fez história com a primeira vitória em Alvalade.

Ruben Amorim procurou «remendar» a equipa com o recuou Pedro Gonçalves para o lugar que era de Matheus Nunes e o médio, numa fase inicial, até encaixou bem na nova posição, oferecendo mobilidade, mais jogo entre linhas e poder de remate de média distância, mas na frente, como o treinador tinha avisado, os três «baixinhos» sentiram tremendas dificuldades para visar a baliza de Paulo Vítor. Com Pote recuado, quem marca golos? O treinador deixou a pergunta no ar na conferência de imprensa, mas não houve resposta no jogo desta noite.

Com Trincão, Edwards e Rochinha na frente, o jogo começou com o Sporting a carregar por todos os lados, num jogo que rapidamente se percebeu que ia ser de sentido único. O Desportivo de Chaves foi obrigado a encolher-se na primeira parte, defendendo com duas linhas, em 4x4x2, com Benny a ajudar a fechar o corredor direito. Os leões, apesar de terem muita gente pela frente, até conseguiam abrir espaços, com a subida de Nuno Santos pela esquerda e o trio da frente em constantes movimentações, a baralhar as marcações, mas depois não conseguiam encontrar aberturas para visar a baliza de Paulo Vítor.

Foi nessa altura que Pote começou a experimentar a meia distância, já depois de um remate forte de Nuno Santos. Pedro Gonçalves começou por mostrar-se aos 14 minutos, com um remate com o pé esquerdo, de fora da área, que foi ao poste e ainda bateu no braço de Paulo Vítor, mas a bola passou caprichosamente ao lado do poste, para desespero do médio. Pouco mais de cinco minutos depois, outra vez Pote que, depois de uma combinação com Trincão, na zona central, atirou colocado, mas Paulo Vítor, com uma grande estirada, voltou a adiar o golo. Num jogo de sentido único, os leões também conseguiam abrir o jogo para as alas, com Edwards e Nuno Santos a conseguirem arrancar bons cruzamentos, mas depois faltava sempre um homem de área para a finalização.

Com o intervalo a aproximar-se, os leões voltaram a carregar no acelerador e Rochinha também experimentou o remate de meia distância, depois de uma iniciativa de Edwards, enquanto Gonçalo Inácio com uma cabeçada, a cruzamento do inglês, também ficou a centímetros de inaugurar o marcador.

O Sporting chegou ao intervalo com quase setenta por cento de posse de bola, seis pontapés de canto e treze remates contra nenhum do Chaves, mas a verdade é que o nulo permaneceu intacto. O Desportivo de Chaves, por seu lado, defendeu muito bem, mas depois sentiu dificuldades para sair a jogar, com apenas uma exceção, em que Hector arrancou em velocidade, mas Coates recuperou a tempo de anular o lance.

Aviso e dois baldes de água gelada

A segunda parte começou com mudanças para os dois lados, mas o Sporting, agora com Matheus Reis no lugar de Neto, pouco mudou a sua forma de jogar, continuando a explorar bem os flancos, mas sem ninguém para finalizar na área. Mudou muito mais o Chaves com as entradas de Juninho e Obiora, ensaiando as primeiras transições rápidas. Hector, lançado por Batxi, fez um primeiro aviso, com uma arrancada e um forte remate que proporcionou a defesa da noite a Adán. Os leões não levaram o aviso a sério e acabaram por pagar bem caro por isso.

Logo a seguir, na sequência de um livre de Batxi, Steven Vitória subiu até à entrada da área e, sem oposição, cabeceou em balão para as redes de Adán. Balde de água fria em Alvalade, mas ainda vinha aí um balde de gelo. Apenas três minutos depois, Kevin Pina lança Juninho que arranca em velocidade e volta a bater Adán que desta vez não ficou tão bem na fotografia. O lance ainda foi analisado pelo VAR, mas acabou por ser confirmado.

Dois golos que deixavam transparecer um Sporting perdido em campo, a procurar arrancar para a frente, mas a deixar uma verdadeira autoestrada para a baliza de Adán. Guima passou mesmo pela via verde e esteve muito perto de fazer o terceiro.

Os leões multiplicavam-se em ataques junto à baliza de Paulo Vítor, mas continuavam a faltar centímetros. Rochinha até tentou de cabeça, a cruzamento de Trincão, mas sem a melhor direção. Ruben Amorim ainda mudou a equipa, com as entradas de St. Juste e Rodrigo Ribeiro, lançando Coates para ponta de lança, mas nesta altura os transmontanos estavam determinados a agarrar uma noite histórica em Alvalade.

Os leões ainda carregaram com tudo o que tinham, mas a verdade é que o jogo acabou com Patrick a desperdiçar o terceiro golo dos flavienses.

Ruben Amorim, com muitos assobios em Alvalade, vai ter uma semana, ou mesmo uma época, muito difícil pela frente.

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